quinta-feira, 31 de março de 2011

Americanos avançam na exportação de etanol

As exportações de etanol dos Estados Unidos em 2011 deverão ultrapassar o volume recorde do ano passado, já que o combustível continua relativamente mais barato no mercado internacional do que o etanol brasileiro feito a partir de cana-de-açúcar, afirmou John Litterio, diretor de vendas de combustíveis renováveis da maior cooperativa americana, a CHS.

Os embarques de etanol dos EUA devem totalizar pelo menos 500 milhões de galões (1,9 bilhão de litros), ante 400 milhões de galões em 2010, com ao menos 200 milhões de galões sendo direcionados ao mercado europeu, segundo Litterio.
"Os Estados Unidos possuem capacidade de produção extra, pelo menos para alguns poucos anos à frente, para se dedicarem ao mercado internacional de etanol", afirmou Litterio em uma pausa do seminário internacional promovido pela consultoria alemã F.O. Licht em São Paulo.

As exportações americanas em 2010 foram quatro vezes maiores que no ano anterior, com o etanol de milho ganhando mercado antes suprido pelo Brasil, onde o combustível registrou forte alta nos preços.

Apesar de analistas acreditarem que o Brasil vá recuperar sua competitividade em algum momento, possivelmente em 2012, Litterio diz que o aumento dos embarques dos EUA colocam o setor "no próximo nível".

"Os Estados Unidos precisam entender que podem ter um papel maior nos mercados globais de etanol", disse. Segundo a CHS, a capacidade instalada nos EUA supera a exigência legal para a produção de etanol em 2011 em mais de 1 bilhão de galões.
Traders acreditam que as exportações totais do Brasil em 2011/12 fiquem estáveis ante a safra passada em cerca de 1,5 bilhão de litros, depois de terem alcançado cerca de 4 bilhões de litros em anos anteriores.

Além de perder mercado europeu para os EUA, o Brasil até mesmo precisou importar etanol americano, com volumes estimados em 200 milhões de litros desde o início do ano, com chegadas do produto devendo ocorrer até meados de abril, quando o processamento local ganha velocidade e preços devem cair, tirando a competitividade do etanol importado.

O etanol hidratado foi negociado ontem a R$ 1.650 por metro cúbico na usina, ante cerca de R$ 2.000 na semana anterior, segundo a corretora Ecoflex, do Rio de Janeiro.

Os preços do etanol brasileiro estavam sendo negociados nas últimas semanas nos maiores níveis em cinco anos, estimulados pelos preços altos do açúcar e por uma produção abaixo do esperado na safra 2010/11.

A CHS, que negocia mais de 650 milhões de galões de etanol por ano, estima que a demanda pelo combustível até 2015 crescerá cerca de 50%, para 32,9 bilhões de galões por ano. A demanda maior continuará sendo atendida por Brasil e Estados Unidos, que fornecerão quase 80% do produto globalmente.

Christoph Berg, diretor da F.O. Licht, concorda que as exportações dos Estados Unidos continuarão altas nesse ano, mas disse que os embarques vão depender da demanda local e do alcance no uso da gasolina com a mistura de 15% de etanol no mercado americano.

Álcool da nova safra faz o preço cair 9% em usinas do centro-sul

Combustível chegou a ser vendido a R$ 2,80/litro; baixa deve demorar a chegar ao consumidor

Queda ocorre porque a produção vai crescer e mais consumidores estão abastecendo seus veículos com gasolina

O preço do álcool mudou de tendência. Após ter registrado preços elevados nas usinas, volta a cair na região centro-sul. A alta nas usinas levou o consumidor paulistano a pagar até R$ 2,80 por litro nos postos, onde a queda não deve ser imediata.

Ontem, o preço de referência do álcool hidratado foi de R$ 1,537 por litro em Paulínia (interior de SP), com recuo de 9,3% em relação ao pico de R$ 1,694 da quarta-feira da semana passada.

O preço atual do hidratado praticado pelas usinas supera em 100% o de há um ano.
É o que mostra o indicador diário de preços do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), que apura o valor de referência do álcool hidratado, tendo como base Paulínia.
Mirian Bacchi, coordenadora das pesquisas de etanol do Cepea, atribui a queda a dois motivos básicos.

"Primeiro, começa a chegar ao mercado o produto da nova safra. Segundo, parte dos consumidores que ainda utilizavam álcool hidratado começou a perceber que, nos preços atuais, o produto deixou de ser atrativo em relação à gasolina."
Analistas de mercado acrescentam outros fatores para a queda. As poucas usinas que, com caixa, ainda mantinham estoques -embora pequenos- acabaram desovando o combustível no mercado diante da perspectiva de recuo dos preços nas próximas semanas.

Além disso, a possível importação de álcool dos Estados Unidos também serviu para conter a alta nos preços.

Olhando para a safra que se inicia, Bacchi diz que a produção de álcool deste ano não dever ser muito maior do que a obtida na safra que se encerra.
Além disso, deverá haver um redirecionamento de parte da cana-de-açúcar para a produção de açúcar, em detrimento da de álcool.

ALTAS E BAIXAS
Cientes desse cenário, os participantes do mercado futuro de etanol hidratado da BM&FBovespa apostam em maior estabilidade dos preços neste ano, ou seja, os preços médios praticados nas usinas devem superar os da safra que se encerra.

Cotado atualmente por R$ 1,54 nas usinas, conforme pesquisa do Cepea, o preço do hidratado deve cair para R$ 1,13 em abril e ficar próximo de R$ 1 de maio a outubro. Volta a subir em dezembro (para R$ 1,16) e atinge o pico em fevereiro de 2012: R$ 1,20 por litro, bem abaixo do atual R$ 1,54 por litro.
Isso é o que o mercado aposta. Pode não ocorrer, mas uma coisa é certa: os consumidores vão pagar mais pelo produto.

Na safra que se encerra, o Cepea registrou preços de R$ 0,82 por litro no final de março. O combustível voltou a subir em abril, mas perdeu força a partir de maio, com os negócios sendo efetuados a valores inferiores a R$ 0,80 por litro.
A redução de oferta, devido à moagem menor de cana-de-açúcar e ao redirecionamento da matéria-prima para a produção de açúcar, provocou a antecipação dos reajustes de preços nas usinas.
No final de setembro, o álcool já era negociado acima de R$ 1 por litro, atingindo R$ 1,694 há uma semana.

Falta ao Brasil uma política consistente para os combustíveis

ANÁLISE PETRÓLEO
O mercado de combustíveis no Brasil esteve conturbado nas últimas semanas. O etanol continua na sua trajetória de preços crescentes, e isso está obrigando à importação de 200 milhões de litros do mercado americano.
É paradoxal ver o Brasil importar etanol de milho -que custa três vezes mais do que o nosso- dos EUA.
Outro fato é o anúncio da Petrobras de que importará 1,5 milhão de litros de gasolina em abril -o Brasil sempre foi exportador. Isso mostra, mais uma vez, que o país não tem política de combustíveis.
No primeiro choque do petróleo, o governo, ao não repassar ao diesel o aumento do barril, provocou a "dieselização" da frota -e lançou o Proálcool, com a obrigatoriedade de misturar etanol anidro à gasolina.
Até então, o combustível mais consumido no Brasil era a gasolina, e as refinarias foram construídas para maximizar a produção desse combustível. A "dieselização" provocou sobra de gasolina, e o país passou a importar diesel.
No segundo choque, em 1979, o governo apresenta a segunda fase do Proálcool, com o lançamento do álcool hidratado para substituir a gasolina -e continua o movimento de "dieselização".
A partir de 1986, com a queda do preço do petróleo, o etanol hidratado perdeu mercado para a gasolina e quase desapareceu.
Com a chegada ao mercado dos carros flex e o aumento do preço do petróleo, o álcool, agora chamado de etanol, ressurgiu como substituto da gasolina.
Eis que surge a atual crise e o que se verifica é que a gasolina não é, e parece que nem será, a alternativa ao etanol.
As razões para o que vem acontecendo remonta às medidas tomadas pelo governo Lula para combater a crise econômica no final de 2008.
Naquela época,
o governo incentivou a venda de automóveis através da isenção de PIS/Cofins e dando prazos maiores para a compra de carros novos. Isso provocou uma grande venda, na quase totalidade, de veículos flex.
Enquanto isso, nem a produção de etanol nem a de gasolina acompanharam o crescimento da frota flex. Em 2010, o consumo de combustíveis cresceu 8,5% diante de um PIB de 7,5%.

