quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Cerradinho prepara-se para nova onda de investimentos

Agroenergia: Com caixa após operação com Noble, empresa aposta em GO

Fabiana Batista | De São Paulo
22/12/2010
Sérgio Zacchi


João Nogueira Batista, conselheiro da Cerradinho, diz que plano é investir R$ 1,38 bilhão em horizonte de sete anos.
Após vender suas duas usinas paulistas para a trading asiática Noble Grouppor R$ 600 milhões mais repasse de R$ 1 bilhão em dívidas, a Cerradinho Holdingse prepara para retomar os investimentos iniciados antes da crise, entre 2006 e 2007, na produção de etanol e de energia em sua unidade no Centro-Oeste do Brasil.
Já em 2011, quando estará menos endividada e com dinheiro em caixa, a empresa pretende tirar da gaveta dois projetos estratégicos para a nova fronteira da cana e, com eles, retornar aos mesmos patamares de ativos anteriores à venda para a trading asiática.
O plano, explica João Nogueira Batista, conselheiro da Cerradinho Holding, é investir R$ 1,38 bilhão em um horizonte de sete anos. O primeiro passo é ampliar a capacidade da usina já em operação, a Unidade Porto das Águas, localizada na cidade goiana de Chapadão do Céu. O segundo, mais no médio prazo, é construir na mesma localidade uma nova usina a partir do zero.
"O 'business plan', que deve ser financiado em 60% com recursos de terceiros, inclui ainda aportes de R$ 230 milhões em manutenção da operação ao longo desses sete anos", acrescenta Nogueira. No plano final, o complexo goiano deverá atingir na safra 2017/18 uma capacidade de moagem de cana de 9,6 milhões de toneladas.
A ideia é dar início ao projeto já em 2011 com a expansão da Porto das Águas para 4,8 milhões de toneladas de capacidade, ante as atuais 3,3 milhões de toneladas. Inaugurada em 2009, essa usina deve receber investimentos de cerca de R$ 200 milhões para operar com capacidade total em 2014/15.
"São investimentos muito competitivos, pois aplica-se pouco recurso para o aumento de capacidade. O valor, que contempla os projetos industrial e agrícola, pode ainda ser reduzido se for usada cana-de-açúcar de terceiros", diz Nogueira.
O executivo, que liderou o processo de venda da Cerradinho nos últimos 12 meses - incluindo a virada nas negociações da BPpara a Noble - afirma que a segunda fase da expansão será a construção de uma outra unidade, que também estava na gaveta.
A futura planta, que já tem terreno próprio, deve demandar aportes de R$ 950 milhões para processar 4,8 milhões de toneladas de cana. O plano inicial é começar sua construção em 2015/16 e concluir em 2017/18. Os dois projetos contemplarão cogeração de energia com bagaço de cana. A usina Porto das Águas (GO) já tem capacidade para cogerar 70 megawatts hora (MWh)de energia e, com a ampliação vai para 120 MWh. O novo greenfield vai elevar essa produção para 240 MWh.
Nogueira explica que a ideia de investir no Centro-Oeste já existia por parte da Cerradinho, mas a condição para retomar esse projeto só foi criada agora. A empresa tinha três usinas sucroalcooleiras e uma dívida de R$ 1,3 bilhão. Após negociações de quase seis meses com a BP (ex-British Petroleum) para vender 50% das três unidades, a empresa resolveu, em três a quatro dias, fechar o negócio com a trading de Hong Kong, que praticamente dobrou sua participação em processamento de cana.
Além da usina Porto das Águas, também ficou de fora da operação com a Noble o terminal de transbordo ferroviário Porto das Águas.
Fonte: Valor OnLine.

Guaricanga aprova plano de recuperação


Mauro Zanatta | De Brasília
22/12/2010

A Destilaria Guaricanga, usina com sede em Presidente Alves (SP), conseguiu a aprovação dos principais credores ao seu plano de recuperação judicial.
A assembleia geral de credores, ocorrida na última sexta em Pirajuí, obteve um acordo global para renegociar R$ 61 milhões do passivo do grupo, controlado pela família do falecido deputado João Herrmann Neto. Desde agosto em recuperação judicial, a empresa estava com todas as ações de execução suspensas. A aprovação permitirá a venda de ativos da Guaricanga. Os sócios devem iniciar nesta semana as negociações com outras duas usinas, uma delas recém-saída da recuperação judicial, para a venda das instalações industriais e de parte das lavouras de cana.
"Vamos sentar para analisar as propostas pela empresa", diz o advogado Euclides Ribeiro Júnior, da ERS Consultoria. "A Guaricanga precisa de R$ 70 milhões em investimentos para voltar a produzir. Mas ela vale mais de R$ 110 milhões hoje". A aprovação dos credores prevê uma "cláusula de validade" até 15 de abril de 2012 para o caso de haver a venda da destilaria.
O acordo obteve a quase unanimidade dos credores. "Aprovamos com 99,8%. Foi algo inédito", segundo o advogado. Apenas um produtor deixou de avalizar o texto. A venda de uma fazenda será destinada a saldar os débitos trabalhistas (15%), industriais (35%) e dos produtores de cana (50%).
Pelo acordo, os produtores de cana devem receber em parcelas mensais ao longo cinco anos com um ano de carência. As distribuidoras de combustíveis deram um desconto de 33% na dívida para receber em três anos com um de carência. E parte dos 800 trabalhadores, cujo salário for limitado a R$ 2,7 mil, terão as dívidas quitadas em 40 dias após a homologação do resultado da assembleia.
A Guaricanga terá, segundo o acordo, seis meses para voltar a processar cana. Além disso, até 15 de dezembro de 2011, terá que comprovar a moagem mínima de 600 mil toneladas de cana.
Fonte: Valor On Line.

Amyris lança primeira usina de óleo verde


Fernando Teixeira | De São Paulo
22/12/2010
Claudio Belli/Valor

 
Fábio Venturelli, da São Martinho, e John Melo, da Amyris: joint venture para processar 2 milhões de toneladas de cana


A Amyris, empresa de biotecnologia com sede na Califórnia, deu início às obras da sua primeira unidade industrial no Brasil, uma usina de processamento de cana em Pradópolis (SP). Fruto de uma joint venture com o grupo nacional São Martinho, a usina terá capacidade para processar 2 milhões de toneladas de cana para fabricar farneceno, uma matéria prima que pode se transformar em plástico, borracha, detergente, querosene de aviação ou ser usada como diesel - entre outras aplicações.
Foram definidos também os planos da empresa americana para chegar a 2014 produzindo a 600 milhões de litros do derivado de cana - a maior parte em contratos de licenciamento para os grupos Cosan, Bungee Açúcar Guarani.
A joint venture entre São Martinho e Amyris foi anunciada no fim do ano passado, envolvendo um investimento de cerca de US$ 50 milhões na nova usina - que terá participação de meio a meio entre os dois grupos. A unidade deve começar a produzir no segundo trimestre de 2012 com capacidade para 20 milhões de litros, que irá subindo até atingir 100 milhões de litros em 2014 - quando então processará 2 milhões de toneladas de cana. A obra da usina foi contratada à Cnec WorleyParsons- antiga divisão de engenharia da Camargo Corrêa.
Segundo o CEO da Amyris, John Melo, pelos contratos de venda já assinados, a produção iniciada agora tem demanda garantida pelos próximos quatro anos. A Proctor & Gambledeve comprar farneceno para produzir sabões e detergentes, e aM&G, dona de uma fábrica de garrafas PET em Suape (PE), vai passar a usar a matéria-prima verde em parte da produção. A Shellestá interessada no diesel, e a petrolífera francesa Total, dona de 22% da Amyris, vai desenvolver uma linha de lubrificantes automotivos - além de ter interesse no próprio diesel.
Segundo John Melo, a demanda cresce à frente da produção, e o desafio é fazer a oferta atender a procura. Eles estão trabalhando no momento com a companhia aérea Azul e a General Eletric para produzir querosene de aviação no país. A sua previsão de longo prazo é de que o mundo pode chegar a 2020 com uma produção de químicos derivados de cana que consumirão o equivalente a 100 milhões de toneladas de cana - o que corresponderá, então, a 10% da produção da gramínea.
Segundo Fábio Venturelli, CEO da São Martinho, a sua empresa fornecerá à Amyres o caldo da cana, a matéria prima do farneceno, e ajudar a viabilizar a escala industrial da produção - a gestão da usina será compartilhada. A americana vai entrar com a tecnologia de fermentação e se responsabilizará pela comercialização .
De acordo com o CEO da Amyris, o foco inicial da produção será no farneceno para uso na indústria química, deixando a produção de combustível para uma segunda fase. Hoje, o preço de mercado do farneceno é de US$ 20 a US$ 25 o litro, mas a produção é muito pequena. Uma das poucas usinas que o fazem nos EUA o vende por US$ 50 o litro, diz o executivo. A ideia, contudo, não é vendê-lo a esse preço. Uma vez conquistada a escala, o valor tenderá a cair, abrindo espaço para sua produção para outros usos - como combustível.
Contratos de licenciamento assinados este ano devem levar duas usinas do mesmo tipo da São Martinho para a Cosan, duas para a Bunge e uma para a Guarani. A expectativa é inaugurar duas unidades por ano até 2014. 

Fonte: Valor on Line.

