quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Weg fecha parceria de R$ 70 milhões com Cestari

Na operação, a Weg vai adquirir 50% mais uma ação da joint venture


A Weg fechou um acordo com a Cestari Industrial e Comercial para a constituição de uma parceria para o desenvolvimento, a fabricação e comercialização de redutores e motorredutores.
A joint venture pode atingir uma receita líquida de cerca de R$ 70 milhões neste ano, segundo o comunicado divulgado nesta quarta-feira (19/10) pela fabricante de equipamentos eletroeletrônicos.
Na operação, a Weg vai adquirir 50% mais uma ação da joint venture, que vai ser composta dos ativos relacionados à fabricação de redutores de velocidade da Cestari, cuja sede fica em Monte Alto, em São Paulo.
"A joint venture entre Weg e Cestari vai combinar as soluções de motores elétricos e sistemas de automação industrial oferecidas pela Weg e os redutores de velocidade e motorredutores desenvolvidos pela Cestari em pacotes de soluções integradas", informa a nota da Weg.




Fabricação de geradores atrai grandes grupos

O grupo francêsa Alstom, líder no fornecimento de turbinas hidrelétricas no Brasil, prepara-se para disputar o ascendente mercado nacional de geração eólica, a energia gerada pela força dos ventos.
Negócio em ascensão no Brasil, a geração eólica já criou uma demanda superior a 3.000 geradores, somente com os projetos contratados em leilões feitos pelo governo brasileiro.

Atualmente, há no país 7.200 MW de capacidade contratada que será instalada ao longo dos próximos anos, o equivale à metade brasileira de Itaipu.
Instalada em Camaçari (BA), a fábrica da Alstom será a sexta de geradores eólicos no Brasil. A unidade poderá montar 300 MW em geradores por cada ano, diz Marcos Costa, vice-presidente de geração da Alstom. Além da francesa, empresas como Wobben, Impsa, GE, WEG e Gamesa já abriram unidades no país. Outras fabricantes, como a dinamarquesa Vestas, a alemã Fuhrländer e a indiana Suzlon, também devem chegar para disputar uma fatia do mercado brasileiro. Há ainda estudos da norte-americana Clipper Wind e da Siemens. 
Até o fim de 2012, o país poderá ter fábricas de geradores eólicos capazes de fornecer 4.600 MW em equipamentos. A oferta pode fazer que o preço da energia eólica continue a cair.
(AGNALDO BRITO)

BNDES deve financiar R$ 8 bi para eólicas

Valor é de pedidos de financiamento para a energia a partir do vento; empréstimos em 2011 chegarão a R$ 4,5 bi 

Brasil tem grande potencial por ventos bons e constantes; crise nos EUA e Europa atrai fabricantes para o país

Operário faz soldagem na fábrica da Alstom em Taubaté 

LEILA COIMBRA
DO RIO

Os investimentos em energia eólica no país estão em franca expansão. Um dos termômetros desse comportamento, a carteira de pedidos de financiamento junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), disparou neste ano e atingiu R$ 8 bilhões. Os desembolsos do banco para parques eólicos em 2011 devem chegar a R$ 4,5 bilhões, segundo estimativa da chefe do departamento de energia elétrica do banco, Márcia Leal. A carteira representa os pedidos de empréstimo, enquanto os desembolsos são os recursos efetivamente liberados.
Se a expectativa do banco se concretizar, representará um crescimento de mais de 14.000% sobre as liberações de empréstimo do ano passado -de R$ 649 milhões. Nos nove primeiros meses de 2011, esse valor já quase triplicou e atingiu R$ 1,6 bilhão. A explicação para a explosão dos investimentos em energia eólica está em dois pilares. O primeiro é o potencial efetivo do Brasil, com ventos bons e constantes.
O segundo é a crise na economia mundial, especialmente com a retração dos investimentos de EUA e Europa em energia eólica, que fez com que o Brasil atraísse grandes fabricantes de equipamentos de aerogeração. "Há seis anos havia apenas três fabricantes de equipamentos eólicos no país. Hoje eles são 13", diz o diretor-executivo da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), Pedro Perrelli.

Agora empresas como Impsa, Wobben, GE , Vestas, Suzlon , Gamesa, Alstom e Siemens têm fábricas de equipamentos e aerogeradores em solo brasileiro.
A possibilidade de nacionalização dos componentes e o interesse de grupos multinacionais em produzir esse tipo de energia alternativa no país acirraram a competição nos leilões de energia promovidos pelo governo e jogou os preços para baixo. 
"Há uma redução de 20% a 25% em média nos preços da energia eólica a cada ano, e isso está fazendo com que ela seja mais competitiva ante outras fontes energéticas", diz o gerente de energias alternativas do BNDES, Luis André Sá d'Oliveira.
Nos últimos cinco leilões de energia realizados desde 2009, foram contratados 5.785 MW (megawatts) de potência instalada. Hoje a energia eólica representa menos de 1% da matriz de geração nacional, mas, até 2014, quando todos esses projetos estiverem concluídos, chegará a 5% da capacidade instalada de geração no país.
O número de investidores interessados em instalar parques eólicos não para de crescer. Hoje são 27 empresas: desde Petrobras e Eletrobras, como construtoras como Odebrecht e Queiroz Galvão, a grupos privados de energia como CPFL e Neoenergia.