Também colaborou o fato de as usinas produzirem mais açúcar, com preços altos no mercado internacional nos últimos três anos. Mais um equívoco tem sido a política de preços da gasolina. O fato de a Petrobras não reajustar o preço da gasolina em função do mercado internacional provoca a inexistência de preços relativos.
Ou seja, neste momento em que o preço do barril supera os US$ 100, a gasolina no Brasil é das mais baratas do mundo. Com isso, a sua maior competitividade frente ao etanol é artificial.
O Brasil carece de uma política de combustíveis, caso contrário a ciclotimia vai continuar -e sempre quem paga a conta é o consumidor. Com a palavra, o governo.

ADRIANO PIRES é diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra Estrutura).

''O mais importante é eliminar a negatividade nas organizações''

Para especialista, que virá ao País na próxima semana, líder precisa combinar habilidades técnicas e humanas

Robert Sutton, escritor e professor da Universidade de Stanford
Divulgação
Equipe. Sutton diz que é preciso eliminar as 'maçãs podres'

Consultor e professor da Universidade Stanford, Robert Sutton não é homem de rodeios - algo que fica claro nos títulos de seus livros sobre vida corporativa. Entre as obras de Sutton, algumas disponíveis no País, estão Chega de Babaquice, Chefe Bom, Chefe Mau e Ideias Estranhas que Funcionam. Todo o trabalho do professor, porém, pode ser resumido em uma tarefa: identificar e eliminar as "maçãs podres" de uma equipe.
Sutton, que participará do Fórum HSM de Gestão e Liderança na próxima semana, argumenta que um chefe tóxico emperra o trabalho em equipe - o que, cedo ou tarde, pode se refletir nos resultados da empresa. Ele defende que é preciso buscar o equilíbrio entre habilidades técnicas e humanas nos líderes corporativos. "O mais importante é eliminar a negatividade dentro das organizações", afirma. "As companhias que mais crescem hoje, como Facebook e Pixar, são aquelas que dão chance à experimentação."
As empresas hoje têm uma ideia errada de produtividade?
A produtividade dos trabalhadores é boa tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Entretanto, os melhores níveis estão na França, justamente onde o mercado é regulado para que as pessoas não permaneçam muito tempo no escritório. As empresas de tecnologia estão entre as equipes mais produtivas, pois são cheias de gente jovem e criativa - ao mesmo tempo, isso só é verdade porque muitas têm equipes que vivem para o trabalho. Certa vez, tive um aluno que recusou uma oferta do Google porque não queria trabalhar 16 horas por dia e não ter tempo para a namorada.
Você fala muito dos "babacas" no local de trabalho. Será que quem reclama muito não consegue ver os próprios defeitos?
É importante saber olhar no espelho. Quem reclama do chefe e do clima em todos os empregos geralmente está errado, especialmente se é aquela reclamação carregada de raiva. Mas existe também o "reclamão" de plantão, que se queixa de maneira recreativa. Certa vez ouvi um grupo de engenheiros choramingando e perguntei se eles tinham algo contra a empresa. E eles responderam: "Não, é o melhor lugar em que já trabalhamos na vida."
Seu trabalho recomenda que as empresas saibam "acentuar os pontos positivos".
Mais do que acentuar o que é positivo, acho importante eliminar a negatividade. Se as pessoas trabalham com chefes que as respeitam, tendem a ficar na companhia mais tempo. Defendo que é possível fazer o chamado "trabalho sujo" de chefe, como dar feedback negativo e demitir, de forma humana.
Uma "maçã podre" pode ser transformada em um membro produtivo de uma equipe?
Sim, mas dá trabalho. Mudar alguém é compromisso de longo prazo. Tenho o caso de um chefe que era desprezado por toda a equipe, que ainda desconfiava de sua competência profissional. Apesar disso, o CEO da época via talento incrível neste indivíduo. E trabalhou pessoalmente para treiná-lo para lidar com as pessoas e desenvolver humildade. Resultado: hoje, essa antiga maçã podre se converteu no novo CEO. Ele aprendeu algo básico: como chefe, é preciso saber reconhecer os méritos da equipe quando tudo dá certo e assumir a culpa quando as coisas dão errado.
A estrutura das empresas deve mudar para facilitar a chegada de líderes mais carismáticos aos cargos de chefia?
Sim, mas é preciso ter cuidado para que as habilidades técnicas não sejam esquecidas. Tome-se o caso de Carly Fiorina, que fracassou como CEO da empresa de tecnologia HP. Ela tem ótima comunicação, sabe falar em público, é esperta e carismática, mas não tinha as habilidades técnicas e o conhecimento da indústria para o trabalho. O mesmo aconteceu com o Yahoo!, que trouxe um executivo da indústria do entretenimento para dirigir a empresa, que é basicamente uma empresa de tecnologia e software. E os resultados ficaram piores.
QUEM É
Especialista em gestão e carreiras há mais de 20 anos, Robert Sutton é professor da Universidade Stanford e autor de diversos livros sobre a construção de um ambiente corporativo saudável, entre eles "Chega de Babaquice", que chegou à lista de best sellers do "New York Times". Também atua como consultor de empresas.

Governo descarta risco de apagão elétrico

RIO - O Plano Decenal de Energia, que o governo deve lançar em abril, com projeções para o período entre 2011 a 2020, aponta para um País em nova fase, sem riscos de fornecimento de energia elétrica. "Estamos em situação privilegiada: temos segurança na oferta e investidores interessados. Vivemos uma situação muito diferente do passado", disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.
Evitando falar em números, para não vazar o relatório, ele frisou que o atual interesse de investidores por novos empreendimentos elétricos já permite ao País adotar maior rigor no acompanhamento dos projetos. Tolmasquim citou o caso das usinas térmicas do Grupo Bertin - a maior parte atrasada no cronograma e sob risco de ter sua concessão cassada.
"Tem que ter penalidades, porque se você não for exemplar, todo mundo pode achar que pode fazer isso sem nenhum problema. Aí sim, o risco é grande", disse, destacando que em leilões anteriores se "ficava mendigando oferta". Para o leilão de energia nova previsto para junho - o chamado A menos 3 (A-3), que prevê entrega de energia para daqui a três anos - ele imagina que haverá uma forte competição, mas somente entre empresas de grande porte.
"Quando não se tem oferta de energia, tem que ser o mais aberto possível, senão não haveria leilão. Tínhamos que reduzir os critérios e entrou qualquer coisa. Mas, agora, estamos num momento que, para o leiloeiro, é o melhor possível. Podemos ser muito rigorosos e vai ter oferta. E muita", disse.

quarta-feira, 30 de março de 2011

MERCADO LIVRE

MERCADO LIVRE
Contrato... Negócios envolvendo os países da Dinamarca e do Brasil serão discutidos em reunião marcada para hoje. O encontro será realizado entre a ministra das Relações Exteriores daquele país, Lene Espersen, e empresários brasileiros.