Um alerta sobre bolha no crédito


Alex Ribeiro | De Washington
22/12/2010


O crédito bancário cresce acima da média histórica no Brasil e isso exige que os bancos brasileiros tenham um colchão de capital maior para enfrentar incertezas e cobrir eventuais perdas quando a economia desacelerar. É o que recomenda o Comitê de Basileia em documento sobre regras prudenciais para evitar nova crise bancária mundial. O Comitê examinou o crédito nas 26 principais economias do mundo e concluiu que o Brasil é um dos países com maior aquecimento no mercado de crédito, junto com Coreia do Sul e Cingapura.
Se a recomendação do Comitê for obedecida ao pé da letra, o Brasil terá de impor uma exigência extra de capital aos bancos equivalente a 2,5% dos ativos ponderados pelo risco. Hoje, o padrão internacional é de 8% e, no Brasil, de 11%, valores que estão sendo revistos.
O documento adiciona mais um ingrediente ao debate sobre o eventual superaquecimento do mercado de crédito no Brasil, que poderia levar à criação de bolhas. Nos últimos cinco anos, o crédito bancário ao setor privado saltou de 26,6% do PIB para 45,3%.
Segundo o Comitê , cabe a cada país fazer um exame de sua realidade para determinar o volume de capital para lidar com riscos cíclicos, mas usando os cálculos do Comitê como ponto de partida. O Banco Central do Brasil entende que a metodologia do Comitê não é suficiente para analisar um mercado de crédito que passa por transformação estrutural, como o brasileiro.
O Comitê de Basileia é um organismo que cria regras para manter a solidez do sistema bancário mundial. Era um clube restrito aos países ricos até que a crise bancária levou à admissão de novos sócios, incluindo o Brasil. Nos últimos anos, a instituição discute novas regras para fortalecer o sistema bancário, conhecidas como Acordo de Basileia 3. Os acordos anteriores, Basileia 1 e Basileia 2, não foram suficientes para evitar que os bancos assumissem riscos excessivos que levaram à crise. Em geral, os bancos expandem muito o crédito quando as economias crescem e acabam negligenciando os riscos da desaceleração.
Na quinta-feira, o Comitê divulgou documento que aponta quanto o crédito em cada país está aquecido, para então determinar o capital extra que os países deverão manter para enfrentar o risco de recessão. No caso brasileiro, em 2009 o volume de crédito estava cerca de 14% do PIB acima do que era de se esperar se os empréstimos seguissem sua tendência histórica.
Fonte: Valor On Line.

Donos da Cerradinho vão receber R$ 600 milhões por usinas em SP


A venda de duas usinas do Grupo Cerradinho para a trading asiática Noble, por cerca de R$ 1,6 bilhão (US$ 950 milhões), selada no último dia 14, vai render à família Fernandes, proprietária da Cerradinho, cerca de R$ 600 milhões. 'O R$ 1 bilhão restante refere-se às dívidas destas unidades que serão assumidas pela Noble com a compra das duas usinas', informa João Nogueira, membro do Conselho de Administração da Cerradinho.
Da dívida total do Grupo Cerradinho, de R$ 1,3 bilhão, os R$ 300 milhões restantes são relativos a outros ativos não envolvidos na negociação com a Noble.
Os ativos comprados pela Noble são as duas usinas paulistas da Cerradinho - a Usina Catanduva e a Usina Potirendaba -, além da cana-de-açúcar plantada na área da usina. As terras onde a cana está plantada não entraram na negociação. As duas usinas possuem capacidade de moagem de 8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. A Cerradinho fica com a Usina Porto das Águas, localizada em Chapadão do Céu, em Goiás, e com a Cerradinho Floresta, responsável pela administração das terras e de outras atividades ligadas ao agronegócio.
A Noble pagou cerca de US$ 120 por tonelada de cana pelas duas usinas, um dos preços mais elevados desembolsados recentemente por ativos do setor sucroalcooleiro. As duas usinas produzem em conjunto 600 mil toneladas de açúcar e 300 milhões de litros de etanol por ano, além mais de 300 mil megawatt/hora de bioeletricidade com a queima do bagaço de cana. Segundo Nogueira, o maior preço deve-se à melhora das perspectivas de risco no médio prazo para o açúcar, que está com cotações elevadas, e também em função das sinergias esperadas pela Noble, que possui outras duas usinas a cerca de 75 quilômetros de distância das duas unidades adquiridas da Cerradinho, criando um cluster de produção.
Segundo o executivo, a dívida total do grupo já estava reestruturada com o Banco Santander para ser paga em até sete anos, com dois de carência. Agora, a Noble vai adaptar o fluxo da dívida ao seu próprio cronograma e ajustes podem ser feitos.
Busca por parceiro. Nogueira afirma que a ideia original era de encontrar um parceiro que ficasse com até 30% do grupo todo ou 50% da Usina Porto das Águas, em Goiás. 'A BP propôs uma estratégia de adquirir 50% do grupo, que levou a Cerradinho a mudar de ideia e pensar em novas formas de negociação', conta,
A negociação com a BP, no entanto, se encerrou em dezembro, com a negativa da família Fernandes. Segundo fontes do mercado, a BP teria alterado sua proposta final de compra depois de quatro meses de análises.
A negociação com a Noble aconteceu de 11 a 14 de dezembro. Como não houve tempo para a realização de uma due diligence (análise dos ativos) realizada pela Noble na Cerradinho, este processo será realizado a partir de agora, através de um 'due diligence confirmatório'. Após este período, que deve se encerrar em fevereiro próximo, o contrato final deve ser fechado. Nogueira, porém, afirma que a venda já está efetivada.
Fonte: O Estado de S. Paulo.

Sermatec Zanini lança Caldeira ZS - Zanini Sermatec® e comemora venda para exportação


A Sermatec Zanini®, tradicional fornecedora do setor sucroenergético, implantou desde junho de 2010, o departamento de engenharia  de caldeiras de alta e média pressão com profissionais altamente capacitados, liderada pelo engenheiro Guilherme Antoneli, profissional com experiência de 19 anos em geradores de vapor, responsável por mais de 150 projetos em operação. De acordo com Guilherme Antoneli os projetos das Caldeiras ZS – Zanini Sermatec® agregam as melhores concepções tecnológicas de caldeiras disponíveis no mercado.

A decisão estratégica da companhia de agregar engenharia própria  foi o fator essencial tornar a Sermatec Zanini® a única empresa da América Latina capaz de fornecer projetos chave-na-mão, ou seja, projeto (engenharia), fabricação, montagem, elétrica e automação, retrofit e repotenciamento, assistência técnica, comissionamento e posta em marcha, treinamento em operação e manutenção.
“A solução turn-key permite ao cliente maior segurança e agilidade, além  da confiabilidade e facilidade em administrar apenas um fornecedor”, pontua Antoneli.

          O lançamento das Caldeiras ZS – Zanini Sermatec®, durante a Fenasucro 2010 é resultado da união de forças de duas empresas, a Zanini - fundada há 60 anos e a Sermatec.


                                          Exportação e Vendas

          Após a feira a empresa comemora a venda da 537ª Caldeira ZS, um projeto inovador para exportação que permite a queima de dois tipos de combustíveis: bagaço da cana-de-açúcar e óleo diesel. No pacote estão inclusos serviços de partes elétricas, instrumentação e automação da caldeira.
Este fornecimento representa mais um marco na trajetória da Sermatec Zanini®, pois totaliza 50 projetos de caldeiras de média e alta pressão fornecidos para diversos países da América Central, América do Sul e África.

Outra novidade apresentada na feira foi o novo sistema de gestão praticado na empresa, o sistema de caixa por contrato, que permite ao cliente total transparência na aplicação de recursos dos contratos e têm demonstrado maior agilidade e prazos de entrega reduzidos.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Noble compra por R$ 1,6 bi duas usinas da Cerradinho


Fabiana Batista | De São Paulo
16/12/2010

O Grupo Cerradinho, de Catanduva (SP), assinou na madrugada de terça-feira a venda de suas duas usinas em São Paulo para a trading Noble Group, de Hong Kong. O negócio foi considerado uma das mais surpreendentes e rápidas reviravoltas já vistas em fusões e aquisições no setor sucroalcooleiro. Pelas duas unidades - com capacidade conjunta para moer 7,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar -, a trading asiática pagou R$ 600 milhões e ainda assumiu dívida de R$ 1 bilhão.
Outros R$ 300 milhões em débitos do Grupo Cerradinho foram transferidos para a unidade industrial Porto das Águas, de Goiás, que ficará com os atuais acionistas da holding Cerradinho, a família Sanches.
A trading de Hong Kong entrou na negociação no sábado, um dia após ter acabado o prazo de exclusividade da BP. Segundo apurou o Valor, a petroleira foi descartada porque nos últimos momentos da negociação começou a pressionar por alterações nas condições já definidas em acordo.
A estrutura do negócio com a Noble começou a ser desenhada no sábado. A Cerradinho, que já não podia iniciar uma negociação da estaca zero, decidiu assumir no contrato com os asíáticos o risco de contingência passada, ou seja, a Noble realizará uma "due diligence" para confirmar a transação durante os próximos meses. Ontem, os executivos da Noble já começaram a assumir o controle da empresa e negociaram diretamente com credores da Cerradinho, durante reunião realizada em São Paulo.
Fonte: Valor On Line

Noble desbanca BP e leva Cerradinho em SP

Agroenergia: Com a aquisição, trading asiática desponta como um dos principais players do setor no Brasil

