segunda-feira, 18 de abril de 2011

CPFL deve associar-se à Ersa para criar líder em fontes renováveis

Energia:

A CPFL Energia deve anunciar em breve uma associação com a Ersa, empresa de geração de energia elétrica de fontes renováveis, para a criação de uma nova companhia, a CPFL Renováveis, que deverá liderar o setor no país. Na nova companhia, a CPFL Energia terá participação majoritária. Nenhum dinheiro será desembolsado na transação.

Procurados, a CPFL e o fundo Pátria Investimentos, que é o gestor da Ersa, preferiram não se pronunciar.

A ideia é reforçar a CPFL Renováveis de forma a preparar a empresa para uma emissão pública inicial de ações (IPO) futura, que daria saída, inclusive, para os inúmeros fundos de participação que hoje têm fatia do capital da Ersa, empresa com cerca de três anos de atividade.

A CPFL Renováveis terá 18 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e 11 parques eólicos em operação, construção ou de projetos que virão da Ersa. A CPFL entra com todos seus ativos de energia renovável, inclusive as quatro usinas eólicas já operando e projetos da Siif Énergies, adquirida na semana retrasada por R$ 1,5 bilhão. Ao todo, a CPFL já investiu R$ 3 bilhões em energia eólica. A empresa patrocina projetos também de geração de energia com biomassa e PCHs.

Não é de hoje que CPFL Energia, controlada pela Camargo Correa e pelo fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ), ambiciona ser líder em energias renováveis. O presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr., deixou claro já em meados do ano passado que os investimentos no setor estavam apenas começando.
O Fundo Brasil Energia, gerido pelo BTG Pactual, pagou R$ 300 milhões em outubro de 2009 para ficar com 23% de participação na Ersa. No fundo estão os fundos de pensão Petros, Funcef, Fapes, Real Grandeza, Infraprev, Banesprev, além do BNDESPar, do BB-BI, e além dos recursos do próprio BTG Pactual.

Os outros fundos que participam do capital da Ersa são o Eton Park, o Pátria Investimentos, o GMR, o banco de desenvolvimento alemão DEG, além do BBI FIP, administrado pelo Banco Bradesco de Investimento (BBI).

Empresas agora mimam funcionários

Empregados de vários níveis ganham vantagens adicionais no esforço das companhias para impedir o assédio dos

Renée Pereira, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - A maratona para conseguir preencher uma vaga é apenas um dos desafios das empresas brasileiras. Em tempos de escassez de mão de obra, conseguir manter o profissional, seja ele de qualquer nível (operacional, técnico ou estratégico), é uma conquista diária, afirmam os executivos. "O aliciamento por parte dos concorrentes é muito grande", afirma Haruo Ishikawa, presidente de uma construtora que leva seu nome.
Para fazer frente aos rivais, ele decidiu incrementar o pacote de benefícios aos funcionários. Uma providência foi melhorar o dia a dia dos empregados na obra. Ishikawa fez um refeitório e contratou uma empresa de refeições. Em vez de levar a tradicional marmita, todos os dias, às 7h30 da manhã, os funcionários recebem um cardápio e escolhem o que querem comer no almoço. Há sempre três opções de comida. "Se não fizer nada, vou perder um funcionário que gastei tempo para treinar", afirma o executivo, que tem contratado profissionais sem experiência.
Ishikawa não está sozinho nessa estratégia. Segundo a pesquisa da Fundação Dom Cabral, 78% das companhias consultadas criaram políticas de retenção para os níveis operacional e técnico. Na categoria tática e estratégica, o número é ainda maior: 81% das empresas disseram adotar algum tipo de medida para incentivar a manutenção do quadro de funcionário.
Nesse caso, os gestores também apostam na melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, mas investem em bônus em dinheiro, cursos e especializações. Alexandre Constantine, diretor executivo da VoxAge, empresa de tecnologia, diz que o assédio de outras empresas é tão grande que não se pode dar espaço para o funcionário hesitar.
"Cerca de 60% dos lucros são distribuídos entre os funcionários, o horário é flexível, temos programa de reconhecimento mensal, sala de jogos, frutas e sanduíches à vontade", conta o executivo, que há tempos deixou de se basear na formação do candidato para contratá-lo. "Procuramos analisar o perfil das pessoas e qual a capacidade de aprendizado de cada uma."
Na Guascor, empresa de soluções energéticas, um dos incentivos é a política de migração interna. "Nossa estratégia é contratar pessoas sem experiência na base e prepará-las para cargos mais elevados. Isso cria uma motivação grande entre os funcionários", afirma a diretora de Recursos Humanos da empresa, Etiene Paiva. Além disso, afirma ela, manter um bom ambiente de trabalho conta muito na retenção dos trabalhadores. Fabiana Nunes, da Consultoria Keyassociados, tem a mesma percepção. A empresa, que desenvolve soluções sustentáveis, tem sofrido para encontrar (e manter) profissionais qualificados para a área. Quando consegue, quer segurar de todas as formas.
Segundo Paulo Resende, professor da Dom Cabral, a pesquisa revelou que as empresas também têm elevado o nível de alguns benefícios já tradicionais. Os planos de saúde agora estão sendo estendidos a esposas (ou maridos) que não são dependentes. Há ainda pagamento integral de mensalidades escolares e ajuda de custo moradia, "Quando uma pessoa tem de ir para outro Estado, como Rondônia, por exemplo, o pacote de benefício se assemelha ao de um profissional que tinha de trabalhar no Iraque."
Na IBM Brasil, um dos benefícios é o forte treinamento dado pela empresa, que ainda faz grandes exigências para contratar profissionais. Mas ela também teve de tomar medidas preventivas para amenizar o problema da escassez de mão de obra. O executivo de parcerias educacionais da multinacional, Edson Luiz Pereira, conta que uma das medidas adotadas tem sido oferecer cursos para professores de grandes universidades. A estratégia é atualizar os professores que vão formar futuros candidatos a vagas na empresa.
A Dell Brasil também tem seguido esse caminho para conseguir qualificar profissionais de acordo com os métodos usados na empresa. Apesar disso, a companhia tem 40 vagas em aberto este mês. "E devemos abrir novas vagas nos próximos meses", afirma Alexandre Tran, gerente de aquisição da multinacional.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

''Alta do etanol acaba na semana que vem''