...energético Durante a reunião, será assinado um contrato de cerca de R$ 40 milhões para exportação de um projeto de eficiência energética para uma usina sucroalcooleira na Bolívia. O projeto foi desenvolvido pela Dedini e pela Danfoss
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Petrobras pode importar mais gasolina se etanol não baixar

Energia : Estatal ainda não pensa em aumentar o preço dos combustíveis

Paulo Roberto Costa: conflito na Líbia, que tem maior peso no preço do petróleo, caminha para uma solução rápida

A Petrobras conta com o rápido desfecho do conflito na Líbia e com o início em abril da safra 2011 de etanol do Centro-Sul para não precisar aumentar nem o preço nem a quantidade importada de gasolina. O diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, contudo, não descarta a possibilidade de fazer nova importação além do 1,5 milhão de barris previstos para chegar em abril.

"Tudo leva a crer que em abril haverá redução do preço do etanol. Se não acontecer, vamos importar mais (gasolina)", afirmou. Costa disse que a importação já contratada virá, basicamente, dos Estados Unidos, mercado que está com excedente de gasolina atualmente. Durante a escassez de etanol do ano passado a Petrobras importou 3 milhões de barris de gasolina.

Este ano, segundo ele, a empresa vem fazendo um esforço grande para aumentar a produção de gasolina das suas refinarias, promovendo, inclusive, a troca de equipamentos (catalisadores). Costa disse que o aumento da quantidade de gasolina está sendo feito sem prejuízo para as quantidades de outros combustíveis nobres, como óleo diesel e querosene de aviação, até porque, segundo ele, vem crescendo a presença de petróleo leve de origem nacional na mistura de óleos refinada no país.
O aumento do preço da gasolina e dos demais combustíveis devido à elevação do preço internacional do petróleo provocado pela instabilidade política no Oriente Médio e norte da África não está sendo cogitado pela direção da Petrobras, afirmou o diretor de abastecimento da empresa.

De acordo com Costa, a direção da Petrobras avalia que o conflito na Líbia, que tem maior peso no preço do petróleo, caminha para uma solução rápida, aliviando a pressão sobre o preço do barril de óleo. Como a empresa tem a política de só reajustar os combustíveis quando fica cristalizada uma mudança de patamar no preço do petróleo - ao contrário do mercado internacional, que reajusta automaticamente os derivados quando o preço do barril de petróleo se modifica -, a aposta atual é de que não será necessário aumentar o preço de refinaria dos combustíveis no país.

A notícia é boa para o governo, que ainda luta para fazer a inflação, que fechou 2010 em 5,91% (medida pelo IPCA), recuar para um patamar próximo ao centro da meta oficial que é de 4,5% para este ano.

terça-feira, 29 de março de 2011

Demanda por álcool exigiria 15 usinas a mais em operação

Só assim seria possível segurar preços, segundo cálculo de professor da FEA/USP de Ribeirão Preto

País tem hoje apenas 4 unidades para entrar em operação neste ano; outros 5 projetos não têm previsão de data


O Brasil precisaria de ao menos 15 novas usinas produtoras exclusivamente de álcool -e já em funcionamento- para conseguir aumentar a oferta do combustível e evitar a alta histórica no preço do produto.

O cálculo -feito com base na produção de carros bicombustíveis e na oferta de etanol- é de Marcos Fava Neves, professor de planejamento da FEA/USP de Ribeirão Preto.

A realidade, porém, é outra para o setor, já que há somente quatro usinas sendo planejadas para entrar em operação ainda neste ano na região centro-sul do Brasil, de acordo com a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar).

Neste mês, com as 436 usinas em operação no país, o país viu o preço do etanol disparar nos postos de combustíveis, ultrapassando a barreira dos R$ 2,80.

A Unica diz que há outros cinco projetos de usinas, mas que não é possível dizer quando sairão do papel, afirma Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da entidade.

"Em empresas fabricantes de maquinário para usina, hoje não há nenhum pedido novo de projeto, de investimento, que teria resposta daqui a três ou quatro anos", afirmou Rodrigues.

Das quatro novas usinas, três estão em Mato Grosso do Sul e uma em Goiás.
Todas iniciarão as atividades produzindo álcool hidratado -para abastecer veículos flex-, mas no futuro poderão fazer açúcar.

PERFIL DAS USINAS
Das 436 usinas listadas no Ministério da Agricultura, 301 são mistas, ou seja, fabricam etanol e açúcar -dependendo da remuneração do mercado, a cana é destinada para um ou outro.

Outras 122 usinas só fazem etanol, e 12, açúcar.
Se o mercado depender de novas usinas para ter alta na produção de etanol, a espera será longa.

Uma usina, após anunciada, precisa de ao menos três anos para ter a primeira safra, que não mói 30% da capacidade instalada, segundo o diretor da Unica.

"Para atingir 100%, só na terceira ou quarta safras. O que vamos crescer até 2012 ou 2013 é fruto de completar a ociosidade dessas plantas que já operam e a volta da produtividade na média histórica", afirmou.

Rodrigues disse, no entanto, discordar da necessidade de 15 usinas para elevar a oferta de etanol.

"A alta do preço na entressafra depende de política para regular o mercado", afirmou o diretor da Unica.

Na visão de Fava Neves, porém, o ritmo lento da expansão das usinas é "a pior notícia que se pode ter" e fará com que "dificilmente" o etanol vendido nos postos volte à faixa dos R$ 1,20.

Aumento do etanol pede investimento no setor, diz USP

Para docente da AgroFEA, preço recorde nos postos é prova de que as empresas da área têm que investir mais

Faculdade lançou ontem o primeiro índice que mede satisfação e desempenho dos fornecedores do setor

O preço recorde do álcool nos postos é a prova de que são necessários mais investimentos no setor sucroalcooleiro para aumentar a produção do combustível no país e evitar esse tipo de alta na entressafra da cana-de-açúcar.


Essa é a análise do professor de estratégias competitivas Roberto Fava Scare, coordenador do AgroFEA (Núcleo de Pesquisas em Agronegócios da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), da USP Ribeirão.

Ontem, em parceria com a Fundace (fundação de pesquisa da universidade) e a empresa Multiplus Feiras e Eventos, o núcleo lançou o primeiro índice que mede a satisfação e o desempenho dos fornecedores do setor sucroalcooleiro.

A pesquisa com 125 empresas de todo o país identificou um índice de 0,69 -em uma escala de 0 a 1-, o que representa que os empresários estão otimistas e acreditam na prosperidade do setor nos próximos meses, diz Scare.

Apurado em fevereiro, o índice não levou em conta a alta histórica no preço do etanol nos postos de combustíveis, mas a próxima medição em abril, segundo o professor, deve apontar ainda mais confiança do empresariado justamente devido à situação.
O raciocínio, segundo ele, é o seguinte: o produto está caro pela baixa oferta, o que significa que serão necessários mais investimentos e, portanto, há expectativa de crescimento do setor.

"O otimismo será ainda maior. Essa situação [falta de etanol e aumento do preço] mostra que é preciso retomar os investimentos para ampliar a produção", afirmou o coordenador do AgroFEA.

Para ele, a produção atual de etanol e a demanda -gerada a partir do crescimento de carros bicombustíveis- indica a necessidade de construção de novas usinas produtoras de álcool.

Cálculo da FEA mostra que o país precisa ao menos de 15 novas usinas produtoras exclusivamente de álcool -e já em funcionamento- para conseguir aumentar a oferta do combustível e evitar a alta no preço nos postos.

Os usineiros rebatem o cálculo. Eles entendem que o equilíbrio entre oferta e demanda depende muito mais de políticas de regulamentação do mercado.

Fornecedores para usinas estão confiantes

Para chegar ao índice de 0,69 de confiança dos fornecedores do setor sucroenergético, os responsáveis pelo levantamento consideraram oito itens -com respostas dos próprios empresários- para embasar o resultado.