Fabiana Batista | De São Paulo
16/12/2010

O Grupo Cerradinho de açúcar e álcool, de Catanduva (SP), assinou na madrugada de segunda para terça-feira a venda de 100% de suas duas usinas de São Paulo para a trading Noble Group, de Hong Kong. O negócio significou uma das mais surpreendentes e rápidas reviravoltas já vistas em fusões e aquisições no segmento sucroalcooleiro, uma vez que até sexta-feira, dia 10, as negociações giravam exclusivamente em torno da BP (ex-British Petroleum). O Valorapurou que pelas duas unidades, a trading asiática pagou R$ 600 milhões mais assunção de dívidas de R$ 1 bilhão.
Outros R$ 300 milhões de débitos do grupo foram transferidos para a unidade industrial Porto das Águas (GO), que ficará com os atuais acionistas da holding Cerradinho, a família Sanches.
A negociação com a Noble foi uma das mais rápidas da história, segundo fontes presentes na reunião de credores realizada ontem em São Paulo. A trading de Hong Kong entrou na negociação no último sábado, um dia após ter acabado o prazo de exclusividade com a BP. Segundo apurou o Valor, a petroleira foi descartada porque nos últimos momentos da negociação começou a pressionar por alterações em condições já definidas.
A atual estrutura com a Noble começou a ser desenhada no fim de semana. A Cerradinho, que já não podia iniciar uma negociação do zero, decidiu assumir no contrato o risco de contingência passada, ou seja, a Noble ainda fará uma due diligence confirmativa nas próximas semanas. Por ter capital aberto em bolsa de valores (Cingapura), a Noble precisará aprovar formalmente a decisão no seu conselho de administração.
O negócio já foi respaldado no comitê executivo da companhia asiática. Ontem, os executivos da Noble já começaram a assumir o controle e negociaram diretamente na reunião de credores.
As três usinas do grupo somam capacidade para moer 10,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. As duas unidades paulistas que foram vendidas integralmente para a Noble têm juntas 7,6 milhões de toneladas de capacidade de cana - usina Catanduva com 4 milhões de toneladas e a Potirendaba, com 3,6 milhões de toneladas.
Com essa aquisição, a Noble desponta como um dos mais importantes players de açúcar e etanol do país. A trading já tem duas usinas em São Paulo a 75 quilômetros das usinas da Cerradinho: a Noroeste Paulista, em Sebastianópolis do Sul, e a usina Meridiano, em Votuporanga. As duas moeram juntas nesta safra cerca de 4 milhões de toneladas de cana, mas quando estiverem com capacidade plena, vão processar entre 9 e 10 milhões de toneladas.
A família Sanches, agora capitalizada com R$ 600 milhões, deve avançar em seu projeto em Goiás. A usina Porto das Águas, que fica com a família, tem capacidade para moer 3,3 milhões de toneladas.
Já a BP continua resumindo sua presença no setor à uma participação de 50% na usina Tropical, em Edea (GO), juntamente com a francesa Louis Dreyfuse o grupo Maeda(Arion Capital),.
O plano da BP era comprar 50% das três usinas da Cerradinho por R$ 800 milhões mais incorporação da dívida total, R$ 1,3 bilhão. A petroleira tinha assinado um memorando de entendimentos com o grupo paulista em agosto deste ano. Desde então, vinha sendo realizadas due diligences pela BP, processo que levou meses e o trabalho de mais de dez consultorias especializada em auditoria.
Mas a pressão por alterar condições na última hora fez a Cerradinho partir para o plano "B". Há ainda informações de que houve interferência permanente da cúpula da BP de Londres, o que teria causado também uma "perda de controle" por parte dos executivos no Brasil. Procurada, a BP informou por sua assessoria que não comenta especulações. O grupo Cerradinho e a Noble foram procurados, mas também não comentaram.

Fonte: Valor On Line

Venda de combustíveis deve bater recorde no ano


Juliana Ennes | Do Rio
16/12/2010

A venda de combustíveis no país deve bater recorde em 2010. De acordo com estimativa realizada pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), o volume de combustíveis que saem de distribuidoras deve chegar a 108 bilhões de litros, um crescimento de 9,5% sobre o registrado no ano passado. Foi a primeira vez que as vendas passaram dos 100 bilhões de litros. A expectativa, no entanto, é de que no ano que vem as vendas não mantenham o mesmo ritmo de crescimento, de acordo com o vice-presidente do Sindicom, Alísio Vaz.
A maior parte dos 108 bilhões de litros vendidos foi de diesel, que teve recorde de vendas, representando 45,9% do total. O aumento do diesel em relação ao ano anterior foi de 12,2%.
A gasolina, cujas vendas também bateram recorde, representou 27,9% do total. Já o etanol hidratado, que já havia registrado recorde no ano passado, representou 13,7% do total de combustíveis. O GNV representou 1,9% do total, após queda das vendas de 4,2%.
Fonte: Valor On Line

Noble Group paga US$ 1 bilhão por usinas da Cerradinho em São Paulo


Grupo de Hong Kong disputou os ativos da Cerradinho com a britânica BP e a brasileira Cosan; aquisição marca mais um avanço das empresas estrangeiras no setor
15 de dezembro de 2010 | 23h 00


Melina Costa, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Foi fechado na madrugada de quarta-feira um acordo para a venda da operação de São Paulo da empresa de açúcar e álcool Cerradinho para o Noble Group, um dos maiores negociantes de commodities do mundo, com sede em Hong Kong. O valor do negócio, entre aporte de dinheiro e assunção de dívida, ficou em quase US$ 1 bilhão. Procuradas pelo Estado, as empresas não se manifestaram.
Oficialmente, o acordo ainda precisa passar pela aprovação dos conselhos de administração tanto da Noble como da Cerradinho, o que deve acontecer no início da próxima semana. A chance de o negócio não ser aprovado nessas reuniões, porém, é pequena. O conselho da Cerradinho é formado, basicamente, por integrantes da família Fernandes, os controladores da empresa que já assinaram o acordo com a Noble. No caso da companhia de Hong Kong, um dos comitês do conselho já deu sua aprovação preliminar. Na tarde de ontem, executivos da Cerradinho entraram em contato com os credores da empresa para comunicar o desfecho do negócio.
De acordo com o que foi acertado, o Noble Group ficará com duas usinas em São Paulo, nos municípios de Catanduva e Potirendaba. A capacidade de moagem conjunta é de 8 milhões de toneladas de cana de açúcar por ano. As unidades também utilizam o bagaço de cana em um processo de cogeração de energia.
A usina Porto das Águas, no município de Chapadão do Céu, em Goiás, com capacidade de moagem de 3,3 milhões de toneladas por ano, continuará sob o controle dos Fernandes. As terras onde estão as plantações de cana que abastecem as usinas de São Paulo também continuam como propriedade da família.
Histórico
A Cerradinho procura um sócio desde o início do ano. Durante os últimos quatro meses, a empresa negociou apenas com a British Petroleum (BP) na intenção de formar uma joint venture. Mas, na última sexta-feira, assim que o prazo de exclusividade se encerrou, novos competidores entraram na disputa. As conversas com a Cosan, líder no setor sucroalcooleiro, e com o Noble Group começaram já no final de semana.
Até a noite de quarta, a família Fernandes ainda analisava três possibilidades. A primeira era a venda de 50% do capital da Cerradinho para a BP, a segunda era a venda de 100% do capital para a Cosan e a terceira era a proposta de venda da operação do Estado de São Paulo para o Noble Group. Essa última alternativa foi a que mais agradou à matriarca dos Fernandes, já que a família mantém sua participação no setor sucroalcooleiro. E, ao contrário do que aconteceu com a BP, as negociações foram rápidas. O contrato vinculante de venda das usinas foi assinado perto da 1 hora da manhã.
Queda e ascensão
Depois de enfrentar problemas durante a crise financeira global, o setor sucroalcooleiro tem atraído uma série de investidores estrangeiros. No início do mês, a trading suíça Glencore adquiriu o controle da usina Rio Vermelho. A Bunge adquiriu a Moema e a Louis Dreyfus Commodities entrou na Santelisa Vale.
Além das tradings, os grupos de petróleo também aumentaram sua participação. A Shell criou uma gigante ao se associar com a Cosan, a BP tem uma participação da usina Tropical e a Petrobrás se associou à francesa Tereos (Guarani) e à São Martinho. Como parte do mesmo movimento, a indiana Shree Renuka Sugars, produtora de açúcar, comprou a Vale do Ivaí e parte da Equipav e agora negocia a compra da usina da Cooperativa Agroindustrial Corol, no Paraná.
Diversificação
Em 2007, 0 Noble Group escolheu o Brasil como destino prioritário de recursos. Com receita superior a US$ 30 bilhões, o grupo tem diversificado sua atuação no País por meio de investimentos nas áreas de combustíveis e logística. Em outubro, a companhia inaugurou um terminal de exportação de açúcar e grãos no Porto de Santos.
Entre seus investimentos no grupo no País estão usinas de álcool em São Paulo, uma processadora de café em Minas Gerais e armazéns nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sul. A empresa atualmente constrói uma esmagadora de soja para produção de biodiesel em Mato Grosso, que deverá entrar em operação em 2012.
Fonte: O Estado de S. Paulo

Cosan e Amyris formam joint venture para produção de óleos básicos


Brasil Econômico   (redacao@brasileconomico.com.br)
16/12/10 07:49


Estes óleos básicos são concebidos para reduzir a fumaça e o odor e também as emissões de gases de efeito estufa
A Cosan e a Amyris firmaram acordo para a criação de uma joint venture destinada a desenvolver, produzir e comercializar mundialmente óleos básicos renováveis.
Inicialmente, a joint venture vai obter a matéria-prima, chamada de farneseno, de outras instalações de produção da Amyris e as duas companhias vão dividir os custos operacionais e de marketing.
Os óleos básicos formam a estrutura dos óleos lubrificantes, atualmente derivados de uma combinação de frações do processo de refino do óleo cru.
A joint venture entre a Cosan e a Amyris pretende usar a cana-de-açúcar como matéria-prima em um processo de fermentação padrão pelo qual a levedura modificada da Amyris converte o caldo de cana em farneseno.
Estes óleos básicos são concebidos para reduzir a fumaça e o odor e também as emissões de gases de efeito estufa em mais de 80%, em comparação aos óleos baseados em petróleo.
Fonte: Brasil Econômico

EUA mantêm tarifas contra o etanol


Senado aprova pacote que estende subsídio ao álcool local feito com milho e imposto que taxa produto brasileiro

Governo teve que ceder a exigências feitas pelos republicanos para aprovar a medida, que protege o mercado

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON


O Senado americano aprovou ontem por 81 votos a 19 um pacote de medidas que inclui a extensão nos níveis atuais da tarifa e dos subsídios ao álcool nos EUA.
A medida está inserida em um pacote de acordo majoritariamente sobre cortes de impostos e vai agora para votação na Câmara. Se passar nessa Casa -o que tende a acontecer-, as taxas que há décadas limitam o mercado americano ao álcool brasileiro estarão mantidas por ao menos mais um ano.
Entre elas estão a tarifa de US$ 0,54 por galão para importação de álcool e o subsídio de US$ 0,45 por galão para o produto misturado à gasolina.
O setor da cana-de-açúcar brasileiro -matéria-prima do álcool nacional- está cada vez mais disposto a resolver a questão com um litígio internacional contra os EUA.
"A decisão do Senado obviamente nos desagrada, e tudo indica que a Câmara vai adotar o texto como está", disse à Folha Joel Velasco, representante da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) nos EUA.
"Mas os dias do subsídio e das tarifas distorcidas estão contados. Ou porque expiram ano que vem -e no novo Congresso as posições antigastos serão mais fortes- ou porque usaremos instrumentos de direito internacional."
O grupo conversa há meses com o governo brasileiro sobre um possível painel na Organização Mundial do Comércio sobre a situação do álcool nos EUA. Segundo Velasco, um pedido formal da Unica a Brasília sobre o litígio deverá ser feito nas próximas semanas.
Os exportadores brasileiros também recebem o subsídio americano, mas devido ao valor da tarifa há uma barreira comercial de US$ 0,09 ao produto.
Em 2009, o Brasil exportou cerca de 72 milhões de galões de álcool aos EUA. O país produz aproximadamente 6 bilhões de galões ao ano, perdendo no mundo só para os americanos, com 12 bilhões.
Representantes de setores ambientais, de carne e antigastos dos EUA também criticaram a passagem da medida. A renovação dos subsídios custará entre US$ 4,9 bilhões e US$ 6 bilhões.
Mas congressistas ligados aos produtores de milho americano (origem do álcool local) celebraram. "Essa lei estende 51 incentivos fiscais diferentes", disse o senador Chuck Grassley (republicano de Iowa). "Esses incentivos vêm sendo renovados porque são úteis na criação de atividade econômica."