"Jank. Brasil precisa retomar investimento no setor"
Marcos Jank, Presidente da União da Indústria da cana-de-açúcar
A escalada do preço do etanol nos últimos meses provocou reações no governo e na população, que deixou de abastecer com o combustível renovável. Mas, segundo o presidente da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), Marcos Jank, o problema vai acabar na semana que vem. 'Já temos 90 usinas moenda cana.'
Em entrevista ao Estado, o executivo criticou a tentativa do governo de taxar o açúcar e disse que não vê problemas em ser regulado pela Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP). 'O que não pode é haver medidas que afugentem o investidor.'
Como o sr. avalia as medidas cogitadas para o setor?
A insensatez tomou conta. Não entendo como se pode falar em incentivar e crescer e, ao mesmo tempo, pensar em intervenção. Investidor foge disso. Já temos um preço de gasolina artificialmente congelado desde 2005 e estamos concorrendo com esse monopólio na bomba (de combustível). Agora vão taxar o açúcar. Quem vai querer pôr dinheiro nessa indústria?
A crise atual, de falta de etanol e preço alto, não prejudica a imagem do setor?
Lá atrás o consumidor era refém do etanol. Hoje, ele não tem de usar o combustível. Se o preço sobe, ele pode mudar. Tem coisa melhor do que ter dois combustíveis e poder escolher? É o único lugar do mundo que tem isso. Durante anos, o etanol foi mais barato. Aí, durante um mês o produto fica mais caro porque houve uma quebra de safra e porque a indústria parou de crescer. Vão dizer que o produto não serve?
Qual o efeito de uma taxação do açúcar para o setor?
Hoje, temos três produtos. Um é o açúcar, que somos líder no mundo, com 20% da produção mundial e 50% do mercado. É um produto estratégico na alimentação mundial. Taxar o açúcar tem efeito mundial. Acabaria com nossa reputação. Seria taxar alimento para fazer combustível, como eles criticam. Além disso, é o quinto produto da pauta brasileira. É um produto livre, que se financia e hoje funciona sem intervenção do governo. É bolsa. Do outro lado, vendemos eletricidade, altamente controlada pelo Estado. No meio tem o etanol, onde o anidro é regulado e o hidratado, livre. Quem faz a regulação é o consumidor que tem carro flex. Agora parece que a presidente (Dilma Rousseff) e alguns reguladores querem alterar o mecanismo. Caminhar para algo onde tudo é regulado vai afastar os investidores. Mas alguma regulação é possível, como a criação de linhas de financiamento e programas de bioeletricidade para construir usinas essencialmente energéticas.
O que é possível fazer para evitar a flutuação de preços?
Um dos fatores que causaram a flutuação de preços foi a instabilidade climática. Tivemos uma quebra de safra que tirou 5 bilhões de litros de etanol do mercado. Isso foi superior à migração de etanol para açúcar. De fato, no último ano a remuneração para usar a cana para açúcar foi mais alta, mas de 2000 a 2008 foi maior para fazer álcool. Em 2000, 50% era álcool e 50%, açúcar; de 2000 a 2008, 60% álcool e 40% açúcar; de 2008 para cá, 55% álcool e 45% açúcar. Agora temos de voltar a crescer a taxas maiores e plantar muita cana. Uma coisa que assustou foi que o consumidor demorou muito para trocar o etanol pela gasolina. Isso fez com que houvesse um certo desequilíbrio de preço. Mas tudo isso vai acabar na semana que vem. Mais uma ou duas semanas e tudo volta ao normal. Já temos 90 usinas moendo.
Mas teremos de importar álcool anidro?
É uma importação pequena, dos Estados Unidos. É algo em torno de 200 milhões de litros, 0,8% da produção anual. Exportamos 1,5 bilhão de litros.
Mas nosso principal objetivo era exportar para os EUA.
Não vejo nenhum problema de haver importação. Numa commodity a agrícola, faz todo sentido. Como podemos imaginar que vamos suprir totalmente o mercado num produto que está ligado ao clima. Temos de ter mercados abertos.
Existe alguma sinalização de retomada de investimentos?
Neste momento, temos apenas três usinas entrando em operação. Já tivemos 30. Até 2020, há um déficit de 400 milhões de toneladas de cana para atender 66% da frota flex. Isso dá 133 nova usinas, 15 por ano. Agora qual o desenho para elas aparecerem eu ainda não sei.
Ser regulado pela ANP preocupa o setor?
Isso não é problema pra gente. Se isso implica ter maior controle sobre o que vem pela frente, não tem problema. O importante é saber quais as medidas que vão de fato incentivar o crescimento da indústria.

EM OBRAS

As contratações no setor de engenharia industrial no Brasil cresceram 58,5% em 2010, na comparação com o ano anterior, de acordo com os dados da Abemi (Associação Brasileira de Engenharia Industrial).
Com o aumento, o número de empregados do segmento chegou a 351,3 mil.
Só a construção civil empregava 220,4 mil ao final de 2010, segundo o relatório.
"Nos próximos anos, mais funcionários devem ser contratados devido às obras do PAC, da Copa e da Olimpíada", diz o vice-presidente da entidade, Márcio Cancellara.

Safra de cana

A União da Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica) informou que 90 usinas anteciparam os trabalhos e iniciaram a moagem na região Centro-Sul antes da abertura "oficial" da temporada, realizada na quinta-feira em uma unidade da ETH Bioenergia em Nova Alvorada do Sul (MS). Além delas, 195 começarão a moer na segunda quinzena deste mês, e outras 50 vão ligar as máquinas na primeira metade de maio. Para Marcos Jank, presidente da Unica, é a prova do esforço do segmento para estabilizar a oferta de etanol no mercado interno após os picos de preços da entressafra.

Por que dar voz aos stakeholders

Apesar de nosso país estar próximo de completar 511 anos, ainda engatinhamos em nosso processo de democratização, sobretudo nos temas relacionados à socioeconomia.

É muito comum no mundo corporativo os gestores referirem-se em seus relatórios financeiros aos stakeholders, termo que nossa xenomania tomou emprestado do inglês para fazer alusão aos públicos de interesse de uma empresa, tais como acionistas, empregados, fornecedores, governo e a comunidade onde a companhia atua.

Contam-se nos dedos as organizações que dão voz em seus fóruns de decisões a algum dos entes relacionados nessa lista de stakeholders a partir do segundo da fila.
Não se trata de levar para os conselhos de administração reivindicações sindicais ou de defensores da natureza, mas de medir o reflexo das atitudes das empresas dentro e fora dos muros que limitam a sua propriedade. O que redigem em seu estatuto nem sempre corresponde aos fatos.

Ao comentar artigo que escrevi nesta coluna em 5 de abril ("O que fez a Rhodia perder a sua química"), a leitora Cristiane (infelizmente ela não registrou seu sobrenome) fez a seguinte admoestação:

"'Valores e princípios... uma das tolices que empresas de consultoria transformaram em moda no século passado'. Pergunto-lhe, meu caro Costábile, quais são seus valores e princípios? Possuí-los é tão importante para um indivíduo comum quanto para uma empresa. Aliás, se cada empresa desse o mérito necessário a valores e princípios éticos e à transparência que a sociedade espera que se tenha, talvez não houvesse vergonhosos episódios como os do Banco Santos, Mappin, Vasp (lembra-se?), Banco Panamericano, Arthur Andersen, Enron. E não basta estar no papel, tem de incorporá-los!"

A tolice a que me referi não é em relação a ter valores e princípios, e sim em apenas escrevê-los mas não cumpri-los, como muitas empresas fazem, seja induzidas por consultorias, seja por copiar seus concorrentes naquilo que têm de pior

quinta-feira, 14 de abril de 2011

MERCADO ABERTO

Construção A Racional Engenharia vai investir aproximadamente R$ 10 milhões em tecnologia e gestão estratégica para os próximos cinco anos. A empresa também prevê que seu faturamento chegue pela primeira vez a R$ 1 bilhão em 2011.

Inovação Ciesp e Fiesp querem formar mil empresas inovadoras, com alto investimento em pesquisa nos próximos três anos, com um projeto de capacitação que tem apoio do Senai-SP.