O objetivo, de acordo com Maurício Jorge Pinto de Souza, professor do Departamento de Economia da FEA e responsável pela metodologia, foi encontrar uma ponderação que refletisse a maneira como os gestores avaliam condições do mercado.

As 125 empresas que responderam à pesquisa avaliaram aspectos atuais e expectativas sobre a economia brasileira, o sistema agroindustrial sucroenergético, as condições dos fornecedores do setor como um todo e de suas próprias empresas.
Para cada um dos oito itens (quatro atuais e quatro futuros), atribuiu-se um valor e, por meio de uma média simples, definiram-se dois índices (um atual e outro futuro). Por fim, uma média ponderada entre eles fornece o nível de confiança.

Valores acima de 0,50 pontos indicam que os empresários estão confiantes. Segundo Souza, os pontos atribuídos às expectativas têm peso maior no cálculo.
Os 0,69 obtidos em fevereiro indicam uma confiança dos fornecedores do setor maior que a dos empresários em geral, que foi de 0,61 no primeiro bimestre, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Pequenos reclamam da exigência de certificação

A certificação do conteúdo local preocupa pequenos operadores e fornecedores da indústria de petróleo, que veem o mecanismo como fator de aumento de custos. A medida, introduzida a partir da 7ª rodada de licitações, em 2005, exige que o concessionário obtenha dos fornecedores de bens e serviços as devidas certificações de seus produtos. As atividades de certificação são executadas por entidades credenciadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Paulo Buarque Guimarães, secretário-executivo da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), disse que a certificação está elevando o custo dos projetos. Segundo ele, está sendo difícil obter os certificados de conteúdo local porque muitas vezes o fornecedor não está preparado. Guimarães disse que, em média, os associados da Abpip só certificaram até agora entre 15% e 20% dos itens certificáveis.

Já a Petrobras tomou a iniciativa de contratar certificação de cumprimento do conteúdo local mesmo para projetos cujos contratos foram assinados antes da exigência da ANP, em 2005. "A Petrobras foi muito proativa nisso. Está aferindo mesmo em projetos em que não precisa. E com isso ela está enxergando melhor a metodologia de conteúdo local. A Petrobras está vendo o que de fato é um problema e o que não é", afirmou Magda Chambriard, diretora da ANP.

Especialistas próximos de empresas de petróleo dizem, no entanto, que é difícil a verificação do compromisso de conteúdo local. Antes da 7ª rodada a comprovação do conteúdo perante a ANP era declaratória. Bastava o concessionário apresentar uma nota fiscal de empresa brasileira com declaração do fornecedor de que o item era de origem nacional.

Guimarães, da Abpip, diz que a entidade propõe que não haja exigência de certificação na fase de exploração e que na fase de desenvolvimento da produção itens abaixo de determinado valor não deveriam ter certificação. Ele criticou o conteúdo local: "O mecanismo não é suficiente para ter uma indústria forte, só está aumentando o custo Brasil." (FG e CS).

Fornecedores para usinas estão confiantes

Para chegar ao índice de 0,69 de confiança dos fornecedores do setor sucroenergético, os responsáveis pelo levantamento consideraram oito itens -com respostas dos próprios empresários- para embasar o resultado.
O objetivo, de acordo com Maurício Jorge Pinto de Souza, professor do Departamento de Economia da FEA e responsável pela metodologia, foi encontrar uma ponderação que refletisse a maneira como os gestores avaliam condições do mercado.

As 125 empresas que responderam à pesquisa avaliaram aspectos atuais e expectativas sobre a economia brasileira, o sistema agroindustrial sucroenergético, as condições dos fornecedores do setor como um todo e de suas próprias empresas.
Para cada um dos oito itens (quatro atuais e quatro futuros), atribuiu-se um valor e, por meio de uma média simples, definiram-se dois índices (um atual e outro futuro). Por fim, uma média ponderada entre eles fornece o nível de confiança.

Valores acima de 0,50 pontos indicam que os empresários estão confiantes. Segundo Souza, os pontos atribuídos às expectativas têm peso maior no cálculo.
Os 0,69 obtidos em fevereiro indicam uma confiança dos fornecedores do setor maior que a dos empresários em geral, que foi de 0,61 no primeiro bimestre, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Açúcar ganha mais força na malha da ALL

Logística: Parceria com Noble Group agrega 1 milhão de toneladas à rede

Leandro Martins Gasparin, gerente comercial das áreas de açúcar e fertilizantes da
ALL: a partir de parcerias com clientes, açúcar deverá "desbancar" soja

O açúcar deverá "desbancar" a soja em grão e se tornar o produto - agrícola ou não - mais transportado pela malha ferroviária da América Latina Logística (ALL) nos próximos anos. Parceria recém-assinada pela companhia com a trading asiática Noble Group deverá agregar um movimento de mais 1 milhão de toneladas em São Paulo a partir de 2012, turbinando um volume total de açúcar que em 2011 já deverá ultrapassar a barreira de 10 milhões de toneladas.

De acordo com Leandro Martins Gasparin, gerente comercial das áreas de açúcar e fertilizantes da ALL, com esse aumento a tradicional liderança da soja em grão nos trilhos da empresa deverá ser superada, ainda que a soma entre os movimentos de grão e farelo tenda a manter o chamado "complexo soja" no topo. Tanto o açúcar quanto a soja vivem bons momentos nos mercados internacional e doméstico, com demanda aquecida e preços nas alturas.

ALL e Noble já mantêm acordo para o escoamento de grãos, e o estreitamento da relação a partir da nova parceria em açúcar segue um dos modelos preferidos pela companhia de logística. O Noble fará um investimento de R$ 45 milhões em um terminal de transbordo ferroviário de açúcar em Votuporanga, no interior paulista, e a ALL, em contrapartida, garantirá o escoamento do produto, sobretudo ao porto de Santos, para exportação.

O terminal de Votuporanga só deverá entrar em operação em meados de 2012. Mas, como a parceria da ALL com a Rumo Logística, controlada pela Cosan, também deverá gerar um movimento superior a 8 milhões de toneladas de açúcar em 2011, Gasparin estima que o volume total da commodity escoado aos portos de Santos e Paranaguá, no Paraná, já será superior a 10 milhões de toneladas neste ano.

Neste caso são "toneladas úteis", como frisa o executivo da ALL. Na tabela ao lado, que mostra a movimentação de commodities na estrutura da empresa nos dois últimos anos, o indicador utilizado é a "tku", ou tonelada por quilômetro útil. "O aumento dos investimentos dos clientes na ferrovia é estratégico", diz Gasparin. Em Votuporanga, a capacidade estática será de 75 mil toneladas. E o volume inicialmente previsto de 1 milhão de toneladas, segundo a ALL, poderá depois crescer para 2,5 milhões.

"A Noble do Brasil sente-se honrada em investir na região, promovendo crescimento econômico e gerando empregos", afirma Maurício Mizhari, presidente da subsidiária, em comunicado conjunto divulgado pelas empresas. Procurado pelo Valor, o Noble Group não concedeu entrevista.

Em dezembro passo, a trading asiática surpreendeu o mercado e adquiriu as duas usinas do Grupo Cerradinho, de Catanduva, também em São Paulo. Antes desse negócio, já contava com duas unidades sucroalcooleiras, em Sebastianópolis e em Votuporanga. Quando estiverem com capacidade plena, essas duas últimas terão capacidade para processar entre 9 milhões e 10 milhões de toneladas por safra.
No acordo firmado com a ALL, o Noble também se comprometeu a reformar 240 vagôes graneleiros destinados ao transporte de açúcar, de acordo com a ALL.

