quinta-feira, 30 de junho de 2011

Coca-Cola e Raízen iniciam parceria com açúcar "verde"

Bebidas: Ponto de partida é Brasil, mas ideia é que insumo seja usado em todas as operações no mundo

"Só neste ano outras cinco usinas da Raízen serão certificadas. Todas as unidades, até 2015", diz Pedro Mizutani


Muitos produtos, hoje em dia, têm certificação socioambiental, para satisfação de consumidores mais preocupados com a preservação do planeta. Esses produtos vão de madeira a produtos orgânicos. Mas o que pouca gente imagina é que a Coca-Cola está prestes a conseguir essa certificação para o refrigerante mais vendido do mundo. A companhia e a produtora de açúcar Raízen (Cosan / Shell) estão iniciando no Brasil um projeto para usar açúcar certificado com o selo Bomsucro na fabricação do refrigerante. A parceria tem o Brasil como ponto de partida, mas a ideia é expandir a iniciativa para as operações globais da Coca-Cola.

"O selo certifica que os fornecedores do açúcar obedecem às leis do país, aos direitos humanos e trabalhistas, buscam eficiência em sustentabilidade, protegem a biodiversidade e buscam a melhoria contínua de seus processos", diz Rino Abbondi, vice-presidente de técnica e logística da Coca-Cola Brasil. "A iniciativa está em linha com os esforços da empresa de mundialmente minimizar o impacto de nossa operação no meio ambiente", afirma o executivo.
Ele conta que dos 20 fornecedores de açúcar da Coca-Cola no Brasil, apenas um, - a Raízen - conseguiu a certificação para uma de suas usinas, a Maracaí, no interior de São Paulo. A certificação internacional Bonsucro de práticas sustentáveis é uma exigência da União Europeia para exportadores de commodities. Até agora, a Raízen é a única empresa no mundo que dispõe desse selo para o cultivo de cana.
"Estamos em uma fase piloto do projeto. Mas a ideia é fazer com que todas as usinas de nossos fornecedores alcancem essa certificação. Também queremos estender esse projeto para todos os países em que a Coca-Cola atua", diz Abbondi. Segundo ele, ainda não há prazo para que todas as usinas fornecedoras da empresa alcancem essa certificação ou para a expansão internacional da iniciativa.


"Quando o projeto estiver mais amadurecido, pensaremos em uma estratégia de marketing para comunicar essa iniciativa, talvez um selo no rótulo de Coca-Cola", afirma o executivo.


A Coca-Cola, segundo Abbondi, está entre as três maiores companhias compradoras de açúcar do mundo. A Raízen - maior produtora de açúcar do Brasil - vende 5% do que processa para a Coca-Cola Brasil.
Por meio do projeto de certificação, a empresa de bebidas adquiriu um volume adicional do produto com pagamento de um prêmio sobre o preço normal.
Por razões contratuais, Pedro Muzutani, vice-presidente de Açúcar e Etanol da Raízen, não divulga qual é o volume adicional e nem o prêmio que foi pago por sua cliente. No entanto, segundo o executivo, a expectativa é que o mercado reconheça esse produto com um adicional de preço de até 10% em relação ao açúcar comum. Ele reconhece que a certificação internacional deve abrir portas para o fornecimento do açúcar sustentável, com valor agregado, para outros grandes clientes, além da Coca-Cola. "Não há neste momento um contrato global sendo negociado com a Coca-Cola, mas existe sim perspectiva de negociação internacional", diz Mizutani.


Na safra passada (2010/11), a produção de açúcar da Raízen foi de 3,8 milhões de toneladas. Considerando que a Coca-Cola consome cerca de 5% desse volume, o contrato convencional das duas empresas deve ser de aproximadamente 190 mil toneladas anuais. O selo da Raízen atingiu uma moagem de 1,7 milhão de toneladas de cana e produção de 130 mil toneladas de açúcar e 63 milhões de litros de etanol. A meta da companhia é certificar 100% de suas 24 usinas nos próximos cinco anos. A empreitada deve demandar investimentos de US$ 350 milhões em melhorias em saúde, ambiente e segurança das unidades 

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