Petrobras no etanol

A Petrobras Biocombustível elevará os aportes em etanol para atender ao aumento da demanda, informou ontem seu presidente, Miguel Rossetto (foto), segundo a agência Reuters. A revisão do montante será em maio, junto com a do plano geral de investimentos da Petrobras de 2011 a 2015. O valor de aportes em etanol no plano atual (2010-2014) é de US$ 1,9 bilhão. O anúncio foi feito em evento em usina da Guarani em Colina (SP). A estatal tem uma estratégia de crescimento em etanol baseada na aquisições de participações em usinas. A Petrobras já tem participações na Guarani, na Nova Fronteira Bioenergia e na Total Agroindústria Canavieira, que operam, no total, dez unidades.

Petrobrás terá crescimento forte em investimento em etanol

COLINA - O presidente da Petrobrás Biocombustível, Miguel Rossetto, afirmou nesta quarta-feira, 13, que a companhia "seguramente" irá ampliar o investimento de US$ 1,9 bilhão, previsto para a produção de etanol entre 2010-2014. Segundo ele, o novo Plano de Negócios 2011-2015 da companhia, a ser divulgado em maio, "terá um crescimento muito forte para atender as necessidades do mercado", disse.
Rossetto visitou hoje duas das sete unidades da Guarani S.A.- companhia sucroalcooleira da qual a estatal tem 31,4% de participação acionária - em Pitangueiras (SP) e em Colina (SP). Nessa última, o grupo deve inaugurar, em junho, uma destilaria para a produção de 100 milhões de litros de etanol por safra. A destilaria faz parte de um pacote de R$ 767,4 milhões de investimentos, anunciado este ano pela Guarani, que inclui o aumento da produção de cana e de energia elétrica
O presidente da Petrobrás Biocombustível considerou a crise de oferta do etanol como uma oportunidade de crescimento para a companhia. "Nossa resposta é ampliar a produção de etanol; nos preparamos para ocupar parte do mercado", afirmou o executivo. "Petrobrás, isoladamente, não vai responder por toda a demanda", ponderou. Em 2010, a Petrobrás Biocombustível ofertou 950 milhões de litros de etanol nas 10 usinas em que tem sociedade e a expectativa é de atingir 2,6 bilhões de litros em 2014.
Rossetto evitou polemizar sobre as medidas estudadas pelo governo para regular o mercado e ainda incentivar a produção do etanol. "Agenda regulatória é do governo, nossa agenda é aumentar a produção." O presidente da Petrobrás Bicombustível, no entanto, comentou a alta no preço do combustível, que disparou nos postos entre fevereiro e março, e previu uma queda com o início da safra. "Expectativa é de redução de preços do etanol a partir de agora com o início da safra, como já ocorre." Ainda de acordo com ele, a queda nos preço do etanol anidro, com o início da produção, deve ajudar a segurar os preços da gasolina, já que esse combustível é misturado em 25% ao derivado de petróleo comercializado nos postos. "Essa queda pode ajudar a segurar a gasolina", completou.
Guarani
O presidente da Guarani S.A., Jacyr Costa Filho, afirmou que os investimentos futuros da companhia vão priorizar a produção do etanol, já que a demanda mundial pelo combustível cresce 10% ao ano, ante 3% ao ano do açúcar. "A Guarani vai avançar conforme os mercados requerem e, obviamente, diante desse aumento de demanda, os investimentos vão crescer para o etanol", disse.
Recentemente, a Guarani anunciou um pacote de R$ 767,4 milhões em investimentos com suporte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de um aporte de R$ 195,4 milhões da Petrobrás Biocombustível, que ampliou de 26,5% para 31,4% a participação na empresa. Os investimentos serão direcionados à produção de etanol, de cana e de energia elétrica.
Só na unidade de Colina, visitada hoje pelo presidente da Petrobrás Biocombustível, Miguel Rossetto, são investidos R$ 29,6 milhões na construção de uma destilaria anexa à fábrica de açúcar, cuja produção deve ser iniciada em junho. "É um movimento em linha com o crescimento do mercado brasileiro de etanol", disse Costa Filho.
Com o aporte, a Guarani deve atingir a capacidade de moagem de 20 milhões de toneladas de cana em 2012/2013, ante uma expectativa de 18,5 milhões de t em 2011/2012, queda de 6% sobre as 19,7 milhões de t da safra anterior. "Vamos retomar a capacidade de produção em 2012 que foi prejudicada nesta safra pela estiagem no ano passado. Em três anos deveremos chegar a 25 milhões de t", afirmou o presidente da Guarani.
Costa Filho avaliou, ainda, que a escassez de etanol na atual safra também é consequência da estiagem que prejudicou a cana no passado. Mas negou que haja desabastecimento do combustível. "Temos álcool nos tanques para honrar contratos", concluiu.

Seis países disputam concorrência da Marinha para construção de 11 navios

Alan Garwood, diretor da BAE Systems: solução temporária enquanto concorrência dos novos navios não é definida

A Marinha do Brasil negocia com seis países - Alemanha, Coreia do Sul, Espanha, França, Itália e Inglaterra - a construção de um conjunto de 11 navios cujo custo total pode alcançar € 3,1 bilhões. O modelo definido pela Marinha nessa concorrência prevê que as embarcações sejam construídas no Brasil a partir de um projeto existente e já em operação. A ideia é que seja fechada uma parceria estratégica entre o projetista internacional e um ou mais estaleiros privados brasileiros, incluindo transferência de tecnologia.

Mas enquanto a concorrência não é definida, em um cenário de cortes orçamentários no Ministério da Defesa, surgem propostas provisórias para atender a Marinha. Alan Garwood, diretor de desenvolvimento de negócios da inglesa BAE Systems, disse que o Reino Unido ofereceu ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, a possibilidade de que a Marinha do Brasil receba fragata multimissão da Marinha Real Britânica como solução temporária, enquanto o governo brasileiro não define a concorrência dos novos navios.

A proposta foi levada a Jobim, na terça-feira, pelo ministro-adjunto de Segurança e Estratégia Internacional do Reino Unido, Gerald Howarth, no primeiro dia da LAAD 2011, maior evento da área de segurança e defesa da América Latina, que termina amanhã no Rio. O Valor apurou que a transferência de navios da Marinha Britânica poderia ser ainda maior, envolvendo até quatro fragatas que poderiam ser incorporadas à frota da Marinha brasileira, substituindo outras embarcações.
Em resposta por escrito, a Marinha do Brasil informou que busca contratar a construção de cinco navios-patrulha de 1.800 toneladas cada um, cinco fragatas de 6.000 toneladas e um navio de apoio logístico. Os navios-patrulha oceânicos têm custo unitário estimado de € 95 milhões e a expectativa é de que alcancem índice de nacionalização superior a 60%. As fragatas deverão ter índice de conteúdo local superior a 40% e o custo de cada navio pode ficar em cerca de € 500 milhões.
O navio de apoio logístico, com 13 mil toneladas, terá índice de nacionalização acima de 55% e o seu custo estimado é de € 200 milhões. A construção dos diferentes navios poderá demandar 775 empregos diretos por unidade e 3,1 mil indiretos por embarcação.