Usinas eólicas chegam ao mercado livre

Energia: CPFL e Tractebel anunciam investimentos de R$ 1,2 bilhão, num total de 300 megawatts

Wilson Ferreira Junior, presidente da CPFL, diz que novos projetos precisam garantir retorno mínimo ao acionista

A energia dos ventos vai efetivamente chegar ao mercado livre neste ano. Em menos de cinco dias, duas grandes empresas do setor, a CPFL Energia e a Tractebel, anunciaram investimentos de R$ 1,2 bilhão em dez parques eólicos que terão capacidade de gerar 300 MW. Essa energia será comercializada exclusivamente neste mercado. As duas empresas abrem assim um potencial de mercado que está sendo muito cobiçado pelos grandes fundos de 'private equity' no país, que hoje tem participações em empresas de energia e estão interessados em rentabilizar mais efetivamente os projetos de energias alternativas por meio da venda a consumidores livres.

O presidente da CPFL, Wilson Ferreira Junior, diz que seus acionistas aprovaram um investimento de R$ 600 milhões em cinco parques que terão capacidade de gerar 150 MW. Ele explica que os projetos tendem agora a sair do papel porque o governo regulamentou a forma de medir a chamada energia assegurada desses empreendimentos. Esse cálculo permite obter quanto de energia, na média, é gerada durante o ano. Com os investimentos já comprometidos pela CPFL em leilões do governo federal, o total de projetos eólicos vai somar R$ 1,5 bilhão a serem aplicados em dois anos. Todos eles com turbinas da alemã Wobben.

A empresa, entretanto, ainda tem muitos desafios pela frente para conquistar mercado de geração nos próximos anos. De fora dos grandes empreendimentos hidrelétricos da Amazônia leiloados nos últimos anos, a empresa se prepara para participar da disputa das usinas da bacia do Teles Pires e também do rio Tapajós. Mas Ferreira garante que vai priorizar o retorno mínimo a seus acionistas.

O último leilão em que a CPFL participou foi o da hidrelétrica de Teles Pires. Com uma tarifa um pouco superior a R$ 70, a empresa (associada à Cemig e Andrade Gutierrez) perdeu a disputa para Neonergia, que ofereceu R$ 58 de tarifa. Como Neoenergia e CPFL têm um sócio em comum, a Previ, logo o mercado entendeu que seria a Camargo Corrêa o acionista que estaria travando o crescimento em geração da empresa.

No passado, executivos da Previ entendiam que havia um conflito latente na CPFL já que a Camargo é uma construtora e disputa contratos para as construções de hidrelétricas. Por seu lado, a Neoenergia teria mais liberdade de contratar a construtora que desse o menor preço. A nova administração do fundo de pensão, entretanto, não tem essa visão da empresa, mas está atenta à competição que existe no mercado construção pesada e como isso influencia a CPFL.

Mas não foi só a CPFL que perdeu o leilão de Teles Pires. Outra gigante do setor, a GDF Suez, saiu do leilão na última hora apesar de ter a Eletronorte, empresa que mais estudou o projeto, como sócia na disputa. A empresa tem seus próprios problemas com as usinas de Jirau e Estreito, que tiveram seus custos elevados ao longo da construção. Dessa forma, Teles Pires acabou se tornando bastante arriscada. A usina tem menos de quatro anos para ser construída e não tem ainda licença ambiental. Os acionistas da GDF Suez na Europa não aprovaram que a empresa no Brasil sequer desse um lance no leilão.

E parece ser na energia eólica que estes grupos vão buscar rentabilizar seus sócios em novos investimentos de geração. A subsidiária do grupo franco belga, a Tractebel, anunciou na semana passada que seu conselho de administração aprovou um investimento de R$ 625 milhões em cinco parques eólicos e toda a energia será vendida no mercado livre. Os equipamentos serão fornecidos pela Siemens e o pacote eletromecânico é da WEG. Os parques têm previsão de ficarem prontos em outubro de 2012. Os da CPFL estão previstos para o terceiro trimestre de 2013 e ainda dependem da aprovação da energia assegurada pela Aneel.

As duas empresas são tradicionais no setor de comercialização. Por produzirem energia hidráulica, elas acabam competitivas pois, têm os riscos de perdas comerciais quando minimizados caso os ventos não soprem. A complementariedade às hidrelétricas é bastante efetiva. Por este motivo, quem está de olho nesse mercado é a Omega Energia, empresa que gera energia por meio de pequenas centrais hidrelétricas e pertence aos fundos Tarpon e Pincus (um dos maiores do mundo). Recentemente, o presidente da Omega, Antônio Augusto Bastos, disse ao Valor que em função dos preços apertados da energia eólica nos leilões do governo, seria no mercado livre que a empresa iria maximizar retorno.

Usinas solares iniciam operação comercial no Brasil

Os grandes consumidores de energia do Brasil poderão, em breve, adquirir energia solar no mercado livre, ainda que, de início, a preços elevados.
A Eletrosul, empresa do sistema Eletrobras, inicia a construção, em Florianópolis, de uma usina para captar luz do sol. Deve gerar a partir do ano que vem.
Outro projeto, da MPX, entra em operação no final de abril no Ceará.
"Não há parques do tipo no país. Ainda são comuns apenas os coletores residenciais", afirma o presidente da Eletrosul, Eurides Luiz Mescolotto, que embarcou para a Alemanha nesta semana para tratar do financiamento com o banco KfW, instituição que já atua no negócio de crédito de carbono no país.


A usina deve gerar 1,2 GWh/ano. O volume vai para a rede de distribuição.
Ainda incipiente no Brasil, para as empresas que contratarem a energia solar, o modelo deve ser mais útil como marketing. Os preços ainda não foram estimados.
"Vai ser cara por causa dos equipamentos, que são importados, e que, por isso, não podem ser financiados pelo BNDES aqui.
Mas vamos oferecer um selo verde, que atesta o uso de energia limpa pela empresa que consumir", afirma.
"É um negócio comum na Europa e está ganhando peso no Brasil", diz Marcelo Mesquita, da Abrava (associação de refrigeração, ventilação e aquecimento).
A MPX já montou 4.680 painéis. Seu projeto começa com capacidade de 1 MW, mas já tem autorização ambiental para 5 MW e área para 50 MW.


Por "questões estratégicas", a empresa também não comenta ainda sobre preços. O apoio financeiro é do BID.

Usiminas faz investimento em Ipatinga

A Usiminas irá até o final deste ano tornar sua usina de Ipatinga (MG) autossuficiente na produção de aço líquido desgaseificado, uma matéria-prima para a produção de aços galvanizados e de chapa grossa, próprios para a indústria automobilística e de óleo e gás. Atualmente, a empresa traz parte deste insumo da subsidiária Cosipa, em Cubatão (SP). A unidade paulista concentra no momento o maior investimento na atividade de produção de aço da Usiminas e não terá mais excedente de insumo para mandar à unidade mineira.

Ao longo deste ano, a empresa irá investir R$ 152 milhões na modernização da aciaria 2 e a capacidade de produção do aço líquido irá passar de 1 milhão para 1,8 milhão de toneladas anuais, ou 40% da capacidade total de produção de Ipatinga. Segundo o diretor de engenharia da empresa, Marcos Paulo Penna Cabral, os equipamentos que estão sendo instalados, fornecidos pela subsidiária Usiminas Mecânica e pela acionista Nippon Steel - divisão de engenharia -, vão permitir a retirada de impurezas do aço. Esta purificação também aumenta a maleabilidade do aço, ponto fundamental para o fornecimento para a indústria automobilística. Neste semestre, a empresa inaugura nova linha de aços galvanizados, apta a fazer 500 mil toneladas/ano, cujo mercado alvo é o automobilístico.

Cabral não soube precisar os valores, mas parte dos recursos virão dos bancos estatais de fomento do Brasil e do Japão - o BNDES e o JBIC. "Hoje somos os únicos produtores nacionais de chapas grossas e esta nossa capacidade de atender a produtos de alta qualificação vai nos dar uma vantagem comparativa muito grande no mercado na hora em que entrarem concorrentes na produção nacional", afirmou.
Outros grupos siderúrgicos, como o Gerdau, começam a se preparar para produzir chapas grossas no país. O grupo de origem gaúcha, proprietário da Açominas, em Ouro Branco (MG), está instalando na usina dois laminadores - um de chapa grossa e outro de aços laminados a quente.