ETH e Amyris usarão cana para produzir intermediário químico

DO COLUNISTA DA FOLHA - A ETH Bioenergia, que inaugura mais uma usina nas próximas semanas e elevará a capacidade de moagem de cana para 37 milhões de toneladas na safra 2012/13, dá mais um passo em direção à criação do conceito de biorrefinaria, que visa a retirada do maior valor agregado possível de um quilo de cana. A ETH e a californiana Amyris Inc. assinaram memorando ontem para a formação de uma joint venture para a produção de farneseno renovável, um derivado da cana com aplicações nas indústrias cosmética, farmacêutica, de fertilizantes e que serve como intermediário químico.

Essa produção trará mais valor agregado, principalmente porque esse é um produto com interesse tanto do mercado interno como do externo, diz José Carlos Grubisich, presidente da ETH Bioenergia. As duas empresas passam agora para a análise dos custos e do projeto. A unidade industrial para a produção do biofarneseno ocorrerá dentro de uma das usinas da ETH.

Os investimentos, ainda não definidos, deverão ficar entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões. As duas empresas esperam que o novo produto já esteja no mercado em 2014. O objetivo é ter escala para que o produto permita, inclusive, a produção de biodiesel vindo da fermentação da cana. A ETH destinará até 2 milhões de toneladas de cana para a produção do biofarneseno. Na próxima safra, a empresa terá 26 milhões de toneladas de cana à disposição para moagem. (MAURO ZAFALON)

Copom ratifica apostas do mercado de redução moderada de juro

Banco Central trabalha com certa ousadia ao aceitar um pouco mais de inflação para não prejudicar muito a atividade econômica


BRASÍLIA - Exatamente como esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou o juro em 0,50 ponto porcentual. A aposta prevalecia entre os economistas e foi consolidada no início do mês após indicação dada pelo próprio presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Há duas semanas, o responsável pela taxa Selic defendeu que reduções "moderadas" do juro, como a realizada de agosto, são suficientes para levar a inflação ao centro da meta em 2012.

Após a surpresa generalizada com a diminuição da taxa em 0,50 ponto em agosto, economistas passaram por um gradual processo de compreensão do chamado "novo BC" capitaneado por Tombini. Ao longo dos últimos 49 dias, o mercado entendeu que a autoridade monetária do governo de Dilma Rousseff trabalha com certa ousadia ao aceitar um pouco mais de inflação para não prejudicar muito a atividade econômica. Por isso, o mercado acredita que os cortes continuarão até, pelo menos, o primeiro trimestre de 2012.

Apoiado pelo Palácio do Planalto e Ministério da Fazenda, o BC também aposta que a inflação cairá pelo menos 2 pontos porcentuais nos próximos meses porque a economia vai crescer menos, o que reduzirá a demanda interna. A crise internacional também ajuda a inflação ao reduzir preços de commodities - produtos básicos como o petróleo, soja e milho.

Apesar de o mercado seguir preocupado com o IPCA que acumula alta de 7,31% nos últimos 12 meses - bem acima do teto da meta de 6,5% - cresce entre os analistas a percepção de que o Brasil já roda em velocidade mais baixa. Nas instituições financeiras, causou surpresa o indicador do próprio BC que aponta que a atividade econômica teve retração de 0,53% em agosto. O desempenho foi pior que a previsão de estabilidade da maioria dos economistas.

Outros fatos reforçaram o pessimismo: queda da confiança de empresários, o pior setembro para o emprego desde 2006 e o início de programas de demissão voluntária em algumas empresas.

Por tudo isso, cresce a expectativa no mercado de que o Brasil pode, inclusive, ter PIB negativo no terceiro trimestre. Se confirmada, essa hipótese poderia fazer com que o Copom acelere o ritmo dos cortes na reunião marcada para 29 e 30 de novembro. Para o HSBC, essas novas evidências já devem fazer com que o Copom reduza o juro em 0,75 ponto no próximo mês.

Açúcar de beterraba avança no terreno da cana

Enquanto o Brasil padece de pouca oferta de cana, custos altos e quebra na produção, os países produtores de açúcar de beterraba prosperam, com maior área plantada e clima favorável. A previsão da consultoria Czarnikow, uma das mais importantes do segmento, é de que a produção do adoçante a partir de beterraba cresça 6 milhões de toneladas, puxada por Rússia e Europa.


