Ampliação das usinas existentes, instalação de novas unidades, nacionalização e diversificação de portfólios. A crescente demanda do setor elétrico por equipamentos tem motivado os fornecedores instalados no país a investirem na expansão de suas atividades, de forma a conquistar fatias do mercado e resistir às investidas de players estrangeiros.
"Estamos otimistas em relação ao futuro", afirma Carlos Roberto Hohl, diretor de desenvolvimento de negócios da ABB. Nem mesmo o assédio de fornecedores de outras regiões do planeta, como os chineses, mudam esse panorama. "Estamos no Brasil há muito tempo. Compreendemos o mercado e os clientes brasileiros e estamos aumentando nossa produção. Isso é uma vantagem competitiva", diz Hohl.
Segundo ele, o Brasil está entre os principais mercados do grupo, motivando o desenvolvimento de um plano de crescimento que deverá absorver investimentos de US$ 200 milhões até 2015. "Nosso objetivo é mais do que duplicar o volume de negócios e duplicar o número de funcionários", acrescenta. "Fechamos 2010 com 3.800 colaboradores e já estamos contratando gente", afirma o executivo, acrescentando que a empresa enfrenta o desafio de encontrar profissionais qualificados.
Como parte do plano de expansão, a ABB inaugurou fábricas. A de Guarulhos vai produzir painéis de baixa e média tensão e a de Blumenau, transformadores de distribuição a seco. A companhia também anunciou recentemente a aquisição de uma nova planta em Sorocaba para fabricar equipamentos de baixa tensão, além de motores, acionamentos e automação.
Para Hohl, todos os segmentos do setor elétrico deverão oferecer oportunidades. Os apagões registrados em São Paulo e as explosões de bueiros no Rio de Janeiro são indicadores da necessidades de investimentos das concessionárias em suas redes. A ABB está recebendo encomendas de projetos de transmissão de energia elétrica da nova fronteira do setor elétrico, que são as usinas localizadas no Norte do país, em plena Região Amazônica.
O grupo ABB adquiriu recentemente a Ventyx, empresa líder no fornecimento de software para energia global, concessionárias, comunicações, e outros negócios. A empresa produz soluções nas atividades de comercialização de energia e gerenciamento de riscos, operações e análises de energia, além de soluções de software para planejamento e previsão de necessidades de eletricidade, incluindo fontes renováveis. "Esses produtos nos permitem oferecer soluções para instalação das smart grids ou redes inteligentes, que aumentam o nível de automação e confiabilidade das redes elétricas, principalmente no que se refere a distribuição", diz o diretor da ABB.
Instalada no Brasil desde o início do século passado, a GE também está otimista em relação aos efeitos do crescimento econômico nos mercados nos quais atua. Em agosto, o presidente e CEO da GE América Latina, Reinaldo Garcia, anunciou que os investimentos de US$ 550 milhões, projetados para o período entre 2011 e 2013 no Brasil poderá ser ampliado, em virtude das oportunidades proporcionadas pelo crescimento econômico do país - as atividades da companhia no Brasil terão expansão de 30% em 2011.
"Em relação ao setor elétrico, mantemos uma expectativa altíssima", acrescenta Marcelo Prado, diretor de marketing para América Latina. Segundo ele, a companhia produz no país artigos destinados tanto para o segmento de geração de energia à base de combustíveis fósseis, como para o de fontes renováveis.
Uma das áreas em que a empresa está apostando é na de geração eólica. Segundo Prado, a companhia recebeu encomendas de cerca de 700 turbinas eólicas para os próximos anos - 60% dos equipamentos são produzidos no Brasil.
Prado acrescenta que a companhia também olha como oportunidade a possibilidade de projetos de novas usinas termelétricas a gás natural serem incluídos na matriz energética. Em agosto último, projetos de usinas a gás voltaram a ser leiloados pelo governo federal, depois de três anos sem a presença dessa fonte nos certames. Dos 2.744,6 MW comercializados, 38% foram projetos de geração térmica a gás natural.
"Acreditamos que o Brasil manterá essa rota de crescimento econômico e, por isso, temos ampliado a nossa produção", afirma Marcos Costa, vice-presidente para a América Latina do setor de energia da Alstom Brasil Energia e Transporte Ltda. A empresa está ampliando unidades existentes e instalando novas plantas para atender ao crescimento das encomendas.
No início do ano passado, por exemplo, a Alstom, em parceria com a Bardella, inaugurou, em Porto Velho (RO), a Indústria Metalúrgica e Mecânica da Amazônia (IMMA), fábrica de equipamentos destinada a atender à demanda proporcionada pela usina Santo Antônio, em construção no rio Madeira. "A unidade permitirá o atendimento a outros projetos de geração da Região Amazônica, como as usinas de Belo Monte e Teles Pires", diz Costa. O vice-presidente da Alstom acrescenta que o posicionamento da fábrica permitirá o atendimento das necessidades de outros países, como o Peru e o Equador, que contam com projetos de geração hidrelétricas.
A Alstom também tem atuado no atendimento à crescente procura por equipamentos para geração eólica. Em junho, por exemplo, firmou contrato, no valor de € 200 milhões, com a empresa Brasventos visando o fornecimento de 86 turbinas para a construção de três parques eólicos no Rio Grande do Norte.
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