Silvia Fregoni, Ivo Ribeiro, João Villaverde e Assis Moreira | De São Paulo e Genebra
06/12/2010
As companhias abertas estão abarrotadas de dinheiro. Seu caixa está crescendo a uma velocidade superior ao das dívidas e alcançou R$ 237,5 bilhões em setembro, segundo o Valor Data. Sem considerar Petrobras e Vale, o caixa atingiu R$ 173,2 bilhões, com expansão de 30% em 12 meses e de 38% em relação ao terceiro trimestre de 2008, que foi marcado por um excelente desempenho, interrompido a seguir pela crise mundial.
Outro levantamento, feito pelo economista Geraldo Biasoto, presidente da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap) com os balanços do terceiro trimestre de 193 empresas não financeiras na bolsa, mostra que as companhias industriais estão menos endividadas hoje do que estavam no pré-crise. Alexandre Espírito Santo, economista da Way Investimentos, diz que um caixa forte é confortável para a empresa e os acionistas em épocas de crise, como a que o mundo tenta superar agora. Além disso, ele deixa as companhias preparadas para aproveitar oportunidades de negócios. "Quando o mercado internacional voltar a crescer, os investimentos vão se acelerar e as companhias brasileiras estarão prontas para isso".
O lado ruim da moeda são os questionamentos sobre a gestão do dinheiro pelas empresas. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) vive um problema: o que fazer com R$ 11,9 bilhões em caixa, algo como 30% de seu ativo total, o que daria para pagar duas vezes todo o passivo de curto prazo. Um alto executivo da empresa diz que um caminho seria a distribuição extraordinária de dividendos. Um outro, que a CSN persegue, é a compra de ativos, que não está fácil de se concretizar. O ideal, segundo Alexandre Póvoa, sócio da Modal Asset Management, é a empresa distribuir o caixa na forma de dividendos e, na hora de uma boa oportunidade, tomar dívida.
O desempenho brasileiro se destaca em um panorama de crise global. O banco HSBC estima que o lucro das empresas no mundo poderá cair mais de 60% em 2011, comparado a este ano, mas a expectativa é de as companhias brasileiras repetirem a alta de 15% prevista para 2010 e se saírem melhor que as da China, Índia e Rússia.
Fonte: Valor On Line.
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