IMPOSTOS
As chances de fracasso do pacote na Câmara são baixas, apesar de haver mais oposição lá devido às cláusulas sobre impostos.
Fruto de acordo entre a Casa Branca e os republicanos, as medidas estendem por dois anos as faixas e descontos atuais no Imposto de Renda, inclusive para os americanos que ganham mais de US$ 200 mil ao ano.
Obama cedeu a exigências republicanas em troca de concessões como o prolongamento por 13 meses do seguro-desemprego.
Fonte: Folha On Line

Decisão vai retardar ainda mais investimentos no Brasil



MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA

A manutenção do subsídio ao álcool nos Estados Unidos não tem grande importância para o mercado brasileiro no curto prazo.
A demanda brasileira por álcool cresce constantemente devido ao aumento da frota flex e o país não consegue nem manter estoques suficientes para uma estabilização de mercado.
É o que ocorreu neste ano. A moagem de cana ficou abaixo do que se previa, as usinas anteciparam a alta nos preços do álcool e os consumidores vão optar mais cedo pela gasolina.
O problema é a distorção que esses subsídios norte-americanos provocam no mercado mundial. E, por isso, o Brasil deve insistir para que acabem.
Graças a esses subsídios, os EUA passaram de importadores a exportadores de álcool, inclusive para o Brasil. Já o Brasil, com oferta menor e câmbio desfavorável, praticamente não exportará álcool carburante neste ano.
O lado positivo é que a própria sociedade norte-americana, principalmente as indústrias que utilizam subprodutos de milho, está contra a prorrogação dos subsídios. Ou seja, ela pode estar com os dias contados e não ocorrer novamente.
Mas há um ponto muito ruim para o Brasil nessa decisão norte-americana de prorrogar os subsídios: retardará ainda mais os investimentos no setor, tanto os das usinas como os de infraestrutura, como o alcooduto e portos de saídas do produto.
Além disso, a distorção dos subsídios norte-americanos retarda a criação do álcool-commodity.]
Fonte: Folha On Line

Sinônimo de crise humanitária, Sudão atrai brasileiros


África: Setor agrícola é o que mais busca negócios no país, que vive expectativa de uma possível divisão
Marcos de Moura e Souza | De São Paulo
13/12/2010

À primeira vista, o Sudão parece um lugar inóspito para os negócios. Seu presidente é procurado pelo Tribunal Penal Internacional sob acusação de genocídio; mais de um 1,5 milhão de pessoas morreram em guerras internas recentes e em um mês um referendo pode levar à divisão de seu território, num processo capaz de produzir novos traumas.
Mesmo num ambiente tão impróprio para empresários, pelo menos oito empresas brasileiras já têm ou buscam contratos no Sudão. Elas seguem os passos de companhias de outros países, que, por cima dos escombros e das marcas das guerras, tentam ganhar dinheiro com as riquezas sudanesas. O movimento se intensificou depois do acordo de paz de 2005 - que embora frágil, fez o país respirar.
O Sudão é rico em petróleo, em gás e em ouro. É rico também em terras agricultáveis, o que tem atraído atenção especial de empreendedores pelo mundo, em particular dos brasileiros. Para muitos analistas, o país pode se tornar em alguns anos um fornecedor-chave de alimentos para o árido Oriente Médio.
Sauditas e chineses já cultivam áreas no país para abastecer suas populações. Australianos e indianos fornecem equipamentos para o agronegócio. Do Brasil, pelo menos oito empresas, só do setor agrícola, têm contratos ou negociam com o governo federal em Cartum - que fica no norte - vendas de serviços e produtos, segundo o empresário Paulo Hegg, do Laticínios Tirolez. Paralelamente à empresa, Hegg atua desde o início da década como um intermediador entre o governo e empresas sudanesas e empresas brasileiras.
A Vale, disse uma fonte diplomática que acompanha as relações com o Sudão, iniciou contatos para avaliar investimentos no país. Consultada, a empresa disse que não faria comentários. "Construtoras e fabricantes de equipamentos para obras civis do Brasil também estão começando a buscar contratos no país", diz Hegg.
Nos últimos meses, entretanto, a expectativa sobre a possibilidade de criação de um Estado independente do sul do país tem deixado muitos negócios e planos dos empresários na geladeira.
"Nosso projeto está suspenso", disse Celso Procknor, da Procknor Engenharia, empresa de projetos de usinas de açúcar e etanol, que está no país desde 2008. Naquele ano, a empresa fechou um contrato com a gigante sudanesa de Kenana e projetou uma usina de açúcar e álcool a 200 km da capital, Cartum. Quem ficou com o contrato para fornecer as peças e os equipamentos foi uma empresa da Índia. "O problema, segundo ouvimos dos próprios sudaneses, é que os fornecedores - no caso os indianos - parecem estar com receio de enviar o material por causa dessa situação política." A empresa está negociando outros dois contratos, diz Celso Prockner. As conversas também estão à espera do que ocorrerá em 9 de janeiro.
É essa a data marcada para a realização do referendo na região sul no qual sua população decidirá se o Sudão permanece unificado ou se deve se cindir em dois. A consulta é um instrumento previsto pelo acordo de paz para tentar selar de vez o fim de anos de conflitos entre o norte islâmico e o sul cristão e animista. Conflitos que ao longo de anos fizeram 1,5 milhão de mortos. Só na região de Darfur, foram 200 mil e mais de 2 milhões de pessoas que tiveram de fugir de suas casas. Uma das piores crises humanitárias da história recente que levou o Tribunal Penal Internacional a acusar o presidente sudanês, Umar al-Bashir, por genocídio e crimes de guerra contra os sudaneses não muçulmanos.
O risco visível do dia 9 é de um eventual processo de separação conturbado. Isso assusta países da região porque poderia levar a choques internos e, consequentemente, a uma fuga em massa de sudaneses para as nações vizinhas. Um grupo de economistas europeus e africanos, da Frontier Economics, estimou em novembro que o custo de uma nova guerra civil seria, para o Sudão e para os vizinhos, de US$ 100 bilhões. Para os empresários, um processo de separação mal conduzido também tenderia a paralisar seus negócios.
Mas no cenário mais otimista, uma divisão poderia render novas oportunidades. "Tudo indica que vai haver uma separação e a agricultura passará a ser fundamental para gerar riqueza, emprego e renda no norte", acredita Everardo Mantovani, um dos proprietários da empresa de gestão de irrigação, Irriger, de Belo Horizonte, que trabalha no Sudão desde 2008 e tem um escritório em Cartum.
A expectativa se baseia no seguinte: a principal receita de divisas do país é o petróleo. A produção diária é de 490 mil barris, mas 70% vem do sul. Com uma separação, o norte teria de encontrar formas de compensar as perdas para sua economia. E segundo o governo sudanês, agricultura extensiva, produção de biocombustíveis, mineração, energia e infraestrutura são algumas das opções que com potencial para crescer. São negócios que o Brasil conhece.
"Até 30 anos atrás, os europeus eram os principais parceiros do Sudão. Mas nesses 30 anos, temos mudado gradualmente para a China", disse ao Valor no fim de novembro o ministro dos Negócios Estrangeiros do Sudão, Ali Karti. "Eles [os chineses] tem plantações, cooperações com empresas de petróleo, construção, estão agora explorando possibilidades em cooperação na agricultura. E agora acho que os brasileiros têm chances e eu estou certo que rapidamente veremos mais empresas brasileiras no Sudão."
O grupo Sermatec, de Sertãozinho (SP), fabricante de usinas e equipamentos para o setor sucroalcooleiro está na fila. A empresa obteve seu primeiro com Cartum para construir uma usina de açúcar e álcool de US$ 420 milhões - dos quais espera vender até 70% deste valor em peças, diz seu presidente, Antonio Carlos Christiano. O negócio depende da liberação de um financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). E do dia 9. "Tenho certeza que o país vencerá essa fase política."


Pressão pela independência
13/12/2010
Reuters


Um grupo de sudaneses apresentou ontem à Justiça um pedido de suspensão do referendo marcado para o dia 9 no qual a região sul do país tende a votar pela criação de um Estado independente. O grupo, do norte, diz que o partido que controla o sul, o SPLM, está manipulando a comissão organizadora da votação e que o processo está cheio de fragilidades jurídicas. Uma delas, é que estariam criando dificuldades para que sulistas que vivem no norte se resgistrassem para o pleito. O SPLM diz que se houver adiamento, um clima de violência poderá tomar conta do sul, um movimento sobre o qual a legenda diz que não conseguirá controlar. Analistas dizem que a tendência é que o sul vote maciçamente pela independência. Na foto, manifestantes pró-independência.
Fonte: Valor On Line

Lobby do etanol doou a políticos nos EUA

Agroenergia: Projeto no Senado prorroga subsídio e favorece indústria de álcool à base de milho

Alex Ribeiro | De Washington
13/12/2010

O Senado americano vota hoje um projeto que prorroga por um ano o subsídio e a tarifa de importação do etanol. O grande vencedor é o poderoso lobby do etanol do milho, que doou cerca de US$ 1 milhão às campanhas eleitorais nos últimos dois anos. Quem perde é a indústria brasileira de etanol de cana-de-açúcar, que montou uma cuidadosa estratégia para, entre outras coisas, mostrar à opinião pública que o combustível não é produzido às custas do desmatamento na Amazônia.
"No ano que vem, nossas chances serão melhores", diz Bill Buff, da Stratacomm, empresa de relações públicas contratada para defender a causa do etanol brasileiro. Em janeiro, assume uma nova Câmara dos Deputados com maioria da oposição republicana e uma bancada barulhenta do Tea Party, que defende corte de gastos públicos. Uma importante entidade ligada a esse movimento conservador, o FreedomWorks, assinou carta aberta contra os incentivos.