O número é maior do que o previsto prevista pela Organização Internacional do Açúcar (ISO, na sigla em inglês) em relatório do início de setembro - 4,4 milhões de toneladas. Para o produto feito de cana-de-açúcar, a ISO previu um avanço mais modesto, de apenas 2,3 milhões de toneladas, com a quebra no Brasil.
Para a Czarnikow, a beterraba vai contribuir com 70% do avanço na oferta global de açúcar. Rússia e Europa serão os maiores responsáveis pelo crescimento, afirma a consultoria.

A Czarnikow avalia que os custos da beterraba tornaram-se mais baixos e ficaram mais próximos dos custos da cana. No relatório, a consultoria, no entanto, pondera que "apesar da cana-de-açúcar permanecer a mais competitiva, a falta de investimentos na produção no Brasil foi importante no cenário da safra 2011/12, no qual a beterraba agora terá participação de 22% na produção global - a maior desde 2007/08, quando essa fatia foi de 20%".
Até primeiro de outubro, a produção de açúcar no Centro-Sul do Brasil estava 4,19% menor do que em igual intervalo do ano passado, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Com poucas perspectivas de a oferta de cana crescer no ano que vem e com uma maior competição mundial no mercado exportador, especialistas acreditam que há tendência de aumentar na próxima safra o mix alcooleiro das usinas.
Ontem, a Unica informou que 107 usinas do Centro-Sul obtiveram, até início de outubro, registro da Agência de Proteção Ambiental americana para exportar etanol aos Estados Unidos. Em fevereiro deste ano, esse número era de 55 usinas.
A previsão de maior produção de açúcar na China - de 11,2 milhões para 11,84 milhões de toneladas, segundo o USDA - fez os papéis da commodity para março caírem 72 pontos na bolsa de Nova York fechando a 26,09 centavos de dólar por libra-peso. No mercado interno, o indicador Cepea/Esalq para o cristal subiu 0,41% para R$ 62,92 a saca.

WEG adquire controle da Cestari e amplia áreas de atuação

A fabricante mundial de motores elétricos WEG anunciou ontem a aquisição do controle acionário da Cestari, fabricante brasileira de redutores e motorredutores com sede em Monte Alto, em São Paulo. O negócio envolveu a compra de 50% mais uma ação da empresa paulista, que tem previsão de encerrar 2011 com faturamento de R$ 70 milhões.
Os redutores são itens acoplados aos motores elétricos que ajustam a velocidade de rotação em relação a um determinado equipamento e garantem mais eficiência e economia de energia. O item pode ser agregado, por exemplo, junto ao motor que faz funcionar uma esteira de produtos. Segundo o presidente da WEG, Harry Schmelzer Jr, cerca de 20% das aplicações de motores elétricos em equipamentos exigem o uso de um redutor.
De acordo com Schmelzer, a Cestari mantém a segunda posição no mercado nacional de redutores, mas há potencial de crescimento. "Com a força de vendas da WEG iremos ampliar a participação de mercado", disse.
Com o negócio, a Cestari passa de cliente a controlada da WEG. Segundo Schmelzer, a fabricante de redutores comprava motores da companhia para entregar ao mercado os motorredutores.
A associação entre as duas empresas vai combinar as soluções em motores elétricos e sistemas de automação industrial da WEG aos redutores da Cestari em pacotes de soluções integradas. A fábrica em Monte Alto tem uma estrutura verticalizada de produção, com fundição em ferro, bronze e alumínio, além de usinagem em centros computadorizados.
A Cestari mantém além da unidade de redutores, uma unidade automotiva, que desenvolve, fabrica e comercializa peças para o setor, e de serviços de manutenção, reparo e consertos de redutores e motorredutores em geral.
Schmelzer explica que com a aquisição a empresa busca o complemento mecânico para a solução eletro-eletrônica desenvolvida pela WEG. Em negociações passadas, a companhia que tem sede em Jaraguá do Sul buscou parceiros com expertise na parte mecânica para os negócios de aerogeradores, com a associação ao grupo espanhol M. Torres Olvega Industrial (MTOI), e de turbinas hidráulicas, em que houve uma joint-venture com a Hidráulica Industrial (HISA), na qual a WEG detém 60%.
A aquisição se alinha à estratégia da WEG de complementar o mix de produtos por meio de aquisições ou associações com sinergia com a área que atua. No ano passado, a empresa avançou no segmento de automação com a aquisição da Equisul, especializada em sistemas de fornecimento ininterrupto de energia, e da Instrutech, brasileira fabricante de produtos e sistemas de automação industrial e comercial e de segurança homem/máquina.
No primeiro semestre, a WEG apurou um resultado líquido de vendas de R$ 2,4 bilhões, um crescimento de 23,6% sobre o mesmo período de 2010. A receita operacional bruta alcançada foi de R$ 2,8 bilhões, aumento de 21% sobre o ano anterior. A companhia divulga os resultados do terceiro trimestre deste ano na quarta-feira da próxima semana.