A Marinha não comentou o efeito que o corte de R$ 4 bilhões no orçamento deste ano do Ministério da Defesa terá sobre a encomenda de navios, que é prevista para ser entregue a médio prazo. Fonte que conhece o programa disse que a Marinha precisaria das novas embarcações a partir de 2016-2017. Mas o Ministério da Defesa informou, via e-mail, que as diferentes Forças (Exército, Aeronáutica e Marinha) enviaram propostas de alocação dos cortes, já considerando o valor do contingenciamento.

Agora a área responsável pelo orçamento no Ministério da Defesa estuda as informações recebidas e, a partir dessa análise, a área técnica vai encaminhar as informações a Jobim, que definirá as prioridades e a forma como se dará a alocação dos cortes nos projetos e ações da pasta. As definições são esperadas para este mês, mas há orientação de poupar projetos com compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, como o Pró-Sub (programa dos submarinos acertado com a França) e o KC-390, o cargueiro em desenvolvimento pela Embraer.

Os navios que a Marinha pretende contratar estarão amparados por acordos governamentais acertados pelo Brasil e os diferentes países interessados no projeto. Mas, mesmo assim, não fica claro se o programa ficará a salvo dos cortes no orçamento.

Paolo Pozzessere, vice-presidente de vendas da Finmeccanica, empresa que tem participação do governo da Itália, disse que o projeto da fragata italiana é o mais avançado. A Finmeccanica participa do projeto de fornecer navios à Marinha em uma proposta cujo contratante principal é a também italiana Fincantieri. Pozzessere tem a expectativa de que o governo brasileiro possa tomar uma decisão sobre a parceria estratégica nos navios ainda este ano.

Olivier Michel, diretor comercial para a América Latina da francesa DCNS, disse que a empresa está interessada em participar do programa de construção de novos navios da Marinha. "Temos todas as soluções e especificações requeridas pelo Brasil", disse Michel. A DCNS tem contratos com a Marinha para construção de submarinos, os quais envolvem também a brasileira Odebrecht.

Petrobras e Tereos anunciam produção de etanol em SP

Após pressão do governo, estatal e grupo francês investirão R$ 30 milhões em produção do combustível
A Petrobras Biocombustível e o grupo francês Tereos -controladores da Guarani- anunciaram investimentos de R$ 29,6 milhões na construção de uma fábrica de etanol em uma usina de Colina (406 km de São Paulo) que só produzia açúcar.
O anúncio vai na contramão da maioria dos investimentos na safra, voltados para o açúcar.
Na semana passada, o ministro Edson Lobão (Minas e Energia) convocou a a estatal para produzir mais etanol devido à alta histórica do etanol nos postos de combustíveis.

Por causa disso, o governo federal ameaça taxar a exportação de açúcar.
A nova fábrica deve começar a operar em 1º de junho com estimativa de fabricar até 107 milhões de litros de etanol por safra. Em 2010, a Guarani produziu 692 milhões de litros do combustível. Já a Petrobras ofertou 920 milhões de litros.
A Petrobras Biocombustível prevê destinar ao menos US$ 1,9 bilhão para investimentos no setor até 2015.

O objetivo, segundo o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, é consolidar a Petrobras no mercado de etanol.

Ele visitou as obras na companhia do presidente da Guarani, Jacyr Costa Filho, e abriu o início da safra numa cerimônia na Usina Andrade, em Pitangueiras (364 km de São Paulo).

Porém, ele evitou temas como o preço do combustível e o desabastecimento.

EXPANSÃO
A nova fábrica de etanol integra o plano de expansão da Guarani para os próximos quatro anos. Orçado em R$ 767,4 milhões, o projeto é financiado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A previsão é aumentar a capacidade de moagem de cana em 3,5 milhões de toneladas, atingindo 24,5 milhões por safra.

Já com relação aos recursos da Petrobras, Rossetto disse que os valores estão sendo revistos e que um novo número, "seguramente maior", será divulgado em maio.
"Nossa resposta é ampliar a produção de etanol, mas a Petrobras, isoladamente, não vai responder por toda a demanda".

Economia vai crescer até 5%

Essa é a previsão do IPEA para este ano, confirmando que o PIB terá uma expansão menor em 2011, como deseja o governo
Os órgãos oficiais do governo começam a baixar suas previsões para o crescimento da economia neste ano. Até agora, fala-se em índices até superiores a 5%. Mas nesta quarta-feira, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Ipea, divulgou sua previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2011. A expansão, segundo a entidade, ficará entre 4% a 5%. De acordo com o instituto, a redução do crescimento econômico brasileiro em relação a 2010, quando o PIB subiu 7,5%, deve-se ao aumento dos juros, juntamente com o menor impulso do setor fiscal. Isso significa que as ações do governo, como o corte de US$ 50 bilhões no orçamento deste ano, começam a surtir efeito. A projeção do IPEA está mais próxima dos números previstos pelo mercado, que hoje se encontram ao redor de 4,5%.
O Ipea também prevê que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará entre 5% e 6% neste ano, situando-se, portanto, acima do centro da meta definida pelo governo (4,5%), porém abaixo do teto de 6,5%. O mercado prevê um índice de inflação que pode até superar os 6%. Além disso, o Ipea prevê um avanço do déficit em conta corrente neste ano, com estimativa de um saldo negativo entre US$ 73 bilhões e US$ 63 bilhões.
fonte: Agência Estado

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Inepar assina contrato para pagar dívida com BNDES de R$ 166 milhões

Equipamentos:

A Inepar Indústria e Construções assinou o contrato da primeira etapa de negociação para refinanciar sua dívida com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES).

A dívida, no valor de R$ 166 milhões, será paga em 120 prestações mensais, com juros de TJLP mais 2,5% ao ano. O pagamento terá dois anos de carência, contados a partir de outubro de 2010.

Caso seja de interesse da BNDESPar, o pagamento poderá ser feito ainda por meio de aumento do capital da companhia ou lançamento de bônus de subscrição de ações.
Com o reescalonamento da dívida, a Inepar adquiriu da BNDESPar 45 milhões de ações preferenciais, correspondentes a 13,07% do capital da Inepar Energia.
Uma segunda etapa, a ser concretizada até o fim deste semestre ou começo do próximo, segundo a companhia, acertará o saldo remanescente. Ela deverá incluir o reescalonamento das dívidas decorrentes de emissão de debêntures e aquisição de participação acionária na Centrais Elétricas Matogrossenses (Cemat).

Etanol cai na usina, mas ainda resiste na bomba

O avanço da colheita da cana-de-açúcar e dos trabalhos de moagem nas usinas têm feito com que os preços do etanol hidratado recuem no mercado interno. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que o valor médio do combustível utilizado diretamente nos motores dos automóveis atingiu R$ 1,4217 por litro nas usinas de São Paulo nas duas primeiras semanas de abril, 2,7% a menos que o valor médio de R$ 1,4606 registrado em março.

Apesar de a entrada da safra estar diminuindo a pressão sobre o mercado - e de o viés ser de baixa -, o valor médio da primeira metade de abril ainda é 76,9% superior ao observado no mesmo período do ano passado.
A queda nos preços apontada pelo Cepea, no entanto, vale para o combustível vendido pelas usinas às distribuidoras. Ao consumidor, os efeitos da entrada da safra ainda não foram sentidos. Segundo o Cepea, na bomba o preço médio do etanol na primeira semana de abril ainda subiu 0,36% na comparação com a semana anterior.
 