Os EUA concedem subsídio de US$ 0,45 por galão (3,8 litros) de etanol misturado à gasolina, e impõem uma tarifa de US$ 0,54 sobre o galão importado. O sistema, que custa US$ 6 bilhões ao ano e existe há três décadas, deve ser renovado graças a um dispositivo inserido num projeto de lei que trata de um assunto diferente, a extensão dos cortes de impostos feitos na administração do governo Geoge W. Bush.
O principal defensor do subsídio é o senador Charles Grassley, de Iowa, um tradicional Estado produtor de milho e responsável por 26% da capacidade de processamento de etanol nos EUA. Grassley recebeu R$ 37,9 mil de organizações ligadas às usinas na sua campanha eleitoral deste ano, segundo o Centro para a Integridade Pública, uma ONG baseada em Washington. No total, as doações de entidades ligadas ao agronegócio somam R$ 256 mil, segundo uma outra ONG, a OpenSecrets.
Na reta final dos debates, um grupo de 15 senadores, incluindo Grassley, assinou uma carta defendendo a prorrogação do subsídio. Todos são da mesma região, o Meio-Oeste, onde fica o cinturão do milho. Em conjunto, as campanhas desses senadores receberam US$ 999,9 mil em contribuições da indústria do etanol, segundo o Centro para a Integridade Pública.
Embora derrotado, o lobby brasileiro construiu uma coalizão americana em torno de seus interesses. Pesquisas de opinião e entrevistas com eleitores mostraram que os os americanos, mesmo os do Meio-Oeste, tendem a apoiar o fim dos subsídios, desde que confrontados com argumentos que mostram as vantagens aos EUA. Entre eles, o fato de que o etanol de cana é ambientalmente melhor do que o de milho, custa menos e reduz a dependência do petróleo. Era necessário, porém, trabalhar em alguns pontos fracos do Brasil, como a acusação de desmate da Amazônia, trabalho em condições precárias e existência de uma tarifa de importação de etanol no país (que foi zerada neste ano).
Pouco mais de 70 jornais publicaram editoriais contra o subsídios, entre eles o New York Times, Washington Post e Wall Street Journal. Cerca de 100 mil eleitores mandaram mensagens ao Congresso, e 17 senadores assinaram uma declaração publica pela extinção dos incentivos. Geograficamente, eles representam todas as regiões do país, com exceção do Meio-Oeste. Em Estados mais à esquerda, como a Califórnia, o eleitorado é mais sensível ao argumento de que o etanol feito de milho é menos eficiente do ponto de vista ambiental. Nos Estados mais conservadores, o corte do gasto público é o argumento mais forte.
Fonte: Valor On Line

Usinas reforçam produção para atender as indústrias químicas

Estratégia: Solvay vai retomar projeto para investir em uma fábrica de PVC "verde" no país

Mônica Scaramuzzo | De São Paulo
13/12/2010
 

Pedro Mizutani, presidente da Cosan Açúcar, Álcool e Energia: "Álcool para outros fins está mais competitivo"
Os principais grupos sucroalcooleiros do Brasil estão reforçando sua produção para atender as indústrias químicas. A retomada de importantes projetos de grandes companhias, como a Dow Chemical e Solvay Indupa, para a produção de resinas verdes a partir do etanol, tem levado empresas como Cosan, Copersucar e São Martinho a rever suas estratégias para abocanhar maior fatia nesse mercado.
A Cosan, maior companhia sucroalcooleira do país, está sendo sondada por grupos químicos para possíveis parcerias nesse setor. A empresa já tem fechado contrato de fornecimento com a petroquímica Braskem , para um volume de cerca de 175 milhões de litros anuais de álcool voltado para a produção de polietileno (PE) da fábrica de Triunfo (RS). "Esse mercado está em franco crescimento e remunera mais que o álcool carburante", afirmou Pedro Mizutani, presidente da Cosan Açúcar, Álcool e Energia.
Com 23 usinas em operação, pelo menos metade das unidades da companhia já está adaptada para atender a esse mercado, disse o executivo. "Atualmente 10% da nossa produção [estimada em 2,5 bilhões em 2010/11] é destinada para essas indústrias, mas pode chegar até 15%", disse. "Temos sido procurados por empresas para futuras parcerias, mas não temos nada fechado ainda."
A companhia belga Solvay informou ao Valor que vai retomar o projeto de construção de uma fábrica de etileno, a partir da rota do etanol, de 60 mil toneladas/ano, para produzir PVC "verde". Esse projeto foi interrompido em 2008, por conta da crise financeira global. Para viabilizar essa unidade, a empresa tinha fechado contrato com a Copersucar para o fornecimento de 150 milhões de litros/ano de etanol para a fábrica de Santo André, na Grande São Paulo. Segundo a companhia, esse etanol será utilizado para substituir a nafta na produção de PVC. Os estudos para implementar o projeto foram retomados e estão em fase final, informou a multinacional.
Segundo Paulo Roberto de Souza, principal executivo da Copersucar, nessa safra a companhia deverá negociar 350 milhões de litros de etanol para uso industrial. "O contrato da Solvay, quando a unidade estiver em operação, adicionará 140 milhões de litros por ano", disse.
A Dow Chemical informou, em recente entrevista ao Valor, que também está retomando seu projeto de produção de plástico verde no Brasil, com investimento superior a US$ 1 bilhão.
A primeira empresa a colocar em operação uma unidade de resina termoplástica "verde" no país foi a Braskem. A fábrica de Triunfo entrou em operação em setembro e a companhia fechou contrato com diversas usinas para o fornecimento de 700 milhões de litros de álcool por ano para atender essa demanda. A petroquímica deverá definir a construção de sua segunda fábrica, desta vez para produzir polipropileno (PP) verde também a partir de fontes renováveis.
A substituição de nafta por etanol não é exatamente uma novidade no Brasil. A rota do etanol já é conhecida pelas indústrias químicas, mas a forte oscilação dos preços do petróleo e o apelo "verde" no mercado internacional têm levado as indústrias a rever seu modelo de produção. "Com esse novo apelo no mercado e a expertise do Brasil em energia renovável, a expectativa é de que a produção de álcool voltado para as indústrias químicas [também conhecido como etanol para outros fins] dobre em 2011", afirmou Júlio Maria Martins Borges, presidente da JOB Informação & Resultado.
De acordo com Martins Borges, a produção de plástico verde a partir do etanol tornar-se viável com o petróleo a partir de US$ 80 o barril. "Se não ocorrer nenhuma turbulência macroeconômica, a expectativa é de que o petróleo fique nos patamares de US$ 100 o barril."
O mercado de álcool químico no Brasil deve movimentar cerca de 2,5 bilhões de litros, incluindo as exportações. "Esse volume poderá ultrapassar os 3 bilhões de litros em 2011", disse Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar). Segundo Rodrigues, as exportações de etanol, incluindo o combustível, deve encerrar 2010 em torno de 1,5 bilhão de litros. "Deste total, cerca de 80% são de etanol voltados para indústrias químicas e farmacêuticas." Países asiáticos, como Japão, e a União Europeia são os principais consumidores desse produto.
Com contrato de longo prazo com a japonesa Mitsubishi, o grupo São Martinho, de Pradópolis (SP), também está reforçando sua atuação no segmento. Até há poucos meses, a trading era acionista da usina Boa Vista (GO). Com a venda de sua participação nessa unidade, a companhia japonesa mantém o contrato de compra, mas a unidade Iracema, instalada no interior de São Paulo, passou a fornecer o etanol para a multinacional. "Hoje cerca de 5% de nossa produção [de um total de 600 milhões de litros em 2010/11] de etanol é voltada para esse segmento. Antes, a fatia era bem menor", afirmou Fábio Venturelli, principal executivo da São Martinho.
Fonte: Valor On Line

Dedini ligada na tomada


Empresa especializada em produzir equipamentos para usinas de cana-de-açúcar agora vai vender energia. O objetivo é reduzir a sua dependência do setor sucroalcooleiro

Por Érica Polo

Atualmente, cerca de 21% das usinas brasileiras de cana-de-açúcar fornecem energia elétrica para o País. Embora o interesse pela geração a partir do bagaço e da palha da cana tenha crescido nos últimos anos, essas empresas ainda respondem por apenas 1,1 mil MW. Ou seja, apenas 3% da energia gerada em todo o território nacional.
Porém, o cenário deve mudar. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), uma onda de investimentos da ordem de R$ 70 bilhões é esperada até 2020, quando as usinas nacionais passarem a fornecer 13,1 mil MW – o equivalente a 14% da matriz energética do País.

Sérgio leme, presidente da Dedini: "Até 2012, vamos ter uma empresa de energia.
Estamos conversando com três grupos interessados em ser nossos parceiros"

Quem está apostando nesse movimento é a Dedini, empresa que fabrica caldeiras, tubulações e equipamentos para indústrias como a sucroalcooleira, a de petróleo e gás, a de mineração e de siderurgia.

“Até 2012, vamos ter uma empresa de energia”, disse Sérgio Leme, presidente da empresa, à DINHEIRO. “Já estamos escolhendo os locais e conversando com três grupos interessados em ser nossos parceiros.”

Batizada de Dedini Energy, a companhia deverá usar biomassa como matéria-prima e nascerá com quatro plantas industriais com potencial de 35 MW cada uma. O modelo de negócios será flexível.

A Dedini poderá ter participações e sócios distintos em cada uma dessas unidades. Trata-se de um negócio que, a princípio, deverá consumir investimentos de aproximadamente R$ 400 milhões. “São projetos de médio porte, mas significativos”, avalia João Carlos Mello, presidente da consultoria Andrade & Canellas.