Política para a gasolina trava avanço do etanol'

Para executivo americano, política brasileira para a gasolina inibe novos investimentos no País, o que não ocorreu nos EUA

20 de outubro de 2011 | 3h 06

EDUARDO MAGOSSI - O Estado de S.Paulo
Em cinco anos, a produção de etanol nos Estados Unidos passou de 14,7 bilhões para 53,4 bilhões de litros. Nesse mesmo período, a produção brasileira ficou estagnada em torno de 30 bilhões de litros. Além disso, o etanol americano, feito de milho, ganhou competitividade e praticamente igualou os custos de produção com o brasileiro, feito de cana-de-açúcar. O resultado disso é que o Brasil, que durante anos lutou pela derrubada de subsídios americanos para poder exportar etanol para os EUA, agora importa o produto daquele país. Para o presidente da associação dos produtores dos EUA, Robert Dinneen, essa inversão é resultado da política para os combustíveis. Como o mercado é livre nos EUA, o aumento do preço do petróleo e, consequentemente, da gasolina, tornou o etanol mais competitivo, incentivando investimentos no setor. No Brasil, como o preço da gasolina é regulado, os produtores não tiveram tal incentivo, e os investimentos praticamente sumiram depois de 2008.
"Não se verá mais uma demanda adicional aparecendo, nem novos investimentos em etanol no Brasil", afirmou Dinneen, em entrevista por telefone à Agência Estado. Segundo ele, os Estados Unidos têm condições de suprir as necessidades de importação brasileira do produto. Executivos do setor no Brasil, no entanto, afirmam que a importação de etanol dos EUA será um processo pontual, já que as usinas brasileiras voltaram a investir no aumento da produção. A seguir, os principais trechos da entrevista de Dinneen:
Qual o custo de produção do etanol de milho hoje? Ele está competitivo em relação ao etanol de cana do Brasil?
O custo líquido de produção é de cerca de US$ 2,35 por galão, ou US$ 0,62 por litro (1 galão equivale a 3,79 litros). Com o dólar cotado a R$ 1,85, o custo do etanol de milho é semelhante ao do etanol de cana produzido no Centro-Sul do Brasil.
Em 2005, a produção de etanol de milho dos EUA era de 14,7 bilhões de litros, e chegou a 52 bilhões de litros em 2011, ultrapassando até o mandato obrigatório para este ano, de 47,75 bilhões de litros. Além disso, superou em pouco mais de 5 anos a produção brasileira (que deve atingir cerca de 30 bilhões de litros em 2011/12). O que levou a indústria de etanol de milho a crescer de forma tão expressiva? Não há dúvida que as metas de mistura estabelecidas pelo Renewable Fuels Standard (o Padrão de Combustíveis Renováveis dos EUA, que define metas de mistura de etanol na gasolina anualmente, conhecido pela sigla RFS) foi um grande incentivo para o aumento de produção. O RFS prevê meta de 12,6 bilhões de galões (47,75 bilhões de litros) para 2011 e de 15 bilhões de galões (57 bilhões de litros) para 2015. Mas a forte alta do petróleo foi certamente o principal ator dessa expansão, tornando o etanol de milho mais competitivo e elevando a demanda do combustível renovável. No Brasil, onde os preços da gasolina são controlados pelo governo, não haverá o aparecimento dessa demanda adicional.
Então o senhor acredita que os preços congelados da gasolina são um obstáculo para a indústria do etanol de cana do Brasil?
Certamente. Se não fosse o preço da gasolina, mantido artificialmente baixo no Brasil, os preços do etanol iriam variar de acordo com a demanda e encorajariam novos investimentos. Atualmente, o Brasil está precisando até importar etanol dos Estados Unidos...
E os Estados Unidos têm esse etanol extra para atender a essa demanda brasileira?
Sim, hoje temos uma produção acima da demanda obrigatória. Devemos exportar para o Brasil cerca de 945 milhões de litros em 2011, de um total de 3,4 bilhões de litros que vamos exportar também para outros destinos. Em relação ao Brasil, acredito que os EUA poderão sustentar esse nível de exportação nos próximos anos, se os preços forem atraentes. Hoje a Califórnia paga um prêmio para o etanol de cana do Brasil, o que pode criar um padrão regular de negócios, onde o etanol de milho americano é exportado para o Brasil para compensar os volumes de etanol de cana que serão exportados do Brasil para os Estados Unidos, para atender à demanda criada pelos Padrão de Combustível Renovável e do Padrão de Combustíveis de Baixo Carbono da Califórnia. Esses mecanismos preveem a utilização de volumes crescentes de etanol avançado, que polui menos. E o etanol de cana atende as exigências desses mecanismos.
Além do Brasil, que outros países estão precisando de etanol no curto prazo?
A União Europeia continuará a ser o principal destino das exportações de etanol dos EUA, em função da Diretiva de Energia Renovável, que requer que um porcentual do combustível utilizado para transporte na UE seja renovável. O Canadá também tem um programa de combustíveis renováveis. Também estamos vendo demanda de lugares inesperados. Um exemplo são os Emirados Árabes, que estão importando etanol dos EUA pelos últimos dois anos para tender o programa nacional de gasolina oxigenada.
E os Estados Unidos devem investir para elevar a produção e atender a demanda exportadora, como a do Brasil?
Existem poucos projetos de expansão sendo realizados no momento, o crescimento em capacidade de produção é pequeno. Isso porque a capacidade de produção existente está muito próxima do "teto da mistura", ou seja, a produção atual está perto ou acima do nível máximo de etanol que pode ser misturada à gasolina nos Estados Unidos, que é 10% para todos os veículos convencionais. A agência de proteção ambiental do governo, a Epa, recentemente aprovou o uso de mistura de 15% de etanol (E15)em alguns veículos, mas várias questões regulatórias ainda devem ser feitas antes que se espere um uso generalizado do E15.
Os subsídios que o etanol de milho recebe também não foram importantes para a expansão da produção americana?
O subsídio existe para as refinarias que misturam o etanol de milho na gasolina, e não para os produtores de etanol. As refinarias recebem US$ 0,45 por galão. Anualmente, esse subsídio atinge US$ 6 bilhões por ano, mas não chega aos produtores de etanol de milho. De qualquer forma, esse subsídio expira em 31 de dezembro de 2011 e não será renovado. Mas os subsídios não foram os impulsionadores do aumento da demanda por etanol, e sim os preços elevados do petróleo. E foi a maior demanda que incentivou o aumento de produção.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