Segundo análise dos pesquisadores do Cepea, dois motivos influenciaram a recente queda dos preços. Com o avanço da colheita e a consequente celeridade no processamento da matéria-prima, a oferta do combustível está maior. Aliado a isso, já houve forte queda na demanda pelo etanol hidratado após os preços terem disparado durante o auge na entressafra. A valorização deixou o derivado da cana menos atraente que a gasolina, estimulando uma migração de um combustível para o outro, no caso de veículos com motor flex.

Para o etanol anidro - misturado à gasolina - a trajetória dos preços segue sentido oposto ao do hidratado. "A oferta do produto da nova safra ainda é pequena, enquanto a demanda está aquecida, o que tem dado suporte às cotações nas últimas semanas", afirma o Cepea. Nas duas primeiras semanas de abril, o preço médio do anidro ficou em R$ 2,0653 por litro nas usinas, 30% acima que a média do mês de março.

O preço alto do etanol alimenta discussões no governo e polêmica entre as usinas. A situação chegou a tal ponto que, antes de embarcar para a China, a presidente Dilma Rousseff determinou a "transferência compulsória" do controle e da fiscalização da cadeia do etanol à ANP.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Quanta irritação

DANUZA LEÃO

AOS CEM DIAS do governo Dilma é impressionante o número de vezes em que saiu na imprensa "Dilma se irritou", "Dilma ficou irritada".

A presidente sempre teve fama de geniosa, mas foram tantas as ocasiões em que seu temperamento virou notícia que não dá para acreditar. É bom que ela seja sóbria e fale pouco, o que está sendo um alívio geral. Mas só assim, de memória: Dilma se irritou quando houve o apagão; se irritou com uma tradutora em NY; se irritou com Henrique Meirelles porque ele teria divulgado que imporia condições para ficar no Banco Central; se irritou quando, durante a campanha, foi questionada sobre a volta da CPMF e sobre o aborto; se irritou com a assessoria quando trocou o nome de uma cidade do Nordeste. Essas são apenas algumas das irritações públicas, imagine as privadas.

Lula falava muito, mas só sobre o que queria; não disse nem vai dizer uma só palavra sobre os passaportes especiais concedidos à sua família ítalo-brasileira. Já o estilo de Dilma é confortável. Como fala pouco, não precisa explicar os gastos dos cartões corporativos da Presidência, que aumentaram 8,2% em apenas cem dias, nem as ações do Ministério da Pesca, minha grande curiosidade há anos. Quais estarão sendo os feitos de Ideli Salvatti?

Quem trabalha para o governo não pode piar, pois algumas das irritações presidenciais acabaram em demissão ou em não nomeação -de quem a irritou, é claro. Dilma e Lula não são iguais, mas um traço de seus perfis é parecido: eles não se esquecem dos que, em algum momento, discordaram de seus pensamentos, e esperam a hora para dar o troco. Quando ela chega, é quase como dizia Maquiavel: a bondade deve ser feita aos poucos, a maldade, de uma vez só. Quase: a diferença é que para os amigos, aliados e correligionários, a bondade é tão grande, que basta uma (para cada).

Será que existe no fundo, lá no fundo, um espírito de vingança? Seria um absurdo achar que Dilma tem, em seu caráter, traços ditatoriais -logo ela, que tanto sofreu com a ditadura militar. Mas dentro de um contexto humano, é compreensível que ela se comporte, agora, um pouco como os militares se comportaram. Eles achavam que podiam tudo, agora é ela quem (acha que) pode tudo; faz sentido. Às vezes sua vontade -ou a do seu partido, não sei- extrapola o aceitável quando se fala de uma democracia plena. Brizola -lembra dele, presidente - disse, na primeira posse de Lula: "isso vai ser uma ditadura stalinista".

Presidente, pegue mais leve.
Mesmo tendo recebido uma enorme aprovação, lembre-se que muita gente não votou na senhora. Obrigar o Bradesco a votar pela troca do presidente da Vale -que teve uma atuação brilhante- sob a ameaça de não haver renovação de um contrato que vencerá no fim do ano é inaceitável. E pior: o banco aceitou. Dilma deve estar irritada com as opiniões do ministro Mantega e do presidente da Petrobras, que diferem: um diz que a gasolina vai aumentar, o outro que não vai, e ela não gosta disso.

Não é razoável que um/uma presidente fique irritado/irritada com pessoas que não rezam pela sua cartilha e acham que o Brasil não é um feudo. É um país, e tem dono: pertence aos quase 200 milhões de brasileiros.

Só pressão social pode equilibrar preço do álcool

ENTREVISTA CÍCERO JUNQUEIRA FRANCO 
USINEIRO E EX-COORDENADOR DO PROÁLCOOL DIZ QUE MEDIDAS DO GOVERNO PARA CONTER ALTA DO ETANOL NÃO VÃO DAR RESULTADO

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

O etanol ainda está caro nos postos -apesar da recente queda, depois de 18 semanas em alta- e as desculpas para o aumento são sempre a falta do produto nas usinas e maior viabilidade econômica do açúcar. Há ainda a frota flex crescente.
A solução para o ciclo que torna o consumidor refém do sobe e desce de preço exige "pressão social" contra o governo, avalia Cícero Junqueira Franco, 79, usineiro e um dos ex-coordenadores do Proálcool nos anos 1970.
Para Franco, o Brasil precisa de uma política energética. Ele afirma que as investidas do governo Dilma Rousseff sobre o setor, reveladas na semana passada pela Folha, não vão dar resultado.

Crítico da gestão do ex-presidente Lula, Franco diz que o PT "está entregando o setor sucroalcooleiro para multinacionais". Uma das usinas comandadas por ele, a Vale do Rosário, se uniu à multinacional Louis Dreyfus. Leia a seguir os principais trechos da entrevista, concedida em Orlândia, interior do Estado de São Paulo.

Folha - Por que o senhor acha que os planos de restringir financiamento de bancos oficiais para produção de açúcar não vão funcionar?
Cícero Junqueira Franco -
Essa é uma medida de quem não conhece o funcionamento do setor e, na verdade, só está tentando apagar o fogo do momento. Vão reduzir um financiamento que praticamente é inexistente, são pouquíssimos casos.
Além disso, a produção de açúcar e de álcool usa a mesma matéria-prima e tecnologias na maior parte do processo industrial. Quem produz um produz o outro sem grandes dificuldades.
Quando, de fato, o senhor acha que o consumidor deixará de ser surpreendido pelas altas no preço do etanol?A volatilidade de preço é resultado da falta de uma política para estabelecer um estoque regulador. Isso tem de beneficiar a sociedade como um todo. O consumidor é também responsável e tem de entender isso.
Há diversas formas de pressionar o governo a criar uma política para dar equilíbrio permanente ao preço do álcool. Essa pressão pode ser feita através dos deputados, associações de classe e sociedade organizada como um todo. Não existe um movimento organizado nesse sentido, há só vozes dispersas.
O fato é que tem de haver uma mobilização, uma pressão social por um marco regulatório. E não basta só criar, será preciso monitorar essa política. Essa ação da sociedade vai criar uma reação.
A "reação" será etanol a preço baixo nas bombas?Não necessariamente baixo. O preço baixo pode beneficiar o consumidor, mas também prejudicá-lo. Se isso acontecer [preço baixo], não terá produção e, sem ela, vai faltar produto. O resultado será um prejuízo para o consumidor. Preço baixo não pode ser obsessão, temos de buscar o preço razoável.
Qual seria o preço razoável?Isso só será estabelecido pela relação com o custo da produção. O custo tem de ser equilibrado também. Hoje há um clamor muito grande sobre o custo Brasil, que envolve os fatores que reduzem a competitividade nacional, como impostos e transportes.
Temos de criar uma estrutura para baixar o custo e, consequentemente o preço, sem prejudicar o produtor.

