terça-feira, 23 de novembro de 2010

Petrobras dedica novas refinarias ao mercado interno


Ricardo Rego Monteiro   (rmonteiro@brasileconomico.com.br) | Correspondente do Brasil Econômico no Rio de Janeiro
18/11/10 16:03 

Refinaria Abreu e Lima teve orçamento revisto de US$ 4 bilhões para US$ 13,3 bilhões

 
Companhia muda estratégia para unidades do Maranhão e do Ceará e desiste de exportar derivados de petróleo.
 
A Petrobras decidiu praticamente abrir mão das exportações de derivados para os mercados americano e europeu, nos próximos anos, para atender ao consumo crescente do produto no Brasil.
O diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, confirmou ontem que terá que desviar para o mercado brasileiro não só a produção da futura refinaria Premium 1, prevista para o Maranhão, mas também da Premium 2, que a empresa planeja erguer no Ceará, até 2018, na área do porto de Pecém.
A medida representará oferta adicional de 1,2 milhão de barris por dia de derivados para o consumidor brasileiro quando as duas unidades, originalmente projetadas para exportação, estiverem em plena operação.
Enquanto a Premium 1 começará a processar o equivalente a 300 mil barris por dia em 2014 - de um total de 600 mil barris até 2016 -, a Premium 2 tem inauguração prevista para 2017, quando processará os primeiros 300 mil barris de derivados. Pelo cronograma da estatal, os 300 mil barris restantes deverão começar a ser processados no ano seguinte.
Ontem, Costa anunciou a mudança na estratégia de longo prazo da companhia e justificou a decisão como consequência de um crescimento acima da média do consumo de derivados de petróleo no país, que em 2010 superou o próprio crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Mas também como reflexo de projeções do próprio governo de alta de 5,9%, para os próximos quatro anos, do total de riquezas produzidas no país.
Costa avalia que, se este cenário para 2014 for confirmado, os US$ 78,7 bilhões de investimentos previstos pela área de Abastecimento da Petrobras, no mesmo período, serão até insuficientes para suprir toda demanda do mercado interno.
"A estratégia mudou, Atender ao mercado brasileiro é a prioridade", justificou Costa, ao lembrar que os consumidores nacionais respondem por praticamente 85% do faturamento da Petrobras com derivados.
"Atualmente, nossas refinarias já operam com fator de capacidade de 90%, acima da média das demais refinarias no mundo. E isso é muito, levando-se em consideração a necessidade de paradas técnicas para manutenção nas unidades. Daí nossos investimentos em refino se justificarem."
O diretor descartou, pelo menos por ora, confirmar investimentos em novas refinarias para atender a demanda projetada para os próximos anos. Todos os investimentos em refino atualmente em curso estão incluídos no Plano de Negócios que compreende o período 2010 e 2014.
O executivo evitou se comprometer até mesmo com a inclusão de novos projetos no próximo Plano (2011-2015), ao argumentar que ainda não começou a discuti-lo na empresa.

Zerar importações
 
Embora a Petrobras tenha alcançado a autosuficiência na produção de petróleo em 2006, ainda importa uma fração de petróleo leve de países como Iraque, Arábia Saudita e Nigéria. As compras se destinam não só à mistura com o petróleo pesado, para a composição de um blending de óleos no processo de refino, mas também para fabricação de lubrificantes.
O executivo revelou, no entanto, que a perspectiva é de zerar tais importações até 2014, caso a substituição do produto pelo petróleo leve do pré-sal se revele tecnicamente viável. Com a entrada em produção das novas refinarias, acrescentou, a autosuficiência também deverá se estender aos derivados de petróleo.
Fonte: Brasil Econômico.

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