RIM pede desculpas por BlackBerry com US$ 100

David Yach, diretor de tecnologia da RIM para a área de software: executivo lidera a investigação para descobrir as causas da interrupção dos serviços


A Research In Motion (RIM) oferecerá aos usuários do BlackBerry mais de US$ 100 em aplicativos gratuitos, como forma de se desculpar por uma interrupção do serviço que paralisou o e-mail dos smartphones por três dias na semana passada em várias partes do mundo.
A empresa canadense informou que de 19 de outubro até o fim do ano os clientes poderão baixar programas de uma lista selecionada de aplicativos de primeira linha da BlackBerry App World Store, entre os quais jogos como o Sims 3, o Bejewelled e o Texas Hold'em Poker, o serviço de identificação de músicas Shazam Encore e uma relação seleta de programas de voz para texto, operados sem o uso das mãos. O BlackBerry reforçará a atual lista de doze títulos ao longo do mês que vem.
Os usuários terão também seu contrato de serviços técnicos prorrogado por um mês.
"Estamos gratos aos fiéis clientes do BlackBerry por sua paciência. Pedimos desculpas aos nossos clientes e nos esforçaremos incansavelmente para restabelecer sua confiança. Estamos tomando medidas imediatas e agressivas para evitar que coisas como essa voltem a acontecer", disse Mike Lazaridis, coprincipal executivo da RIM.
Os usuários do BlackBerry de toda a Europa, Oriente Médio e África não puderam usar seus serviços de mensagens e e-mail por três dias na semana passada, depois que um comutador do centro de dados da RIM em Slough, no Reino Unido, deixou de funcionar. O problema se disseminou posteriormente para a América Latina, Canadá e Estados Unidos. Um sistema de back-up (cópias de segurança) também deixou de operar como deveria, prolongando a suspensão dos serviços.
Patrick Spence, diretor-executivo de vendas mundiais e marketing regional da RIM, disse que a empresa ainda não calculou o custo da interrupção do serviço e da reparação pela falha, mas disse que ele "não será significativo" para os resultados da empresa no atual trimestre financeiro, a encerrar-se em 26 de novembro.
A empresa está em negociação com operadoras de telefonia celular, algumas das quais pediram indenizações adicionais pela interrupção dos serviços. As operadoras Etisalat e Du, dos Emirados Árabes Unidos, já tinham prometido reparações aos clientes pela suspensão do serviço. A RIM não quis comentar se arcará com essa conta.
O plano de reparações da RIM não conseguiu apaziguar alguns usuários. Azeem Azhar, principal executivo da PeerIndex, que mede a influência de serviços on-line, escreveu no Twitter: "É como um campeonato para ver quem come mais salsichas em que o prêmio 'é'... mais salsichas!".
David Gates, da consultoria tecnológica Rapid Innovation Group, disse que "dá a impressão de que eles estão tentando segurar os usuários por mais tempo, em decorrência de sua própria incompetência. É um tanto ilógico."
No entanto, um contador que emprega o nome de usuário Suri no Twitter foi mais otimista: "Me soa bem! O que mais se pode esperar? Os verdadeiros consumidores ficarão satisfeitos, imagino".
"O que a empresa quer oferecer como ramo de oliveira pode ser visto por outros como um grilhão que prende os usuários à plataforma, ao mesmo tempo em que revitaliza o interesse pela problemática loja de aplicativos", disse Fred Huet, diretor-executivo da consultoria em telecomunicações Greenwich Consulting. "Mas não se pode negar que a empresa agiu rapidamente para reparar os usuários e, para sua base de usuários adolescentes, a principal, US$ 100 em aplicativos servirá, em certa medida, para evitar que a RIM perca um número grande demais de aficionados."
A BlackBerry Apps Wold tem cerca de 40 mil aplicativos disponíveis e aproximadamente 1 bilhão de downloads, número inferior ao da Apple's App Store, que teria ultrapassado a marca dos 15 bilhões de downloads alguns meses atrás, segundo estimativas.
A oferta de aplicativos gratuitos é muito semelhante à medida adotada pela Sony de fornecer gratuitamente dois jogos de PlayStation a seus usuários, como reparação por interrupção do serviço este ano.
Além da reparação, David Yach, o diretor de tecnologia da RIM para a área de software, está encabeçando uma investigação para descobrir a causa da suspensão do serviço, que deverá encaminhar laudo ao conselho de administração dentro de algumas semanas.
Spence desmentiu veementemente as especulações de que os problemas teriam sido causados pelo fato de a RIM não ter investido o suficiente em sua rede, atualmente empregada por 70 milhões de pessoas em todo o mundo.
A oferta do pacote de aplicativos gratuitos será estendida aos usuários brasileiros do BlackBerry. Os assinantes empresariais do país também terão direito a um mês de suporte técnico gratuito.
Procurada pelo Valor, a RIM não encontrou um porta-voz disponível para comentar o impacto da interrupção dos serviços no Brasil. Da mesma forma, a companhia não abriu números de sua atuação no país. Dados da consultoria Gartner mostram, porém, que a companhia vendeu 1,8 milhão de aparelhos na América Latina no segundo trimestre e alcançou uma participação de 22,8% no mercado de smartphones na região. (Colaborou Moacir Drska, de São Paulo, com tradução de Rachel Warszawski)