A diversificação foi a alternativa encontrada pela Dedini para ficar menos vulnerável às oscilações da economia. Até hoje, a empresa patina por conta da crise global de 2008.

 Recuperação: a empresa, que ainda sofre consequências da crise de 2008, viu suas vendas aumentar em 10% neste ano, para R$ 800 milhões.

Depois da tormenta financeira, muitas empresas, principalmente do setor sucroalcooleiro, engavetaram projetos. Detalhe: esse segmento representa 40% da receita anual de R$ 1 bilhão da Dedini e interrompeu um forte ciclo de crescimento que ocorria desde 2003.

“Nossa meta era alcançar receita de R$ 2,5 bilhões em 2014. Mas a crise interrompeu nossos planos e vamos alcançar esse patamar em 2016 ou 2018”, diz Leme. A área de novos negócios da companhia ainda é relativamente pequena.

O faturamento é de R$ 60 milhões com uma empresa de automação para indústrias e uma fabricante de refratários. As futuras usinas de geração de energia é que engordarão as receitas. “Vamos faturar R$ 1 bilhão com os novos negócios até 2020.”

Analistas, entretanto, fazem ressalvas a esse tipo de projeto. “Apesar de a biomassa ser uma alternativa atraente para investidores entre outras fontes de energia renovável, pode não ser a preferida”, alerta Mello, da Andrade&Canellas.

Isso porque gerar energia a partir da biomassa tem o que ele chama de vício de origem. Em outras palavras, o bagaço da cana depende do mercado de açúcar e etanol. “Sem a produção deles, não há matéria-prima”, lembra o consultor.

Sérgio Leme, no entanto, acredita que o setor tem boas perspectivas. O executivo acrescenta que as apostas não vão parar em energia. “Estamos buscando novas áreas que tenham integração horizontal ou vertical com o principal negócio.”

Para entender melhor a estratégia, basta olhar para o exemplo da Dedini Automação e Processos, que existe há quatro anos. A empresa de engenharia desenvolve programas de gerenciamento para indústrias e também atende os clientes que adquirem bens de capital. “Antes, contratávamos esse serviço, agora fornecemos integralmente”, diz Leme.



Boa parte das encomendas veio das usinas de açúcar e álcool

Isso não quer dizer que a companhia vai deixar o coração de seus negócios de lado. O bom desempenho do segmento de cana neste ano já levou investidores a refazer encomendas de equipamentos e, esse movimento, já ajudou a empresa. 

“Estamos vendo uma luz no fim do túnel no curto prazo. Só espero que não seja um trem”, brinca Leme. “Foi um ano de recuperação e um sinalizador disso é o aumento de vendas em 10%.

Começaremos 2011 com uma carteira de pedidos de R$ 800 milhões.” “A safra atual do setor de cana é excepcional e os preços estão sendo puxados pelo mercado internacional”, explica Júlio Borges, diretor da Job Economia e Planejamento.
O economista diz que os estoques mundiais de açúcar estão muito baixos por conta da queda de produção em 2008 e 2009, fato que explica o aumento de 24% nas exportações brasileiras. Entre abril e novembro, foram embarcadas para o Exterior 21,6 milhões de toneladas. Para 2011, o cenário continua positivo.

“O preço do petróleo  deve subir, o que dará bom suporte de preços para etanol e açúcar. Isso estimulará mais investidores a resgatar projetos”, acrescenta Borges. Outra vertente de crescimento para a Dedini está no mercado externo.

Passado definitivamente o baque da crise, a companhia pretende fortalecer sua presença no Exterior. Mais do que simplesmente exportar equipamentos, a ideia é construir sua primeira unidade fora do País.

“Vamos começar pequeno, pensar grande e crescer rápido”, diz Leme. “Começo com uma parceria, monto uma área de engenharia, até chegar à unidade industrial.” Mais do que apenas planos, os primeiros passos já foram dados e conversas com possíveis parceiros na Índia e África, países onde a produção de cana também é significativa, estão em curso. 

Leme não sabe dizer onde será levantada a primeira planta, porém, garante que acontecerá também na próxima década. O foco? Açúcar e etanol, área em que a companhia domina a tecnologia.
Fonte: Istoé Dinheiro

Projetos de novas usinas escasseiam no país


Fabiana Batista | De São Paulo
15/12/2010
Os preços do açúcar estão bons, os do álcool também não estão dos piores e o endividamento do segmento sucroalcooleiro caiu. A hora da retomada dos grandes investimentos em expansão de capacidade, porém, ainda não chegou.
Em 2010, foram raros os projetos de usinas novas que começaram a ser executados. Na Dedini Indústria de Base, maior fabricante de equipamentos para usinas do país, não entrou nenhum grande pedido em 2010. O trabalho se concentrou na execução de projetos em carteira há dois ou três anos e as novas demandas se limitaram a ampliações e melhorias de ativos já existentes. No total, nove usinas foram concluídas e entraram em operação no Centro-Sul do país na safra 2010/11, ante 19 em 2009/10 e 30 em 2008/09.
O resultado é que, apesar das encomendas de outros setores, como bebidas e petroquímica, além de projetos ambientais, a empresa de equipamentos espera encerrar 2010 com faturamento bruto de R$ 1,1 bilhão a R$ 1,2 bilhão, abaixo dos R$ 1,4 bilhão de 2009.
Para 2011, José Luiz Olivério, vice-presidente de tecnologia e desenvolvimento da Dedini, não aposta em grandes mudanças. O faturamento total, disse, deve chegar a R$ 1,2 bilhão ou R$ 1,3 bilhão, ainda bem abaixo dos R$ 2,2 bilhões de 2008, pico dos investimentos sucroalcooleiros no país.
Da receita prevista para este ano, o segmento sucroalcooleiro deverá representar 40%. "Os outros setores que atendemos são mais estáveis. As variações para cima ou para baixo vêm de açúcar e álcool", afirmou o executivo.
Mas, segundo Olivério, algumas consultas começaram a ocorrer para usinas novas, sobretudo de grandes players já consolidados no ramo. "Mas ainda não viraram pedidos. Acredito que isso pode começar a acontecer a partir de maio". Fusões e aquisições tiveram espaço no segmento em 2010, e em algum momento os "consolidadores" também devem voltar a crescer.
Se esse movimento vier como vislumbra o executivo, pode ser que o faturamento possa aumentar um pouco mais em 2012. "Poderá ficar entre R$ 1,4 bilhão e R$ 2,2 bilhões", estimou Olivério.
A Dedini também tem algumas fichas depositadas na cogeração de energia. Mas até o ânimo para esses projetos parece ter esfriado com os preços ofertados nos últimos leilões de energia da Aneel.
Em recente entrevista ao Valor, o diretor de biocombustíveis do BNDES, Carlos Eduardo Cavalcanti, afirmou que o crescimento dos desembolsos do banco para 2011 deverá ser puxado pelos projetos de bioeletricidade. Em 2010, eles ainda permanecem tímidos, com R$ 461 milhões liberados pelo banco de fomento, 12% menos do que em 2009. "Mas, nesse momento, já há aprovados para 2010 e na mesa da diretoria do banco projetos de produção de energia com bagaço de cana que somam R$ 1,25 bilhão. O valor é mais do que o dobro do que estava aprovado em 2009", afirmou Cavalcanti.
Olivério reconhece que muitas consultas por projetos de cogeração vinham sendo feitas, mas que esse movimento arrefeceu. "O que pode mudar esse cenário é o resultado dos próximos leilões. Se o preço subir, o ânimo volta".
O presidente da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), Marcos Jank, não vê apetite de indústrias de açúcar e álcool em investir em novos projetos. Isso porque, segundo ele, ainda há uma preocupante instabilidade das políticas públicas para o etanol e para a bioeletricidade. Jank vê com preocupação a perda de espaço do etanol para a gasolina nos tanques dos carros flexfuel no Brasil, e crê que é grande a chance de que essa tendência de retração perdure.
O teto de competitividade do etanol, que esbarra em 70% do preço da gasolina para ser vantajoso ao consumidor final, é a primeira barreira. Para Jank, ela só poderá ser driblada com uma reforma tributária que inclua ICMS, IPI e Cide. "O imposto sobre um combustível que emite menos gases poluentes tem que ser menor. O país assumiu um compromisso mundial de reduzir emissões de gases poluentes e esse pacto precisa ser refletido na política pública".
Assim, conclui Jank, a retomada dos investimentos em expansão dependerá do nível de segurança que a indústria terá para voltar a gastar. "Os custos de produção estão altos, em patamares que neste ano foram suportados pelos preços recordes do açúcar - que não vão durar para sempre", disse.
Fonte: Valor On Line

Ascensão americana breca exportação brasileira de etanol


| De São Paulo
15/12/2010
As exportações de etanol da região Centro-Sul do Brasil foram a grande decepção sucroalcooleira do ano. Nesta safra (2010/11), os embarques devem se limitar a 1,5 bilhão de litros, segundo a Unica. A região já chegou a vender ao exterior mais de 4,5 bilhões de litros.
Enquanto isso, o Senado americano aprovou ontem a renovação dos subsídios aos produtores de etanol de milho e a manutenção da taxa de importação de etanol pelos Estados Unidos em US$ 0,54 por galão.
O fato é que, com essa política comercial, além de impedir a entrada do etanol de cana do Brasil em seu mercado os EUA avançam rapidamente no comércio internacional do biocombustível.