O investimento em siderurgia concentra 63% das inversões totais da Usiminas anunciadas para este ano. Dos R$ 2,8 bilhões que a empresa pretende aplicar em 2011, R$ 1,773 bilhão serão canalizados para a siderurgia, que sempre foi a principal atividade da empresa. O principal investimento em curso é o laminador de tiras a quente em Cubatão. A entrada em operação do equipamento fará com que toda sua produção de aço líquido seja consumida na própria unidade.

A companhia vem investindo na mineração de ferro - sua principal matéria-prima - e em operações portuárias. Outro foco é a geração de energia, a partir de recuperação de gases das aciarias e coquerias. "Nosso objetivo é sermos 100% autossuficiente em energia até 2015, afirma o presidente, Wilson Brumer. A empresa irá investir neste ano R$ 550 milhões na área de mineração para aumentar a capacidade de extração de minério de ferro.

Petrobras compra pouco, dizem fabricantes

O slogan do Prominp, programa coordenado pelo governo para aumentar a participação das empresas nacionais como fornecedoras de bens e serviços da indústria de petróleo e gás, diz: "Agora é assim - tudo que pode ser feito no Brasil tem que ser feito no Brasil." Na prática, porém, especialistas e fornecedores da indústria reconhecem que não tem sido assim.

Os fabricantes reclamam que a Petrobras, maior operadora e investidora do país, compra muito pouco no mercado brasileiro. A estatal informa que houve grande aumento na política de contratação de bens e serviços no setor de óleo e gás. Segundo a empresa, o conteúdo nacional mínimo passou de 57%, em 2003, para 77,34%, em 2010. Mas para fontes do setor o percentual é menor porque equipamentos importantes, incluindo grandes máquinas dos módulos de geração e compressão das plataformas, por exemplo, continuam sendo importados.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, avalia, porém, que a indústria brasileira fornecedora de bens e serviços "está ganhando competitividade de maneira muito rápida e a política de imposição de conteúdo local, amparada na busca de preços, prazos e qualidade competitivos, tem sido a mola-mestre desse desenvolvimento".
Lobão disse que a exigência de conteúdo local não pode ser considerada uma política de reserva de mercado. Existem incentivos importantes que beneficiam as empresas nacionais, diz. "Posso afirmar que o setor que fornece bens e serviços para a indústria do petróleo é um dos segmentos mais desonerados do país, no que se refere a tributos federais."

Lobão informou ainda que "os fornecedores da Petrobras e toda a cadeia de fornecedores desses fornecedores já dispõem de acesso a crédito (não apenas do BNDES) com condições bastante atrativas."

Ele admitiu que as plataformas e navios construídos no Brasil ainda são mais caros do que no exterior, mas acha que não é possível ignorar o fato de que existe manipulação artificial de moedas por parte de alguns países exportadores e também a adoção de subsídios e trabalhos sub-remunerados. "Mas o nosso entendimento é de que não se sai da condição de não supridor para a condição de supridor e competitivo sem que se passe por uma curva de aprendizagem."

Lobão afirmou que as primeiras plataformas produzidas no país custavam 30% a mais do que no mercado asiático, o que atribui ao fato de aqueles estaleiros já serem investimentos maduros com alto grau de automação. "Essa diferença, nas últimas plataformas, já caiu para algo em torno de 10% e as sete sondas de perfuração recém-contratadas pela Petrobras foram arrematadas pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS) dentro do preço esperado", ressalta Lobão. No mercado, há dúvidas se o EAS conseguirá entregar as sondas no preço prometido, de US$ 664,28 milhões por unidade.

O ministro disse ainda que a política de conteúdo local não limita o desenvolvimento, vai permanecer e deve até ser ampliada, já que o governo "vem trabalhando em conjunto com operadoras e supridoras de bens e serviços para propiciar a elevação das exigências de conteúdo local hoje praticadas". Segundo Lobão, a posição do Ministério de Minas e Energia, e também do governo federal como um todo, é de que a exploração dessa riqueza não deve trazer benefícios apenas para as empresas de petróleo, mas também para toda a população.

"O desenvolvimento de uma indústria forte e competitiva enquadra-se nessa premissa, gerando empregos e renda no país e abrindo espaço para investimentos que deverão modernizar nosso parque industrial, possibilitando até mesmo a exportação de bens e serviços", afirma o ministro. (CS e FG).

Pequenos reclamam da exigência de certificação

A certificação do conteúdo local preocupa pequenos operadores e fornecedores da indústria de petróleo, que veem o mecanismo como fator de aumento de custos. A medida, introduzida a partir da 7ª rodada de licitações, em 2005, exige que o concessionário obtenha dos fornecedores de bens e serviços as devidas certificações de seus produtos. As atividades de certificação são executadas por entidades credenciadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Paulo Buarque Guimarães, secretário-executivo da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), disse que a certificação está elevando o custo dos projetos. Segundo ele, está sendo difícil obter os certificados de conteúdo local porque muitas vezes o fornecedor não está preparado. Guimarães disse que, em média, os associados da Abpip só certificaram até agora entre 15% e 20% dos itens certificáveis.

Já a Petrobras tomou a iniciativa de contratar certificação de cumprimento do conteúdo local mesmo para projetos cujos contratos foram assinados antes da exigência da ANP, em 2005. "A Petrobras foi muito proativa nisso. Está aferindo mesmo em projetos em que não precisa. E com isso ela está enxergando melhor a metodologia de conteúdo local. A Petrobras está vendo o que de fato é um problema e o que não é", afirmou Magda Chambriard, diretora da ANP.

Especialistas próximos de empresas de petróleo dizem, no entanto, que é difícil a verificação do compromisso de conteúdo local. Antes da 7ª rodada a comprovação do conteúdo perante a ANP era declaratória. Bastava o concessionário apresentar uma nota fiscal de empresa brasileira com declaração do fornecedor de que o item era de origem nacional.

Guimarães, da Abpip, diz que a entidade propõe que não haja exigência de certificação na fase de exploração e que na fase de desenvolvimento da produção itens abaixo de determinado valor não deveriam ter certificação. Ele criticou o conteúdo local: "O mecanismo não é suficiente para ter uma indústria forte, só está aumentando o custo Brasil." (FG e CS).

segunda-feira, 28 de março de 2011

Sermatec participará junto com a Apla de missão na República Dominicana

Açúcar... A Sermatec, que fornece equipamentos para o mercado de açúcar e etanol, pretende fechar negócios de US$ 12 milhões a US$ 20 milhões com empresas da República Dominicana.