Setor sucroalcooleiro puxa queda de emprego na indústria paulista

Das seis mil vagas fechadas em setembro, 2.028 correspondem ao setor sucroalcooleiro

O setor produtivo paulista registrou queda de 0,23% em setembro, o equivalente a seis mil postos de trabalho.
Segundo os dados divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta quinta-feira (13/10) setembro é o pior mês da série histórica.
A retração no quadro de empregos da indústria paulista já era esperada pela Fiesp motivado pela diminuição da demanda e principalmente pela substituição de produtos industrializados por importados.
"Já esperávamos isso antes desse episódio mais agudo da crise na Europa. Sem ajuste, esse é o primeiro setembro negativo da série que começou em 2006", explicou André Rebelo, assessor de assuntos estratégicos da presidência da Fiesp.
Do total de vagas fechadas, 2.028 correspondem ao setor sucroalcooleiro, o qual apresentou queda de 0,08% em setembro e uma variação negativa de 1,92% no acumulado do ano, com o fechamento de 49.532 postos.
"Esse ano tivemos alguns problemas climáticos, a produção de cana apresentou quebra na ordem de 10% a 15%, e estamos terminando a safra antecipadamente, por isso temos um efeito mais negativo no emprego do que nos outros anos", avaliou Rebelo.
Os demais setores registraram, no entanto, resultado positivo de 5,79%, gerando 149.532 novos postos de trabalho no acumulado do ano.
No acumulado do ano foram geradas 100 mil vagas, o que representa um crescimento de 3,87% de janeiro a setembro.
"A expectativa é que o ano encerre em torno de 0,5% ou próximo de zero", destaca Rebelo.

Duas novas usinas consolidam sul baiano como polo sucroalcooleiro


INVESTIMENTOS VÃO GERAR MAIS DE 2 MIL VAGAS DE EMPREGO NOS MUNICÍPIOS DE LAJEDÃO E IBIRAPUÃ

Bahia_247 - A inauguração das usinas da União Industrial Açucareira Limitada (Unial) e da Infinity Bio-Energy (Ibirálcool), nos municípios de Lajedão e Ibirapuã, respectivamente, nesta segunda-feira (17), vai dar oportunidade de trabalho para cerca de 2 mil pessoas. Juntas, as duas unidades representam um investimento inicial de R$ 300 milhões e consolidam o sul da Bahia como polo sucroalcooleiro.
Presente na solenidade de inauguração das unidades, o governador Jaques Wagner disse que a região está se consolidando com a confiança dos empresários, que estão acreditando e apostando na atividade, com a qualidade da mão de obra e com apoio do governo estadual. "Com essas duas usinas nós vamos ampliar a produção de etanol, produto que hoje a Bahia ainda importa. Como eu quero trazer para cá também o plástico verde, nós vamos precisar muito do álcool para suprir o mercado baiano".
Segundo o diretor sócio-proprietário da Unial, Ângelo Calmon de Sá, está sendo superada a marca de 30 milhões de litros de álcool produzidos pela usina. A meta é até o final do ano chegar a 35 milhões de litros, e em 2012 e 2013, alcançarem uma produção anual de 60 milhões de litros. "Isso só está sendo possível com a intervenção direta do governo do Estado". 