Como o Estado vai poder interferir imediatamente?Política fiscal é uma possibilidade, mas desde que seja bem dosada e utilizada na hora certa. E não pode ser uma solução definitiva. Só que também não se aumenta a produção [de álcool], agora, de uma hora para outra. Para construir uma usina e formar um canavial, demora cinco ou seis anos.
E qual é a solução? Intervenção permanente do Estado?Não, o que falta é uma política estável e segura para o setor. O setor sucroalcooleiro sempre foi a menina dos olhos do PT. Antes de ser governo, era o partido que mais defendia o setor. Depois que assumiu, a política é outra. O PT está entregando o setor sucroalcooleiro para multinacionais. No começo do governo Lula, havia de 4% a 5% de multinacionais no setor. Hoje são mais de 35%.
Por que as empresas estrangeiras vão influenciar no preço do álcool na bomba?A multinacional está interessada no mercado lá fora e não no abastecimento interno. A empresa estrangeira quer ganhar dinheiro lá fora, com açúcar ou álcool.
E o que vai impedir o empresário brasileiro de vender para o exterior quando o preço for conveniente?É por isso que precisamos de um marco regulatório, que o governo tem de estabelecer para não prejudicar o consumidor nacional.

SENADOR DO PT REBATE AS CRÍTICAS

OUTRO LADO 
O senador petista Delcídio do Amaral disse que, ao contrário do que diz Cícero Junqueira Franco, o partido "sempre defendeu o empresário nacional". Para ele, não há como o governo proteger o usineiro brasileiro porque o etanol "já se tornou um business mundial que não vai mais ficar restrito ao Brasil".

GE planeja nova fábrica de painéis solares

ENERGIA
Com investimento estimado em US$ 600 milhões, a empresa quer aumentar sua presença no mercado de energia solar. Ainda não foi definido o local da nova unidade, nos EUA, que empregará 400 trabalhadores de maneira direta. A GE opera atualmente em vários segmentos na área energética.

Tonon Bioenergia prevê duplicar cogeração

Lobão pede que Petrobras participe mais de produção de etanol

sexta-feira, 8 de abril de 2011

CPFL assume o segundo lugar em geração eólica

Energia: Com aquisição da SIIF Énergies, capacidade soma 578 MW

Wilson Ferreira, presidente da CPFL, diz que a empresa passa a ser também uma desenvolvedora de projetos eólicos, com portfólio de 732 megawatts (MW)
Depois de um longo período de ressaca, a CPFL Energia finalmente fechou uma importante aquisição que vai torná-la a segunda maior eólica do país. A empresa da Camargo Corrêa e da Previ anunciou ontem a compra da SIIF Énergies, de um grupo de fundos americanos, em um negócio de R$ 1,5 bilhão. A aquisição vai acrescentar imediatamente 210 MW ao seu parque gerador e em eólicas a companhia chegará a 578 MW, ultrapassando a Renova Energia, mas ainda atrás da empresa argentina Impsa.

A empresa vai desembolsar R$ 950 milhões em dinheiro e assumir uma dívida líquida de R$ 544 milhões. É a maior aquisição da história da empresa desde que foi privatizada em 1998, segundo levantamento feito pelo Itaú BBA que auxiliou a empresa na operação. A aquisição vai colocar a CPFL no fim deste ano como a segunda maior geradora privada do país, atrás somente da Tractebel.

Em energia eólica, a empresa consolida com essa aquisição investimento total de R$ 3 bilhões no setor. Na semana passada, a CPFL já havia anunciado aportes de R$ 600 milhões em parques eólicos que terão energia comercializada no mercado livre. Além disso, com a energia que vendeu nos leilões, vai investir outros R$ 1,5 bilhão.

Os negócios de energia eólica estão movimentando cerca de R$ 25 bilhões no país em investimentos desde que o Proinfa foi lançado pelo governo federal há mais de uma década. Até 2013, somente com os projetos que já tiveram energia comercializada, o Brasil vai atingir cerca de 5,5 mil MW em capacidade instalada. O movimento, desde que o governo passou a negociar eólicas nos leilões de energia, em 2009, já atraiu todos os grandes fabricantes de equipamentos internacionais e também grandes investidores, como a espanhola Iberdrola, que é uma das maiores do mundo.

Os negócios envolvendo energia eólica estão movimentando cerca de R$ 25 bilhões no Brasil em investimentos

Nessa área, a Iberdrola entrou no Brasil no ano passado, chegando como uma das quatro maiores. O negócio começou a atrair também as grandes construtoras brasileiras, como Andrade Gutierrez, que começa a estudar com mais afinco a participação nesse mercado. Mundialmente, o negócio de energia eólica é um dos que mais cresce no mundo, principalmente depois do desastre no Japão que colocou em xeque o crescimento e desenvolvimento da energia nuclear, que é comercializada como uma das menos poluentes.

O presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Júnior, diz que a aquisição da SIIF Énergies é estratégica para a empresa pois agora a CPFL passa também a ser desenvolvedora de parques eólicos. Até agora, a CPFL só adquiriu projetos prontos para levar a leilão. A SIIF tem um portfólio de projetos no Maranhão, Piauí e Ceará que chega a 732 MW. Deste total, 412 MW já estão preparados para terem sua energia comercializada no próximo leilão de energia, que deve acontecer em meados deste ano. Os quatro parques adquiridos e que ficam no Ceará com capacidade de gerar 210 MW estão em operação desde 2009.

O negócio fechado com os fundos americanos Citi Participações, Liberty Mutual e Black River ainda prevê a compra de um parque de 135 MW que fica no Rio de Janeiro. Mas esta operação depende ainda de a SIIF conseguir destravar o parque que precisa ter sua localização alterada. O parque fica próximo ao aeroporto de Cabo Frio, que será ampliado, e não pode ter torres de geração eólica em sua proximidade. A CPFL tem um direito de preferência e pagará R$ 70 milhões se o ativo for destravado e ainda se compromete a investir R$ 600 milhões para colocá-lo em operação.

Os fundos americanos puseram recursos na SIIF em 2007. A também americana AES, que é grande investidora em energia eólica e no Brasil é dona da E letropaulo e da Tietê, tinha debêntures da empresa com direito a transformá-la em ações. Mas foi a CPFL que agora fechou negócio.

Oferta de etanol não sobe no curto prazo, dizem usineiros

O coordenador do Fórum Nacional Sucroenergético, Luiz Custódio Martins, que é o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Minas Gerais, afirmou que a possível taxação das exportações de açúcar e o controle da cadeia produtiva do etanol pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) não deverão ter efeito na oferta de etanol a curto prazo.

