segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Preço já diminui demanda por álcool

Apesar do aumento na frota flex, vendas do combustível permaneceram estáveis no centro-sul em novembro

De olho no mercado externo, produtores avaliam possibilidade de recorrer à OMC contra subsídio nos EUA


TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

A alta nos preços do álcool está provocando uma desaceleração na demanda pelo hidratado, aquele que abastece os carros diretamente.
Na segunda quinzena de novembro, foram vendidos 712 milhões de litros de álcool hidratado na região centro-sul (Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil), segundo a Unica (União da Indústria de Cana).
O volume ficou praticamente estável em relação aos 707 milhões de litros do mesmo período de 2009, apesar da entrada de 2,5 milhões de veículos flex no mercado somente neste ano, segundo dados da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos automotores).
No mês passado, o preço médio do etanol foi R$°1,75 por litro em todo o país, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Em novembro de 2009, o litro era vendido a R$ 1,69, em média -a alta foi de 3,6%. Já o preço da gasolina subiu 1,6%, de R$ 2,54 por litro, em novembro de 2009, para R$ 2,58 no último mês.
"Fora de São Paulo, o etanol perde competitividade", admite Antonio de Pádua Rodrigues, diretor da Unica. Quanto mais distante dos polos produtores, mais caro o combustível chega ao consumidor, devido principalmente aos gastos com logística.
No acumulado de abril, quando teve início a comercialização desta safra, até o final da segunda quinzena de novembro, as vendas de etanol -anidro e hidratado- somaram 17,75 bilhões de litros, queda de 3,8% ante o mesmo período de 2009.
Até 1º de dezembro, 543,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar foram processadas na região centro-sul -responsável por 60% da produção nacional-, crescimento de 8,8% em relação a igual período de 2009.
A expectativa da Unica era de que a safra 2010/11 de cana atingisse 560 milhões de toneladas, mas Pádua acredita ser difícil atingir o número até o final deste ano. A estiagem prejudicou a produtividade no campo. "Desde maio perdemos 50 milhões de toneladas", disse.
Já o rendimento industrial melhorou neste ano, graças à maior concentração de açúcar na cana. Até o início de dezembro, a produção de açúcar subiu 20% no centro-sul, para 33 milhões de toneladas, enquanto a de etanol total avançou 14%, para 24,7 bilhões de litros.

DISPUTA COMERCIAL
À espera do final da tramitação da lei que prorroga os subsídios à produção de etanol nos Estados Unidos, a Unica reafirmou a intenção de levar o caso à Organização Mundial do Comércio. A decisão deve sair no início do próximo ano.
"Chegamos ao esgotamento de todas as opções. Está na hora de pensar em uma apelação maior que envolve um litígio com os EUA", disse Joel Velasco, representante da Unica em Washington.
Fonte: Folha On Line

Nenhum comentário:

Postar um comentário