Com informações da Secretaria de Comunicação do Governo do Estado

Brasil pode ir à OMC contra taxa no etanol

Governo já tem estudos para pedir consulta, primeiro passo para a abertura de queixa contra tarifa americana

Embaixador na OMC, Roberto Azevedo diz que decisão depende do setor privado; tarifa é de R$ 0,245 por litro

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

O governo brasileiro tem material pronto para pedir consulta na OMC (Organização Mundial do Comércio) no início de 2012 a respeito da sobretaxa que os EUA cobram para importar etanol brasileiro. A medida seria o primeiro passo para a abertura de uma queixa contra os americanos.
"Temos estudos preliminares bem avançados já do que pode vir a ser uma queixa na OMC", disse à Folha o embaixador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo, após reuniões em Washington no final da semana passada.
Segundo Azevedo, a decisão depende agora, em parte, do setor privado. A Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) considera que, até o fim do ano, é possível esperar uma decisão do Congresso americano.
Vencido esse prazo, entretanto, a opção da queixa na OMC será reavivada. "Sabemos que temos um caso, mas esperamos não precisar usá-lo", afirmou Leticia Phillips, representante da Unica em Washington e responsável por negociar com o Congresso americano.
A tarifa de US$ 0,54 por galão de etanol brasileiro (ou R$ 0,245 por litro) está vinculada ao subsídio de US$ 0,45 por galão que o governo dos EUA paga aos produtores para misturar álcool ao combustível, independentemente de sua origem -o etanol americano é de milho.
O mecanismo termina no fim deste ano, daí a data-limite considerada pelo Brasil.
O subsídio tem sido contestado pelo governo de Barack Obama e por centros de estudo de direita e de esquerda ante a necessidade de ajuste fiscal do governo diante da crise econômica.
Mas 2012 é ano eleitoral nos EUA, e, com o intenso lobby da bancada ruralista e dos Estados produtores de milho, há temores entre os brasileiros de que, mesmo que os subsídios expirem, a sobretaxa seja ressuscitada sob outro mecanismo.
O pedido de consulta na OMC serviria como instrumento de pressão para o Brasil em uma negociação que se arrasta há anos e adiantaria o longo processo no organismo internacional.
Na balança da Unica, porém, pesa a possibilidade de avanço no mercado americano ante o custo político e econômico de um litígio.
A produção de milho nos EUA tem caído, e outras indústrias que utilizam o insumo no país passaram a pressionar contra o etanol local. Já no Brasil, o estoque de etanol cai e o preço sobe.

Dedini e Painco são acusadas de esquema com procurador

Grupos estão envolvidos em denúncia de superavaliação de bens oferecidos para pagar dívidas federais