Governo quer R$ 37 bi para inovação

Nova versão da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), a ser divulgada em abril, mira em competitividade e pede mais verba para pesquisa 
27 de março de 2011 | 23h 00

Fernando Dantas e Alexandre Rodrigues, de O Estado de S.Paulo

RIO - Com o retorno a posições estratégicas no governo de alguns de seus mais destacados defensores, o foco na inovação volta a ganhar força e deve ser destaque da segunda versão da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), a ser divulgada em abril.
Mirando a competitividade, a chamada PDP2 terá como uma das principais metas a elevação do gasto privado anual em pesquisa e desenvolvimento para algo entre 0,9% a 1% do PIB até 2014. Em valores atuais, algo em torno de R$ 37 bilhões. Hoje o porcentual é de apenas 0,5%.
A primeira PDP, de 2008, mesmo incluindo incentivos à inovação, acabou mais voltada aos segmentos mais competitivos da indústria, boa parte setores tradicionais ligados a recursos naturais. Agora, a formulação da PDP2 está sendo fortemente influenciada pela reforço da visão, dentro do governo, de que é preciso inovar em toda a base industrial para enfrentar a concorrência dos outros países nos mercados interno e externo.
"Não é todo investimento que gera inovação, mas, para aumentar a taxa de investimentos em geral, tem de inovar", define o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Glauco Arbix, representante do grupo defensor da inovação que voltou ao governo com a posse da presidente Dilma Rousseff.
Ele integra um time ligado aos ministros Antonio Palocci (Casa Civil) e Aluizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), que ganhou força neste início do governo Dilma, e está dividindo a definição da estratégia industrial do País com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.
Como presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Arbix foi um dos formuladores da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (Ptice), de 2004, primeira iniciativa de Lula nesse campo, com forte foco em inovação. Sem resultados significativos, a Pitce foi substituída em 2008 pela PDP, que, com a saída dos grupos de Palocci e Mercadante do governo, ficou sob forte influência de Mantega e Coutinho.
Pragmatismo. A primeira PDP visou uma ação mais pragmática de incentivo à indústria, com foco em elevar a minguada taxa de investimento brasileira. O plano foi atropelado pela crise financeira mundial, poucos meses depois do estabelecimento da principal meta da PDP: elevar a taxa de investimento a 21% do PIB.
Com a crise global, a taxa caiu de 18,7% em 2008 para 16,9% em 2009, reforçando ainda mais o foco nos investimentos. Em 2009, a taxa recuperou-se para 19% do PIB.Na nova PDP, elevar a taxa de investimento permanecerá como um objetivo crucial, mas com a visão de que a indústria brasileira perdeu competitividade estrutural nos últimos anos e que a prioridade agora deve ser a inovação.

Governo quer atrair empresas para projeto

CNI vai apresentar propostas para o plano de Política de Desenvolvimento Produtivo
27 de março de 2011 | 23h 00

Alexandre Rodrigues e Fernando Dantas, de O Estado de S.Paulo
RIO - Além de conciliar as duas distintas visões para a nova política industrial (leia abaixo), o governo vem atrasando a definição da nova Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) para ampliar a adesão do setor privado ao plano. Na semana que vem, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) entrega ao governo um documento com uma série de sugestões para a PDP.
"Noto que houve uma mudança no novo governo, e o Ministério da Ciência e Tecnologia agora tem uma visão mais empreendedora de como fazer os recursos para a inovação chegarem nas empresas. Até agora, o governo tem incentivado muita geração de conhecimento, mas pouca transferência disso para a produção", diz o presidente da CNI, Robson Andrade.
Além da conhecida pauta de desoneração fiscal dos investimentos e combate ao custo Brasil, os empresários querem participar mais da governança da política industrial, aumentando o número de segmentos atendidos pelas ações setoriais: "Acreditamos que a nova política não deve ser setorizada. No Brasil, todos os setores são estratégicos."
"Inovação hoje é obrigação de todo e qualquer setor da economia", concorda Glauco Arbix, garantindo que há mais convergência do que disputas no governo entre os defensores do investimento em volume e os que veem a inovação como um caminho para diversificar uma base industrial mais competitiva. "Podemos fazer as duas coisas, combiná-las, mas a fraqueza do Brasil está na inovação e ela é que deve ser o coração e o Norte", diz.
O diretor de Planejamento do BNDES, João Carlos Ferraz, indica que, após três meses de conversas, o consenso parece ter se firmado. Braço direito de Luciano Coutinho na formulação da primeira PDP, ele afirmou que o aumento do investimento continuará sendo "a grande obsessão", mas com uma concentração maior na recuperação da competitividade da indústria. "Perdemos competitividade no plano industrial", admitiu Ferraz, na semana passada, na Suíça.
O grupo de Aloizio Mercadante e Arbix, que trouxe para a Finep outros nomes ligados à Pitce, como o diretor de Inovação João De Negri (que havia sido desligado da diretoria adjunta de Estudos Setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Ipea), defende que a elevação das taxas de inovação depende de um forte e coordenado apoio financeiro do setor público, como mostram as experiências de vários países.
Para aumentar os recursos, Mercadante está propondo a criação de novos fundos setoriais para vitaminar o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal fonte de recursos da Finep. Hoje, o FNDCT reúne 15 fundos setoriais, como os de petróleo e energia elétrica, mas é presa recorrente dos contingenciamentos fiscais.
O orçamento de R$ 3,3 bilhões do FNDCT perdeu 20% no recente corte orçamentário de R$ 50 bilhões. A Finep contornou a situação e conseguiu R$ 1,75 bilhão via BNDES, que foi vitaminado por um novo empréstimo do Tesouro de R$ 55 bilhões.
Para acabar com a necessidade de tapar buracos, outro plano do grupo é transformar a Finep num banco, uma espécie de BNDES da inovação, imune aos cortes e com capacidade de alavancar desembolsos diversificando suas fontes, inclusive recorrendo ao mercado. A proposta foi levada ao Banco Central, mas Arbix sabe que não dará frutos em menos de quatro anos. Enquanto isso, a intenção é dobrar o orçamento da Finep e triplicar o número de empresas fomentadas pela agência até 2014.
Os recursos públicos para inovação no Brasil subiram mais de 200% na última década, mas isso não foi o suficiente para elevar o investimento privado a 0,65% do PIB, uma das metas frustradas da PDP. Esse indicador está estacionado em torno de 0,5% do PIB, enquanto o investimento público chega a quase 0,6%.
A participação do setor público na inovação em relação ao PIB no Brasil já é superior à taxa de países como Reino Unido (0,56%) e China (0,36%), segundo comparação da Finep com dados de 2008 e 2007. No entanto, a taxa do investimento privado em pesquisa e desenvolvimento (P&D) nesses dois países têm desempenho muito melhor: 0,89% e 1,01%, respectivamente. É esse efeito que a PDP2 vai buscar.
Segundo a última Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), do IBGE, só 33,4% das indústrias inovam no Brasil. Os setores com maior taxa de inovação são dominados por multinacionais, como o automotivo (83,2%), o farmacêutico (63,7%) e o químico (58,1%). O elevado custo dos investimentos, os riscos, a falta de pessoal qualificado e a escassez de financiamento são os principais obstáculos apontados pelos empresários para inovar. / COLABOROU JAMIL CHADE

UE anuncia nova cota para açúcar

Tendências:

A União Europeia anunciou na sexta-feira medidas preventivas para assegurar o abastecimento de açúcar em seus 27 países-membros em 2012. O pacote abre uma cota de importação de 400 mil toneladas, a partir de janeiro, destinadas ao setor industrial, basicamente para o segmento químico. Além disso, a UE, que tem autorização da OMC para exportar 1,3 milhão de toneladas, decidiu dar o sinal verde para apenas 650 mil toneladas de açúcar e outras 50 mil de isoglucose.

Essas medidas serão adotadas no ano fiscal que começa em outubro e ilustram a preocupação europeia com o abastecimento diante do aperto no mercado mundial da commoditity. "Com essas medias, os operadores receberam um forte sinal de que é atrativo produzir açúcar", afirmou a UE em comunicado.

Bruxelas nota que, no atual "marketing year", os preços mundiais de açúcar bruto e refinado atingiram níveis excepcionalmente altos, afetando o mercado europeu. Essa situação levou a UE a adotar "medidas excepcionais" para garantir o abastecimento também este ano, entre elas a abertura de uma cota de 300 mil toneladas livre de tarifas.

O bloco também liberou a venda no mercado interno de 500 mil toneladas do açúcar "fora da cota" - ou seja, a produção que excedeu os limites nacionais autorizados. Normalmente, esse excedente só podia ser exportado ou destinado a fins não alimentares, como produção de etanol ou uso na indústria química. No começo do ano, Bruxelas suspendeu a taxa de € 500 por tonelada sobre o açúcar fora da cota que poderá ser vendido para fins alimentares.

