segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Bovespa quer se tornar referência de preço do etanol


A BM&FBovespa monta uma estratégia de médio prazo para se tornar a referência internacional no preço do etanol e ser um veículo para financiar o setor nos próximos anos. A Bolsa de São Paulo alerta que o setor do etanol precisará de investimentos de US$ 8 bilhões por ano apenas para atender à demanda de açúcar e combustível até 2014.
A ofensiva vem num momento em que o setor do etanol no Brasil passa por uma transformação profunda. Consolidações estão ocorrendo e a projeção é de que, em 2015, 40% da produção nacional já esteja nas mãos de estrangeiros. Mas a constatação também é de que parte da expansão do setor terá de passar pelo mercado financeiro e por uma maior integração com as bolsas.
A ideia da Bolsa de São Paulo é a de se consolidar como um 'farol' do preço do etanol, da mesma forma que Nova York serve de base para o café e a soja segue as tendências da Bolsa de Chicago. Um dos argumentos da Bolsa de São Paulo é que o Brasil é hoje um dos países que menos intervêm nos preços do etanol e, portanto, seria o mercado onde a commodity tem um comportamento de preço mais parecido com o de um mercado livre.
Um primeiro passo foi dado em maio, com o lançamento dos contratos de etanol com liquidação financeira. O contrato é cotado em reais e, na avaliação de Ivan Wedekin, diretor de commodities da Bolsa, a iniciativa está contribuindo para a maior transparência no mercado.
Apenas seis meses depois, já são 4 mil contratos de etanol sendo negociados por mês. Wedekin aponta que processo está apenas começando e aposta em uma expansão ainda maior nos próximos meses.
Um número considerado ideal seria atingir 50 mil contratos de etanol por mês. Para a Bolsa, outra vantagem da integração ao mercado financeiro é que investidores poderão criar uma espécie de hedge e reduzir os riscos de seus projetos.
Chicago. Outra iniciativa da Bolsa de São Paulo é acelerar seu processo de internacionalização. A entidade já tem acordos com a Bolsa de Chicago, que, de certa forma, é a concorrente direta da bolsa paulista.
Para 2011, a meta da Bolsa de São Paulo é a de já ter contratos de soja negociados em Chicago. 'Participantes brasileiros poderão negociar contratos de Chicago na própria bolsa brasileira', explicou Wedekin. 'Isso facilitará a vida de quem não pode participar de Chicago', disse, lembrando que o investidor não precisará mandar dólar para o exterior.
No Brasil, os contratos de derivativos de commodities representam apenas 0,7% do movimento da Bolsa. No mundo, as commodities representam 5,2%. Os especialistas, portanto, acreditam que o Brasil tem um importante potencial de expandir nesse setor.
Segundo dados da BM&FBovespa, os números de contratos de derivativos de commodities em setembro de 2010 já superou o pico de julho de 2008, antes de a crise econômica explodir. Em setembro, foram mais de 160 mil contratos negociados.
Hoje, a Bolsa de Valores de São Paulo comercializa o equivalente a 30% da safra de milho. Nos Estados Unidos, a mesma safra é alvo de contratos 20 vezes o seu valor a cada ano.
Acordo
IVAN WEDEKIN
DIRETOR DE COMMODITIES DA BOVESPA
'Negociar contratos de Chicago na própria bolsa brasileira facilitará a vida de quem não pode participar da Bolsa de Chicago'
Fonte: Estado de S. Paulo

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