"O açúcar está vivendo o pico de mercado em 30 anos e as exportações continuarão ocorrendo, tenha essa taxa o tamanho que tiver", afirmou Martins, para quem "a intervenção será inútil, se não existir regulação que garanta a oferta".
O empresário disse que o setor vai entregar ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, uma proposta de regulação, antes da próxima entressafra. Segundo Martins, os usineiros vão sugerir medidas que garantam a formação de estoque regulador de álcool anidro pelas distribuidoras, com contratos de fornecimento de longo prazo e, destacada do âmbito de uma reforma tributária, a equalização das alíquotas do ICMS sobre o álcool combustível.

"É preciso que se reduza o poder discricionário do governo em relação ao setor, se queremos uma sinalização de que é do interesse do governo manter o álcool na matriz energética", disse.

Martins divulgou a estimativa de safra para Minas este ano. Deverão ser moídas 58 milhões de toneladas de cana, 6,36% a mais do que na safra passada. A produção de etanol deve avançar 2,26%, passando de 2,552 milhões para 2,610 milhões de metros cúbicos, e a produção de açúcar deve avançar 7,56%, atingindo 3,5 milhões de toneladas.

Governo quer cortar dinheiro para usinas

Pacote preparado por ministérios restringe financiamento oficial para quem produzir mais açúcar do que etanol

Ideia é taxar açúcar exportado, acabar com a Cide sobre a gasolina importada e aumentar papel da Petrobras

O governo quer restringir o financiamento de bancos oficiais como BNDES e Banco do Brasil para destilarias de cana que estejam produzindo mais açúcar que etanol e criando problemas na oferta do combustível.
A medida faz parte de pacote fechado pelas pastas da Fazenda e de Minas e Energia para segurar os preços do álcool, que pode ser anunciado por Dilma Rousseff na volta de sua viagem à China.
Outra determinação é para que a Petrobras eleve sua produção de etanol para funcionar como uma reguladora do mercado no país.
O governo quer ainda taxar a exportação de açúcar entre 4% e 5% e deixar de cobrar a Cide (contribuição sobre consumo de combustível usada para financiar a intervenção do governo no setor) da gasolina importada, visando baratear o produto.
Segundo a Folha apurou, a expectativa dos dois ministérios é que a presidente dê o aval final às medidas na volta de sua viagem oficial à China, entre os dias 11 e 15, liberando sua divulgação logo em seguida.
Assessores de Dilma disseram que a intenção do governo é evitar a repetição dos problemas de abastecimento de etanol durante a entressafra do produto, quando as destilarias optam por reduzir a produção do combustível e aumentam a de açúcar.
A ideia é dar mais estabilidade ao mercado e evitar desestímulo à produção de carros flex no país.


DISTORÇÃO
Pela proposta, a partir de agora os bancos oficiais vão financiar as destilarias que produzam só etanol. Nas palavras de um assessor, as destilarias estavam criando distorções no mercado com estímulos do próprio governo. Em 2010, o BNDES destinou R$ 7,58 bilhões ao setor sucroalcooleiro.
Do total de cana projetado para a safra 2011/2012, a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) estima que 45,34% serão destinados a açúcar, e 54,66%, a etanol.
O governo quer que a proporção de álcool seja maior para evitar desabastecimento, mas o setor sucroalcooleiro tem preferido o açúcar, que remunera hoje de 30% a 40% mais que o etanol.
O açúcar foi o grande destaque das exportações do agronegócio brasileiro em 2010, com expansão de 52% das receitas. Com 18% das exportações do setor, o açúcar só ficou atrás da soja, que deteve 22% da vendas.
Fará parte ainda do conjunto de medidas a decisão de transformar oficialmente o etanol num combustível para ser fiscalizado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) e a redução da mistura de álcool na gasolina. Essa última medida será temporária, até que o governo fique regulado com a entrada da safra de cana-de-açúcar.
O governo pretende ainda incentivar a construção de novas destilarias no país.

MERCADO ABERTO

Manutenção... Até 2012, a Ersa Energias Renováveis prevê investimentos em sustentabilidade de R$ 15 milhões para manutenção das 11 PCHs em operação e obras de quatro parques eólicos no RN.

... das pequenas A empresa também construirá uma PCH em Santa Catarina. Durante o período, outros projetos devem ser iniciados.

A cana levou a indústria a Sertãozinho

por Mario Osava, da IPS


Sertãozinho, São Paulo, Brasil, 7/4/2011 – “Uma decepção”, assim foi o contato inicial com sua nova cidade. Era pequena, com metade da população de Barretos, de onde vinha, e “com iluminação fraca”, conta Marcelo Pelegrini ao recordar sua mudança, aos nove anos de idade, em razão da transferência profissional de seu pai.
Era 1975 e começava o Programa Nacional do Álcool para substituir o petróleo, então encarecido, cujas importações estrangulavam a economia brasileira. A consequente expansão da cana-de-açúcar transformou Sertãozinho no centro industrial da principal zona açucareira do Brasil, no nordeste do Estado de São Paulo. A prosperidade, baseada principalmente em suas 550 indústrias e sete usinas produtoras de açúcar e etanol, triplicou sua população desde então, a ponto de agora superar os 110 mil habitantes, igualando-se à vizinha Barretos, com a vantagem de oferecer mais empregos qualificados.

Hoje Marcelo ri de sua impressão inicial da cidade, inclusive porque se tornou um protagonista do dinamismo econômico local, como secretário municipal de Indústria e Comércio, Abastecimento, Agricultura e Relações do Trabalho, desde 2002. Contudo, não administra apenas bonança. A economia de Sertãozinho sofreu o impacto da crise financeira internacional surgida em 2008 nos Estados Unidos, refletida na perda de 2.400 postos de trabalho no município em 2009, depois de um auge que gerou quase 11 mil novos empregos nos quatro anos anteriores, explicou.

“Foi a pior crise de nossa história. Sem crédito, os clientes perderam capacidade de pagar”, muitos projetos foram cancelados ou paralisados e “nossa arrecadação caiu pela metade”, disse Cristiane Câmara Braz, gerente de Mercado da Sermatec, uma das principais fabricantes de grandes equipamentos para a indústria canavieira, como caldeiras ou mesmo usinas completas. O Brasil viveu uma febre de investimentos no setor de 2005 a 2007, o que permitiu inaugurar 55 novas usinas em 2007 e 2008. Mas a crise abortou muitos projetos nos anos seguintes, deixando dívidas impagáveis.

Os efeitos, que atingiram a indústria de Sertãozinho, aparecem também na atual escassez de etanol, que forçou sua importação dos Estados Unidos para abastecer o mercado interno até o começo da colheita deste ano, este mês. Além disso, muitas empresas brasileiras em dificuldades tiveram que vender suas centrais sucroalcooleiras para capitais estrangeiros.

A Sermatec se recupera após mudar sua gestão, desenvolvendo novas tecnologias e buscando novos mercados, como petroleiro, siderúrgico e minerador. Antes, 90% das encomendas eram do setor canavieiro, agora “diversificar é o lema”, disse Cristiane. A empresa tem atualmente 1.200 empregados diretos, após readmitir parte dos demitidos em 2008 e 2009. Domina 40% do mercado nacional de caldeiras de biomassa, procuradas por novos projetos e antigos em fase de modernização, e exporta seus equipamentos, inclusive unidades completas para África e outros países da América Latina.