Esse suprimento adicional de 800 mil toneladas chegará ao mercado europeu nos próximos meses para atenuar as pressões altistas sobre o preço. Dependendo da situação, a UE diz que está pronta a considerar "medidas adicionais, incluindo o aumento da cota de importação". Em 2009/10, a UE importou de 2,5 milhões e 3 milhões de toneladas. O volume crescerá em 2011 e 2012.

O Comitê Europeu de Fabricantes de Açúcar (Cefs) acredita que as medidas terão pouco efeito, porque se há escassez de produto no mercado internacional, dificilmente os europeus poderão importar mais para atender suas necessidades. A entidade reitera que, no começo do ano, quando a UE sinalizou que facilitaria as importações, os preços internacionais subiram. Teoricamente, o Brasil deveria ser beneficiado pela necessidade europeia, se tivesse mais açúcar para vender. De qualquer forma, se os preços subirem, o país tende a ser favorecido.

Siemens vai dividir área industrial

Reestruturação:

A Siemens vai dividir em duas suas operações no setor industrial, para aproveitar a demanda por infraestrutura em expansão acelerado nas maiores cidades do mundo.
Numa reunião extraordinária do conselho supervisor, hoje, Peter Löscher, o executivo-chefe, deverá apresentar um plano para reorganizar parte de seus negócios industriais em um novo "setor de infraestrutura", segundo disseram duas pessoas a par da situação.

O quarto setor do grupo poderá incluir negócios que irão de trens urbanos a redes elétricas inteligentes, tecnologia de construção e soluções para carros elétricos. A iniciativa enfatiza o quanto as megacidades do mundo, que vêm crescendo rapidamente, se tornaram mais importantes para as companhias do setor industrial. Hoje, 600 das maiores cidades respondem por cerca de metade do PIB mundial, número que deverá crescer.

Ela representa outra grande reorganização após Löscher ter finalizado a estratégia de seu antecessor de moldar os negócios da Siemens em três setores: indústria, energia e cuidados com saúde.

O setor industrial emprega mais de metade dos 405 mil funcionários da Siemens, teve receita de € 34,87 bilhões (US$ 49,45 bilhões) no último exercício social e produz de tudo, de lâmpadas a trens de alta velocidade.

A reorganização está dentro de uma estratégia anunciada no fim do ano passado por Löscher, de acelerar o crescimento com produtos e serviços "verdes", além das receitas nos mercados emergentes e megacidades.

"Vemos essas cidades como um ponto focal especial para a expansão de nossos negócios", disse em janeiro o executivo-chefe austríaco. "É aí que a demanda por nossas inovações, ou expressando em termos gerais, a demanda por soluções de infraestrutura ecologicamente corretas está concentrada."

A reestruturação surge no momento em que o grupo considera a venda da unidade de iluminação Osram e a criação de uma divisão de serviços separada dentro do setor industrial.

CNI quer flexibilizar projeto que cria selo contra discriminação às mulheres

Iriny: "Precisamos do cadastro. Temos que superar a informalidade com que são tratados os dados. O projeto busca melhorar as informações sobre as empresas"

A Câmara dos Deputados vota em abril projeto de lei que pretende classificar as empresas brasileiras entre discriminadoras ou não das mulheres. O texto prevê a criação de um selo distintivo para as que se destacarem na aplicação de políticas de igualdade e um cadastro negativo de empregadores responsáveis por atos discriminatórios. Também torna obrigatório o oferecimento de creches, próprias ou conveniadas, aos filhos de funcionárias que estejam em idade pré-escolar.

A bancada dos empregadores da Casa, porém, com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), atua para flexibilizar as medidas que a proposta implementa. Em linhas gerais, a instituição avalia que o projeto é inconstitucional, contém dispositivos baseados em acordo internacional não ratificado pelo Brasil e que, em vez de facilitar, impede o acesso e ascensão da mulher no mercado de trabalho.

O projeto, apoiado pelo governo e articulado pela bancada feminina da Câmara, cuja coordenadora é a deputada Janete Pietá (PT-SP), passou pelo colégio de líderes nas últimas duas semanas. Chegou a ser anunciado que entraria na pauta, mas houve oposição do PSDB, que redigiu um novo substitutivo e o encaminhou à liderança do governo para ser negociado.

Nele, o partido elimina a obrigatoriedade quanto às creches. "Esse artigo é desnecessário, visto que a CLT já prevê que estabelecimentos em que trabalharem pelo menos 30 mulheres são obrigados a ter local apropriado onde seja permitido guardar sob vigilância e assistência os seus filhos no período de amamentação", escreveram os técnicos do PSDB na justificativa. Afirmam ainda que a norma, "da forma como está redigida, obriga todas as empresas, independente do número de empregados, a fornecer creches".

O PSDB também se posiciona contrário à criação, em cada empresa, de uma comissão interna de promoção da igualdade, conforme prevê o projeto da bancada feminina. A ideia é que esta comissão, composta por 50% de mulheres, faça um diagnóstico anual com informações sobre a política salarial e a composição feminina dos cargos de chefia da empresa. O resultado de seu trabalho servirá, inclusive, de parâmetro para a concessão do selo pelo governo. Seus integrantes gozariam de estabilidade, não podendo sofrer demissão arbitrária. Se ela ocorrer, está prevista a inversão do ônus da prova, no caso de uma eventual ação judicial na Justiça trabalhista.

"As empresas devem ter um órgão mediador para receber as queixas de descumprimento da lei, mas não com a estrutura proposta no substitutivo", diz a justificativa do PSDB. "O objetivo não é criar conflito, é apaziguar as relações, num trabalho de promoção da igualdade. Situações em que a comissão mediadora não alcançar sucesso, o empregado deve ir à Justiça do Trabalho", conclui.

O PSDB propõe ainda suprimir o trecho do projeto que trata do cadastro negativo. Avaliam que ele transformará a promoção da igualdade "em constante litígio". O posicionamento é semelhante ao da CNI, que avalia ser o cadastro "inconveniente e desnecessária". Argumenta que, "sem que a irregularidade apontada tenha sido objeto de devido processo legal, consiste em violação constitucional aos princípios gerais da atividade econômica".

Quanto ao selo distintivo, a instituição empresarial avalia que "melhor seria se iniciativas dessa natureza partissem das próprias empresas, como imposição decorrente da livre competição, sem qualquer intervenção estatal, para evitar-se que ele se transforme em veículo de discriminação de acesso ao mercado, bem como se torne obstáculo para a concessão de financiamento pelo Estado".

O projeto sofre também oposição de diversos representantes da bancada dos empresários distribuídos tanto em partidos da oposição, como DEM e PSDB, como da base governista, como PMDB, PR e PP.

Para a ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Iriny Lopes, o projeto é "extremamente importante" pois cria condições objetivas para as mulheres se colocarem e ascenderem no mercado de trabalho. "Precisamos do cadastro. Como você faz monitoramento se não tem cadastro? Temos que superar definitivamente essa informalidade com que são tratados os dados. O projeto busca melhorar, neste particular, as informações sobre as empresas", disse.

A ideia do selo, segundo ela, relaciona-se aos selos já existentes conferidos a empresas que investem em sustentabilidade. "É um selo equivalente, pois a maneira como a empresa é vista passa ser diferente. É bom para as empresas terem." Licenciada do posto de deputada federal pelo PT-ES, ela afirma que, se for necessário, serão feitas negociações para que ele possa ser aprovado.

"Não adianta fazer um projeto incisivo e não ter voto para aprovar. Aquela Casa é um espaço para negociar", disse. De acordo com ela, se o projeto for aprovado e sua secretaria considerar que não houve avanços, outras medidas serão apresentadas