A associação entre Alexandre Grendene e Jonas Barcelos no setor sucroalcooleiro está se evaporando no ar. Um dos maiores nomes da indústria calçadista no Brasil, Grendene quer pular fora do negócio. Inicialmente, tentou resolver a questão dentro de casa. Ofereceu sua participação de 50% na Usina da Mata, em Valparaíso (SP), ao próprio Barcelos, dono do restante das ações.
No entanto, o controlador da Brasif negou-se a ficar sozinho no negócio. Grendene, agora, busca no mercado um comprador para as suas ações. Recentemente, manteve conversações com a francesa Tereos, dona da Açúcar Guarani. No entanto, o candidato mais forte ao negócio vem da Ásia.
Trata-se da indiana Shree Renuka, que já investiu no país mais de US$ 1 bilhão, a maior parte na compra das usinas do Grupo Equipav. Ressalte-se que a venda das ações de Grendene na Usina da Mata para a Shree Renuka depende de uma complexa operação triangular.
O futuro das negociações está nas mãos do fundo Olam International, com sede em Cingapura. O private equity, que mantém uma parceria com o grupo indiano, terá de financiar boa
parte, se não a totalidade do negócio. Caso contrário, no que depender exclusivamente do ímpeto dos indianos, dificilmente a operação será consumada.
Embora tenha captado cerca de US$ 800 milhões para novas aquisições no Brasil, a Shree Renuka está sofrendo uma crise de inapetência. No momento, suas atenções estão voltadas para o desafio de equacionar o elevado endividamento e a queda da
rentabilidade de suas usinas no Brasil.
Não por acaso, a Olam International quer aproveitar o momento de fragilidade do parceiro para avançar algumas casas. Aceita entrar com os recursos necessários para o desembarque do grupo indiano na Usina da Mata. No entanto, vincula o auxílio à aquisição de uma
participação de até 20% no capital da Shree Renuka no
Brasil.
Grendene assiste a tudo com inquietação. Neste momento, sua saída da Usina da Mata está condicionada a conversas sinuosas que se desenrolam no eixo Índia-Cingapura. A decisão de Alexandre Grendene de dar um ponto final à associação com Jonas
Barcelos não está necessariamente ligada ao desempenho
da Usina da Mata.
Na verdade, o empresário decidiu dar meia-volta, volver no processo de diversificação de seus investimentos. Nos últimos
anos, entre outras operações a léguas de distância da indústria calçadista, Grendene firmou uma parceria com os Ermírio de Moraes na área siderúrgica. Agora decidiu que é melhor calçar os velhos e confortáveis sapatos
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