Segundo a Renewable Fuel Association (RFA), associação que representa as usinas americanas, os embarques de etanol dos EUA devem atingir um recorde de 325 milhões a 350 milhões de galões em 2010, o equivalente a 1,228 bilhão a 1,323 bilhão de litros. De janeiro a outubro, segundo a RFA, os Estados Unidos exportaram 286 milhões de galões (1,081 bilhão de litros) de etanol. Os números até agora já representam um volume duas vezes maior do que o total exportado em 2009.
Diante desse cenário, que inclui outros desdobramentos negativos para o setor no Brasil, o presidente da Unica, Marcos Jank, reafirmou que a entidade pode iniciar um litígio na Organização Mundial de Comercial (OMC) contra a política comercial americana. A decisão será tomada no início de 2011.
Os menores volumes exportados de etanol pelo Brasil devem ajudar, no entanto, a equilibrar a oferta do biocombustível no próprio mercado brasileiro, principalmente do etanol anidro, que é misturado à gasolina.
Isso porque a quebra de safra no Centro-Sul trouxe impacto sobretudo para a produção de etanol. De acordo com a última previsão desta safra divulgada ontem pela Unica, a moagem no Centro-Sul até 1º de dezembro atingiu 543 milhões de toneladas de cana, quando a estimativa inicial, feita em abril, previa uma moagem de 595 milhões.
Antônio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da Unica, afirma que o que compensou essa queda foi a elevada quantidade de açúcar na cana, o chamado ATR (Açúcar Total Recuperável), cuja concentração cresceu 7,35%. Com isso, a produção de açúcar ficou praticamente inalterada em comparação com o estimado em abril, em 33 milhões de toneladas.
Já o etanol, que está com rentabilidade menor do que o açúcar, foi o que sofreu maior impacto na produção. Foram 24,7 bilhões de litros até 1º de dezembro, quando o projetado em abril era um volume de 26,3 bilhões de litros. "Não há risco de desabastecimento", garantiu Pádua.
Os dados fechados da safra serão apresentados apenas ao fim da moagem, quando a entidade também apresentará a previsão para a próxima temporada, a 2011/12. A estimativa da Unica é de que 25 usinas tentarão processar cana na entressafra, entre os meses de janeiro, fevereiro e março. No mesmo intervalo de 2010, foram 85 usinas.
De qualquer forma, a percepção de Pádua é de que o próximo ciclo não deve chegar à moagem de 560 milhões de toneladas, esperada para esta safra. (FB)
Fonte: Valor On Line

Democrata quer diminuir subsídio ao setor nos EUA


Alex Ribeiro | De Washington
15/12/2010
O Senado americano aprovou em primeira votação a prorrogação por mais um ano do subsídio e da tarifa de importação de etanol. Mas alguns parlamentares contrários à proposta lançaram mão de novos recursos para tentar pelo menos diminuir o benefício aos produtores de etanol de milho.
A senadora democrata Dianne Feinstein, da Califórnia, apresentou uma emenda para reduzir em 20% o subsídios. Até o início da noite de ontem, não havia decisão ainda se a emenda seria colocada em votação. Outros seis senadores apoiaram a proposta apresentada por Feinstein.
Para incentivar o uso de energias renováveis, o governo americano concede um subsídio de US$ 0,45 por galão (3,8 litros) de etanol misturado à gasolina. Para evitar que o subsídio vá para produtores estrangeiros, o governo também impõe uma tarifa de US$ 0,54 sobre o galão do etanol importado. Um dos maiores prejudicados pelo sistema é o Brasil, que produz etanol de cana com custos mais baixos do que o produto americano, feito de milho.
Se nada for feito, o subsídio e a tarifa irão expirar em 31 de dezembro. O lobby do etanol do milho, porém, conseguiu inserir um artigo num projeto de lei que trata de um outro assunto, a prorrogação dos cortes de impostos feitos no governo George W. Bush, cuja aprovação é considerada prioritária pelo governo Barack Obama para não enfraquecer ainda mais a economia.
Mas o lobby do etanol do milho, que conseguiu prorrogar o benefício por cerca de três décadas, enfrenta forte resistência. Os planos iniciais eram prorrogar o benefício por cinco anos, mas o grupo teve que se contentar com apenas um ano. A senadora Feinstein defende o fim do subsídio porque, na sua visão, o etanol do milho não produz benefícios representativos em termos ambientais, quando comparado com outras alternativas. Parlamentares conservadores, de outro lado, querem cortar os benefícios para reduzir o alto déficit público e para abrir espaço para o corte de gastos públicos.
Se o subsídio for renovado pelo Senado, o projeto deverá ser submetido à Camara dos Deputados, onde aparentemente há maior resistências não só ao beneficio aos produtores de etanol, mas também à extensão dos cortes de impostos feitos por Bush. No sábado, um grupo de 17 deputados democratas assinou carta pedindo o fim do sistema de subsídio. Se o projeto não passar na Câmara o governo Obama poderá submetê-lo a uma nova votação no ano que vem, quando assume uma nova bancada de maioria republicana, eleita em novembro passado.
Fonte: Valor On Line

Empresas treinam gestores para identificar mentirosos


Por Rafael Sigollo, de São Paulo
15/12/2010

Marcos Aurélio de A. R. e Silva, presidente da Employer, usa habilidades desenvolvidas em curso quando seleciona candidatos para cargos executivos
Quando pediu que o candidato ao cargo de diretor de TI em uma grande empresa contasse sobre sua rotina no antigo emprego e quais os motivos que levaram à sua saída, Wanderson Castilho percebeu sinais de que algo estava errado. Diretor daE-Net Security, empresa que presta serviços na área de segurança de informação, o executivo é bacharel em física pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), especialista em análise forense digital e em descobrir mentirosos. Para identificá-los ele analisa microexpressões faciais e mudanças de comportamento.
"Ao tentar explicar que havia pedido demissão do banco onde atuava por achar o trabalho pouco desafiador, o candidato começou a esfregar as mãos nas coxas, piscar excessivamente, morder o lábio e engolir a seco. Ele quebrou o padrão que havia apresentado até aquele momento e esse novo comportamento se intensificou conforme eu pedia mais detalhes", lembra o perito.
Usando técnicas que aprendeu nos Estados Unidos em cursos voltados para agentes de instituições como CIA e FBI, Castilho ganhou a confiança do candidato. Após mais alguns minutos de conversa, conseguiu com que ele confessasse a prática do "phishing", um tipo de fraude eletrônica que usa a estrutura do próprio banco para obter dados dos clientes ilegalmente. Desconfiado, mas sem ter como comprovar o crime, o banco fez um acordo para dispensar o profissional. "Era uma história bem diferente da que o candidato chegou contando. Obviamente ele não foi aprovado e a empresa evitou prováveis prejuízos e surpresas desagradáveis", diz.
Com o mercado de trabalho aquecido, o acirramento da busca pelos melhores talentos e o aumento da velocidade dos processos de seleção, conseguir identificar mentiras já durante a entrevista tem sido uma ferramenta cada vez mais desejada pelas empresas. "Geralmente são habilidades, experiências ou cursos que o cargo exige e a pessoa não tem, mas põe no currículo para poder se candidatar", afirma.
A demanda fez com que Castilho abrisse um curso que ensina como detectar mentiras não só para policiais, juízes e psicólogos, mas também para recrutadores e profissionais de recursos humanos. Além disso, ele próprio passou a ser requisitado pelas companhias para entrevistar executivos ou analisar processos seletivos, inclusive a distância- todas as entrevistas são filmadas, com a devida permissão dos candidatos. "Cerca de 70% dos currículos contêm alguma mentira. O que precisamos saber é se ela pode prejudicar a empresa, se a pessoa é manipuladora e está criando uma farsa ou se fez aquilo apenas para o próprio ego, sem grandes consequências."
Na opinião de Marcos Aurélio de Abreu Rodrigues e Silva, presidente da empresa de recursos humanos Employer, os profissionais da área sabem que mentiras são contadas em toda entrevista de emprego. O problema, segundo Silva, é saber quais são aceitáveis ou não usando apenas a intuição. "O recrutador pode ficar sempre com um pé atrás e refutar um candidato por supor que ele não está sendo verdadeiro. Com ferramentas mais adequadas, ele tem condições de fazer uma melhor avaliação", diz.
No comando daEmployer, que tem sede em Curitiba e 56 filiais distribuídas pelo Brasil, e ele próprio um ex-aluno de Wanderson Castilho, Silva já matriculou alguns de seus consultores para a próxima turma do curso. "É uma ferramenta a mais para melhorar a triagem e selecionar candidatos que tenham o perfil e as habilidades que a empresa busca", afirma.
Silva ressalta que sua intenção é usar as técnicas para detectar mentiras em entrevistas para cargos técnicos, de nível superior e de média gerência. "A arte de selecionar é o que torna uma empresa grande."
Fonte: Valor On Line

Empresas caçam os mentirosos


Rafael Sigollo e Vívian Soares | De São Paulo
15/12/2010
Para evitar erros nos processos de seleção, empresas estão treinando seus recrutadores para que identifiquem candidatos mentirosos. Para isso, eles estão aprendendo técnicas usadas por investigadores do FBI e da CIA. "Cerca de 70% dos currículos contêm alguma informação falsa", diz Wanderson Castilho, diretor da E-Net Security, especialista em identificar mentirosos analisando microexpressões faciais e mudanças de comportamento durante entrevistas de emprego.
A preocupação das companhias em não errar na contratação e na promoção de executivos é tamanha que algumas delas já aplicam testes de honestidade para medir a integridade do profissional. Ele é questionado sobre temas como consumo de drogas, hábito de jogar e até um possível histórico de suborno. Para o professor de direito do trabalho da USP, Estêvão Mallet, embora não exista parâmetro claro na CLT sobre esse tipo de teste, as empresas devem estar atentas para não ferir direitos como à intimidade.
Fonte: Valor On Line

BP, Cosan e Noble disputam a Cerradinho


15 de dezembro de 2010 | 9h 31

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - As negociações para a compra da produtora de açúcar e etanol Cerradinho estão perto de um desfecho. Até a noite de ontem, três grupos participavam das conversas. Eram eles a British Petroleum (BP), a Cosan e o Noble Group, um dos maiores comerciantes de commodities do mundo, com sede em Hong Kong.
Há cerca de quatro meses, a Cerradinho negociava apenas com a BP, mas o período de exclusividade nessas negociações se encerrou na última sexta-feira. Já no fim de semana os novos interessados entraram no processo. Com o acirramento da competição, o ritmo das conversas acelerou. Nos últimos dois dias, os credores da Cerradinho foram informados da mudança nas negociações.
Até ontem, porém, a BP continuava na disputa, com a proposta de fazer uma associação e adquirir 50% do capital da Cerradinho. Já a Cosan ofereceu a compra da totalidade das ações da empresa. De acordo com estimativas do setor, se esse fosse o caso, o negócio seria fechado em cerca de R$ 2,5 bilhões.
No caso do Noble Group, a intenção era adquirir apenas as usinas de São Paulo. As unidades estão localizadas em Catanduva e Potirendaba. A usina localizada em Chapadão do Céu (GO) continuaria com a família Fernandes, atual controladora da Cerradinho. Essa é a alternativa que mais agradou à matriarca da família, já que os Fernandes manteriam sua presença já tradicional no setor sucroalcooleiro.
O grupo Cerradinho passou a buscar um sócio no início do ano, depois que foi concluído o processo de renegociação de dívida de curto prazo e após a reestruturação societária, que separou os ativos de açúcar, álcool e cogeração de energia dos demais negócios da família Fernandes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Preço já diminui demanda por álcool