A indústria de base para o setor canavieiro nasceu, em geral, em oficinas de conserto e manutenção de máquinas e equipamentos açucareiros importados. Depois passaram a fabricar e, em alguns casos, como no da Sermatec, acumularam conhecimentos para projetar e montar usinas inteiras. A história da indústria de Sertãozinho começou com a Zanini, uma oficina criada em 1950 que se converteu em importante indústria de equipamentos pesados nos anos 1970 e desenvolveu inovações tecnológicas. Na década de 1990 sucumbiu à crise do etanol, deixando muitas empresas herdeiras, que aprenderam a trabalhar em conjunto.

Algumas, como a Sermatec, começaram como subsidiárias, outras foram criadas por ex-técnicos da Zanini, cujo sócio e diretor, Maurílio Biagi Filho, é “um visionário que estimulou o espírito empreendedor e formou novos empresários”, reconheceu o responsável de Comunicação do grupo TGM, Adalberto Marchiori. A TGM, com “donos e técnicos procedentes da Zanini”, começou prestando assistência técnica e dando manutenção. Em 1994, passou a produzir turbinas a vapor, acabando por ser a maior fabricante da América Latina, exportando para 30 países, incluindo Alemanha e Estados Unidos. Conta atualmente com 1.100 funcionários.

A grande escala de produção que alcançou a cana no nordeste do Estado de São Paulo criou condições excepcionais para o nascimento e a expansão dessa indústria de base, que emprega 18 mil pessoas em Sertãozinho, segundo Marcelo. Isto representa um terço da mão-de-obra ocupada do município. A tecnologia é desenvolvida em estreita interação com as centrais açucareiras e destilarias, respondendo às suas necessidades. As caldeiras “variam de projeto para projeto”, segundo as condições e os objetivos de cada um, explicou Cristiane. A crescente geração de eletricidade, aproveitando o bagaço da cana, ampliou as usinas.

Com a demanda constante de trabalhadores capacitados, que voltou a crescer depois da crise, o município atrai mão-de-obra de outras cidades e procura formar novos técnicos locais. Várias instituições especializadas ampliaram suas instalações e seus cursos na cidade e o Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Biocombustíveis (Ceise) criou em dezembro sua Universidade Corporativa, junto com um instituto de ensino à distância.

O objetivo é aumentar o conhecimento do setor, promovendo inclusive cursos de Bioenergia, para presidentes de empresas, e outros de gestão, de nível superior, segundo Janaina Calor, gerente-executiva do Centro. O Ceise nasceu em 1980, em Sertãozinho, como uma associação limitada das indústrias locais. No ano passado, decidiu se transformar em um órgão de representação nacional, agregando Br às suas siglas e assumindo a missão de estimular o desenvolvimento do setor industrial sucroenergético.

Para orientar seu futuro, criou um Núcleo de Inteligência Competitiva, com dez comitês de especialistas avaliando aspectos da cadeia produtiva, como inovações, logística e comércio internacional, e novos produtos da cana, como bioquímicos e eletricidade. “Será uma revolução”, afirma o presidente do Ceise-Br, Adezio Marques. Esse setor “era muito desunido e ignorava o conceito da cadeia produtiva”, com industriais açucareiros, cultivadores de cana e indústria de bens de capital negociando separadamente com o governo nacional, até que o Ceise-Br “buscou a unidade”, acrescentou.

A mecanização da colheita no Estado de São Paulo, que deverá estar completa até 2014, ampliou o mercado de máquinas agrícolas, em cuja produção Adezio estima empregar dois milhões de pessoas em toda a cadeia brasileira, que compreende quatro mil empresas, mais serviços de logística, fornecedores de insumos e outras atividades afins.

No item equipamentos para produção de cana, se reconhece como grande inventor Luiz Antonio Pinto, por muitos chamado de “professor Pardal” do setor, fundador da empresa Santal, em Ribeirão Preto, a 20 quilômetros de Sertãozinho. Luiz Antonio construía colheitadeiras, adaptando modelos australianos, desde a década de 1960, mas “custavam mais do que a mão-de-obra” abundante que então chegava do Nordeste brasileiro. Essa indústria se tornou viável ultimamente, ao ganhar “mais eficiência e obter menores custos”, enquanto a mão-de-obra encareceu, explicou.

A proibição, a partir de 2014, da queima da cana para facilitar a colheita manual, deixará o campo para as máquinas. Por isso, a Santal se prepara para produzir colheitadeiras dotadas de esteiras para competir com empresas transnacionais, como as norte-americanas Deere e Case. Das cerca de mil colheitadeiras vendidas anualmente no Brasil, 95% são de esteiras, por serem mais estáveis e compactarem menos o solo. A Santal, que até agora as faz com quatro rodas motrizes, vende apenas 30 a 40 unidades por ano.

A companhia é pioneira na fabricação de veículos de transporte, que levam a cana colhida para os caminhões, que as transportam até a central açucareira e também para as máquinas plantadoras. Entretanto, o invento de Antonio Pinto que, provavelmente, mais contribuiu para o sucesso do álcool, como substituto da gasolina, foi o densímetro, de fácil leitura e instalado em todas as bombas de combustível, que indica a porcentagem de água misturada ao etanol, mostrando sua qualidade como combustível. Envolverde/IPS

quinta-feira, 7 de abril de 2011

ANP confirma estudos para maior regulação do etanol

Agência explicou, porém, que ainda não há decisão sobre o tema, mas ideia é estender tratamento dado ao setor de petróleo

BRASÍLIA - O governo e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estão estudando aumentar a regulação do setor de etanol, confirmou nessa quarta-feira à Reuters o diretor-geral da autarquia, Haroldo Lima.
Ele explicou que ainda não há decisão, mas a agência poderá passar a regular a produção e estabelecer metas. Uma definição deverá sair no curto prazo, ressaltou.
"Há uma decisão de que o assunto vai ser estudado para saber se é viável e a curto prazo", disse Lima ao sair de uma reunião no Ministério de Minas e Energia nesta quarta-feira, para a qual foi convocado na noite de terça-feira.
Ele explicou que a ideia do governo é estender ao etanol o mesmo tratamento dado ao setor de petróleo, o qual a ANP acompanha desde a produção até a distribuição.
"Regular a produção tem algo a ver com o que se faz nos campos de petróleo, onde se tem obrigações, fiscalização da produção e metas de desenvolvimento", disse Lima.
A ANP estabelece metas de produção com os concessionários dos blocos de petróleo adquiridos nos leilões da agência.
"No caso do petróleo e do gás regulamos todo o processo e no etanol a qualidade da produção, só isso", afirmou.
Nesta quarta-feira, o jornal Valor Econômico publicou reportagem sobre a intenção do governo de aumentar a regulamentação do setor de etanol - uma discussão recorrente durante a entressafra da cana - em meio a discussões sobre possíveis problemas de desabastecimento no país.
O alto nível de preço do etanol, devido à baixa disponibilidade do produto, é resultado de vários fatores.
Na última safra as usinas aumentaram a produção de açúcar, em detrimento do etanol, devido ao preço maior do adoçante no mercado internacional.
Ao mesmo tempo, a safra e a capacidade de produção não estão crescendo no ritmo da demanda pelo etanol, que aumenta pelas elevadas vendas de veículos flex.