Para especialista, que virá ao País na próxima semana, líder precisa combinar habilidades técnicas e humanas
Robert Sutton, escritor e professor da Universidade de Stanford
Divulgação
Equipe. Sutton diz que é preciso eliminar as 'maçãs podres'
Consultor e professor da Universidade Stanford, Robert Sutton não é homem de rodeios - algo que fica claro nos títulos de seus livros sobre vida corporativa. Entre as obras de Sutton, algumas disponíveis no País, estão Chega de Babaquice, Chefe Bom, Chefe Mau e Ideias Estranhas que Funcionam. Todo o trabalho do professor, porém, pode ser resumido em uma tarefa: identificar e eliminar as "maçãs podres" de uma equipe.
Sutton, que participará do Fórum HSM de Gestão e Liderança na próxima semana, argumenta que um chefe tóxico emperra o trabalho em equipe - o que, cedo ou tarde, pode se refletir nos resultados da empresa. Ele defende que é preciso buscar o equilíbrio entre habilidades técnicas e humanas nos líderes corporativos. "O mais importante é eliminar a negatividade dentro das organizações", afirma. "As companhias que mais crescem hoje, como Facebook e Pixar, são aquelas que dão chance à experimentação."
As empresas hoje têm uma ideia errada de produtividade?
A produtividade dos trabalhadores é boa tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Entretanto, os melhores níveis estão na França, justamente onde o mercado é regulado para que as pessoas não permaneçam muito tempo no escritório. As empresas de tecnologia estão entre as equipes mais produtivas, pois são cheias de gente jovem e criativa - ao mesmo tempo, isso só é verdade porque muitas têm equipes que vivem para o trabalho. Certa vez, tive um aluno que recusou uma oferta do Google porque não queria trabalhar 16 horas por dia e não ter tempo para a namorada.
Você fala muito dos "babacas" no local de trabalho. Será que quem reclama muito não consegue ver os próprios defeitos?
É importante saber olhar no espelho. Quem reclama do chefe e do clima em todos os empregos geralmente está errado, especialmente se é aquela reclamação carregada de raiva. Mas existe também o "reclamão" de plantão, que se queixa de maneira recreativa. Certa vez ouvi um grupo de engenheiros choramingando e perguntei se eles tinham algo contra a empresa. E eles responderam: "Não, é o melhor lugar em que já trabalhamos na vida."
É importante saber olhar no espelho. Quem reclama do chefe e do clima em todos os empregos geralmente está errado, especialmente se é aquela reclamação carregada de raiva. Mas existe também o "reclamão" de plantão, que se queixa de maneira recreativa. Certa vez ouvi um grupo de engenheiros choramingando e perguntei se eles tinham algo contra a empresa. E eles responderam: "Não, é o melhor lugar em que já trabalhamos na vida."
Seu trabalho recomenda que as empresas saibam "acentuar os pontos positivos".
Mais do que acentuar o que é positivo, acho importante eliminar a negatividade. Se as pessoas trabalham com chefes que as respeitam, tendem a ficar na companhia mais tempo. Defendo que é possível fazer o chamado "trabalho sujo" de chefe, como dar feedback negativo e demitir, de forma humana.
Mais do que acentuar o que é positivo, acho importante eliminar a negatividade. Se as pessoas trabalham com chefes que as respeitam, tendem a ficar na companhia mais tempo. Defendo que é possível fazer o chamado "trabalho sujo" de chefe, como dar feedback negativo e demitir, de forma humana.
Uma "maçã podre" pode ser transformada em um membro produtivo de uma equipe?
Sim, mas dá trabalho. Mudar alguém é compromisso de longo prazo. Tenho o caso de um chefe que era desprezado por toda a equipe, que ainda desconfiava de sua competência profissional. Apesar disso, o CEO da época via talento incrível neste indivíduo. E trabalhou pessoalmente para treiná-lo para lidar com as pessoas e desenvolver humildade. Resultado: hoje, essa antiga maçã podre se converteu no novo CEO. Ele aprendeu algo básico: como chefe, é preciso saber reconhecer os méritos da equipe quando tudo dá certo e assumir a culpa quando as coisas dão errado.
Sim, mas dá trabalho. Mudar alguém é compromisso de longo prazo. Tenho o caso de um chefe que era desprezado por toda a equipe, que ainda desconfiava de sua competência profissional. Apesar disso, o CEO da época via talento incrível neste indivíduo. E trabalhou pessoalmente para treiná-lo para lidar com as pessoas e desenvolver humildade. Resultado: hoje, essa antiga maçã podre se converteu no novo CEO. Ele aprendeu algo básico: como chefe, é preciso saber reconhecer os méritos da equipe quando tudo dá certo e assumir a culpa quando as coisas dão errado.
A estrutura das empresas deve mudar para facilitar a chegada de líderes mais carismáticos aos cargos de chefia?
Sim, mas é preciso ter cuidado para que as habilidades técnicas não sejam esquecidas. Tome-se o caso de Carly Fiorina, que fracassou como CEO da empresa de tecnologia HP. Ela tem ótima comunicação, sabe falar em público, é esperta e carismática, mas não tinha as habilidades técnicas e o conhecimento da indústria para o trabalho. O mesmo aconteceu com o Yahoo!, que trouxe um executivo da indústria do entretenimento para dirigir a empresa, que é basicamente uma empresa de tecnologia e software. E os resultados ficaram piores.
QUEM É
Especialista em gestão e carreiras há mais de 20 anos, Robert Sutton é professor da Universidade Stanford e autor de diversos livros sobre a construção de um ambiente corporativo saudável, entre eles "Chega de Babaquice", que chegou à lista de best sellers do "New York Times". Também atua como consultor de empresas.
Especialista em gestão e carreiras há mais de 20 anos, Robert Sutton é professor da Universidade Stanford e autor de diversos livros sobre a construção de um ambiente corporativo saudável, entre eles "Chega de Babaquice", que chegou à lista de best sellers do "New York Times". Também atua como consultor de empresas.
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