Apesar do aumento na frota flex, vendas do combustível permaneceram estáveis no centro-sul em novembro

De olho no mercado externo, produtores avaliam possibilidade de recorrer à OMC contra subsídio nos EUA


TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

A alta nos preços do álcool está provocando uma desaceleração na demanda pelo hidratado, aquele que abastece os carros diretamente.
Na segunda quinzena de novembro, foram vendidos 712 milhões de litros de álcool hidratado na região centro-sul (Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil), segundo a Unica (União da Indústria de Cana).
O volume ficou praticamente estável em relação aos 707 milhões de litros do mesmo período de 2009, apesar da entrada de 2,5 milhões de veículos flex no mercado somente neste ano, segundo dados da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos automotores).
No mês passado, o preço médio do etanol foi R$°1,75 por litro em todo o país, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Em novembro de 2009, o litro era vendido a R$ 1,69, em média -a alta foi de 3,6%. Já o preço da gasolina subiu 1,6%, de R$ 2,54 por litro, em novembro de 2009, para R$ 2,58 no último mês.
"Fora de São Paulo, o etanol perde competitividade", admite Antonio de Pádua Rodrigues, diretor da Unica. Quanto mais distante dos polos produtores, mais caro o combustível chega ao consumidor, devido principalmente aos gastos com logística.
No acumulado de abril, quando teve início a comercialização desta safra, até o final da segunda quinzena de novembro, as vendas de etanol -anidro e hidratado- somaram 17,75 bilhões de litros, queda de 3,8% ante o mesmo período de 2009.
Até 1º de dezembro, 543,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar foram processadas na região centro-sul -responsável por 60% da produção nacional-, crescimento de 8,8% em relação a igual período de 2009.
A expectativa da Unica era de que a safra 2010/11 de cana atingisse 560 milhões de toneladas, mas Pádua acredita ser difícil atingir o número até o final deste ano. A estiagem prejudicou a produtividade no campo. "Desde maio perdemos 50 milhões de toneladas", disse.
Já o rendimento industrial melhorou neste ano, graças à maior concentração de açúcar na cana. Até o início de dezembro, a produção de açúcar subiu 20% no centro-sul, para 33 milhões de toneladas, enquanto a de etanol total avançou 14%, para 24,7 bilhões de litros.

DISPUTA COMERCIAL
À espera do final da tramitação da lei que prorroga os subsídios à produção de etanol nos Estados Unidos, a Unica reafirmou a intenção de levar o caso à Organização Mundial do Comércio. A decisão deve sair no início do próximo ano.
"Chegamos ao esgotamento de todas as opções. Está na hora de pensar em uma apelação maior que envolve um litígio com os EUA", disse Joel Velasco, representante da Unica em Washington.
Fonte: Folha On Line

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Santa Terezinha projeta investir R$ 385 milhões

Usinas: Grupo paranaense quer ampliar a área agrícola e acelerar a mecanização da colheita de cana-de-açúcar

Fabiana Batista | De Maringá (PR)
10/12/2010
Daniel Wainstein/Valor


Arno Silvestre Macagnan, diretor da Santa Terezinha, lembra que os bons preços do açúcar estimulam os investimentos


O grupo sucroalcooleiro paranaense Usaçucar, conhecido como Santa Terezinha, planeja investir R$ 385 milhões em 2011 para expandir sua área agrícola, avançar na mecanização da colheita e ajustar processos industriais. A programação faz parte de um projeto que visa a alcançar, na safra 2012/13, todo o potencial produtivo que a estrutura atual da empresa permite. Especificamente na moagem, a meta é atingir 19 milhões de toneladas de cana por temporada.
A retomada dos investimentos da Santa Terezinha está relacionada ao elevado patamar dos preços do açúcar, produto que responde por 78% do mix do grupo e é o principal responsável pelo previsto incremento de 20% do faturamento neste ciclo 2010/11, para R$ 1,45 bilhão.
A moagem da safra atual nas oito unidades industriais do grupo, em fase final, deverá somar 16,1 milhões de toneladas de cana, ante projeção inicial de 16,5 milhões. A queda, explica Arno Silvestre Macagnan, diretor corporativo da empresa, remonta à safra passada, quando as chuvas deixaram como saldo muita cana no campo para processamento neste ano. "O resultado é que os custos de corte, carregamento, transporte e industrialização subiram, pois essa cana trouxe muita impureza do campo. Além disso, também tivemos uma estiagem prolongada, que fez cair a produtividade", diz o executivo.
A despeito das intempéries climáticas, explica Macagnan, a Santa Terezinha precisa ampliar sua área de cana e reinvestir nos canaviais para de fato conseguir atingir a meta de processar 19 milhões de toneladas por safra.
Após suspender todos os investimentos durante os ciclos 2008/09 e 2009/10, quando o crédito andou escasso, o grupo paranaense retomou em 2010 a aposta na área agrícola, e iniciou um programa de plantio que envolveu 42 mil hectares, entre renovação e ampliação de áreas de cana.
O plano prossegue em 2011, com o objetivo de atingir 56 mil hectares, diz Macagnan. "A nossa principal dificuldade vem sendo disputar a área com outras atividades, como soja e pecuária, cujas rentabilidades também estão altas ao produtor", diz o executivo sobre a escassez de terra para arrendamento. A cana, continua ele, está trazendo boa rentabilidade neste ano e, provavelmente, também no próximo. "Mas estamos falando de arrendar terra dentro do ciclo da cana, que é de cinco anos".
Mas ele está confiante de que até 2012 a empresa agregará de 30 mil a 40 mil hectares à sua área total de 245 mil hectares cultivados com cana-de-açúcar no norte do Paraná - com isso, o objetivo de 19 milhões de toneladas na moagem de cana estaria mais próximo.
Dos R$ 385 milhões previstos para investimentos em 2011, R$ 250 milhões deverão ser aplicados na área agrícola. Os outros R$ 135 milhões serão destinados para a compra de colheitadeiras e máquinas agrícolas e ajustes industriais, sobretudo nas duas usinas adquiridas nos últimos anos - Usaciga e Cocarol, ambas no Paraná.
Em 2010, o grupo comprou 14 colheitadeiras, o que lhe ajudou a elevar de 15% para 40% seu nível de mecanização. Para a temporada 2011/12, que começa entre março e abril do ano que vem, a empresa encomendou mais 18 unidades. "Está cada vez mais difícil encontrar mão-de-obra qualificada para colher cana, o que nos motiva a investir em mecanização apesar de não haver legislação no Paraná que obrigue a reduzir a queima".
Em 2011/12, o grupo espera processar apenas 16,4 milhões de toneladas de cana, uma vez que o investimento agrícola ainda não terá amadurecido. A produção de açúcar deve atingir 1,5 milhão de toneladas, e a de etanol, 550 milhões de litros.
Fonte: Valor On Line

Glencore fará aportes na Rio Vermelho


| De São Paulo
10/12/2010

Depois de fechar na sexta-feira da semana passada a compra de dois terços da usina Rio Vermelho, de Junqueirópolis (SP) - e, portanto, de estrear no setor sucroalcooleiro -, a suíça Glencore prepara um plano de investimentos para dobrar a capacidade de processamento da unidade recém-adquirida, que atualmente gira entre 1,2 milhão e 1,3 milhão de toneladas de cana-de-açúcar por safra.
Segundo fontes ouvidas pelo Valor, os aportes que serão feitos na ampliação estão fora do valor de cerca de US$ 80 milhões pagos pela participação na usina. A empresa deve trabalhar nos próximos meses em suas opções de investimento para atingir todo o potencial da Rio Vermelho, que é de processamento de 3 milhões de toneladas de cana. Mas, o que já se sabe é que a ampliação passará por uma fábrica de açúcar.
A Glencore foi procurada, mas não comentou. O Valor apurou que, neste momento, a empresa suíça se debruça sob a reorganização da dívida da Rio Vermelho. Parte está sendo quitada e outra parcela, alongada. O valor pago, de cerca de US$ 80 milhões, está sendo usado nessa equalização do endividamento em patamares compatíveis com os ativos da empresa e em capital de giro.
Na conclusão da compra, ficou definido que o acionista remanescente da Rio Vermelho, que ficou com o terço restante de participação, tem opção de sair do negócio em dois anos. Os valores das ações já estão definidos e têm possibilidades de variar apenas seguindo a oscilação do dólar. (FB)
Fonte: Valor On Line

Lula assina decreto que cria teto para emissões de CO²

| De Cancún
10/12/2010

O decreto que regulamenta a política nacional de mudanças climáticas, assinado ontem, em Brasília, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estabelece, na prática, um teto de emissões para o Brasil. É de 2 bilhões de toneladas de CO² equivalente em 2020.
Sem as medidas para conter o desmatamento na Amazônia e no cerrado e para melhorar a eficiencia energética, da siderurgia e da agricultura, as emissões seriam de 3,2 bilhões. As emissões atuais, do inventário, são de 2,2 bilhões em 2005. Ontem, em Cancún, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou que o plano do Brasil tem agora força de lei.
O decreto detalha, setor a setor, qual a meta. Fala em recuperação de 15 milhões de hectares de áreas degradadas e do incremento do carvão vegetal originário de florestas plantadas na siderurgia. Outra das ideias é a ampliação do uso de tecnologias para tratamento de 4,4 milhão de metros cúbicos de dejetos de animais.(DC)
Fonte: Valor On Line