18 de outubro de 2011 | 3h 04

FAUSTO MACEDO - O Estado de S.Paulo
O Ministério Público Federal em Piracicaba (SP) ingressou na Justiça com ações civis públicas contra o procurador da Fazenda Nacional Edson Feliciano da Silva, acusado de improbidade administrativa por manter suposto esquema milionário de adjudicações superavaliadas.
Adjudicação é o sistema pelo qual devedores de tributos realizam pagamento judicial de dívidas com oferecimento de bens. As ações revelam adjudicações envolvendo as empresas Painco Indústria e Comércio Ltda. e Dedini S.A. Equipamentos e Sistemas, que teriam causado prejuízos estimados em R$ 12,5 milhões à União. Segundo o MPF, pelos quatro anos em que foi procurador seccional da Procuradoria da Fazenda Nacional em Piracicaba, Edson Silva aceitou a adjudicação de R$ 29,8 milhões de várias empresas da região.
Também são citados cinco servidores federais que ocupavam cargos de chefia e gerência na Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda em São Paulo. Eles são acusados de aceitar a incorporação irregular dos bens ao patrimônio do ministério, "mesmo estando evidente que as adjudicações milionárias causavam prejuízo à União". O MPF pede a condenação de todos à perda do cargo.
Segundo a ação contra a Dedini, a empresa pagou boa parte de suas dívidas por meio da adjudicação de móveis e um imóvel superfaturado, que foram oferecidos, e aceitos sem avaliação oficial, por valores até oito vezes maiores que os praticados no mercado, o que causou prejuízo de R$ 8,2 milhões à União.
Entre 2005 e 2008 os valores adjudicados pela Dedini na Fazenda Nacional totalizaram R$ 13,78 milhões, atualizados até setembro de 2011. "Foram adjudicados móveis, o bem imóvel destinado para a sede da Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Piracicaba, equipamentos de informática, veículos, aparelhos de ar-condicionado, obras de arte, além de objetos supérfluos e luxuosos", revela a procuradora da República Heloísa Maria Fontes Barreto.
As adjudicações eram realizadas seguindo um mesmo padrão, segundo o Ministério Público Federal. Executada judicialmente pelo não pagamento de dívidas, a Dedini oferecia penhora de um porcentual do faturamento e, posteriormente, apresentava bens para adjudicação em substituição à penhora, o que era aceito por Edson Silva sem exigir avaliação oficial dos bens.
De 2005 a 2008, a Painco ofereceu em adjudicação R$ 7,4 milhões. Avaliações da Controladoria Geral da União (CGU) revelam que esses pagamentos causaram prejuízo, em valores atualizados até setembro de 2011, de cerca de R$ 4,3 milhões à União. "Prejuízo exorbitante e escandaloso", diz a procuradoria.
Em alguns casos, para cada R$ 1 oferecido, houve abatimento da dívida de R$ 3,71. Em casos mais graves, a negociação permitiu um perdão de 73,05% da dívida. "Verificou-se que houve diferenças de 32% a 1.085% entre os valores adjudicados e os valores cotados", afirma auditoria da CGU. Por exemplo, uma estante dupla com cinco prateleiras reguláveis, que, na avaliação da CGU, custa no mercado R$ 426, foi adjudicada à Procuradoria da Fazenda de Piracicaba por R$ 3.612.
Em quase todas as operações, os bens eram previamente encomendados às empresas que tinham dívidas com a União. "É impressionante a quantidade de bens adjudicados por poucas empresas e o valor abatido da dívida ativa da União com as respectivas adjudicações", afirma a procuradora Heloísa Barreto.
As duas ações propostas até agora mostram que Edson Silva "exorbitou dos poderes atribuídos ao cargo de procurador da Fazenda Nacional" ao aceitar as adjudicações por valores superfaturados, quando havia outras formas de cobrar as dívidas.
"Se a União, pela Fazenda Nacional, abriu mão do recebimento de dinheiro - o que ocorreria com a penhora de faturamento, penhora de bens imóveis ou bens móveis que seriam levados a leilão -, no mínimo, deveria ter sido demonstrado o interesse da União e a adjudicação deveria ocorrer após avaliação judicial do bem", aponta a procuradora.
A Procuradoria da República afirma que em praticamente todas as adjudicações o procurador da Fazenda dispensou a avaliação judicial dos bens e não apresentou pesquisa de preços que demonstrasse que o valor indicado era compatível.
"Ele (Edson Silva) substituiu o Congresso Nacional, decidindo como o dinheiro da União deveria ser gasto, impediu que houvesse repartição de tributos a outros entes da federação do dinheiro que deveria ter entrado na Conta Única do Tesouro Nacional e, favorecendo escandalosamente a empresa ré, causou enorme prejuízo à União", acusa a procuradora da República.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Siemens demite chefe no Brasil. O motivo: roubo


CONTA DE 7 MILHÕES DE EUROS NA EUROPA FOI O ESTOPIM DA DEMISSÃO DE ADILSON PRIMO, O CHEFE DA MULTINACIONAL ALEMÃ NO BRASIL; EMPRESA É UMA DAS MAIS ATIVAS NOS LEILÕES DE HIDRELÉTRICAS E DO METRÔ; ESCÂNDALO PODE RESPINGAR NO SETOR PÚBLICO


247 – O maior escândalo corporativo do Brasil pode estar se desenhando. Nesta terça-feira, de surpresa, a multinacional alemã Siemens anunciou a demissão de seu presidente no Brasil. Trata-se do executivo Adilson Primo, que liderava uma empresa com receitas de mais de R$ 4 bilhões/ano no Brasil, com atuação em diversos setores, como equipamentos do setor elétrico, de automação industrial, de sistemas metroviários e também da área de saúde. Primo era ainda vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Base, que participa ativamente da formulação dos principais projetos do PAC.
No comunicado, a Siemens anunciou que Primo foi substituído porque a empresa descobriu uma “grave contravenção das diretrizes da companhia”. Por grave contravenção, leia-se uma conta no exterior, abastecida com 7 milhões de euros, desviados da multinacional.
Ocorre que o escândalo pode extrapolar as fronteiras corporativas. Na Europa, tanto a Siemens como outra multinacional, a Alstom, foram investigadas por distribuir propinas de mais de US$ 850 milhões na última década, especialmente na América Latina. No caso da multinacional alemã, até o ex-CEO global, Heinrich von Pierer, chegou a ser afastado. E a Siemens brasileira cresceu escorada em grandes contratos do setor público, tanto no plano federal, com obras do setor elétrico, como no plano paulista, com obras de expansão do metrô.
Rede de suborno
Recentemente, a empresa alemã fechou acordo em investigações internacionais que a apontaram como protagonista da maior rede de suborno de todos os tempos. Por meio da contratação de consultores, a empresa era favorecida em licitações públicas. Em geral, esses consultores remuneravam agentes públicos responsáveis pela análise de propostas e abertura dos envelopes. Um dos personagens investigados, nessa trama internacional, foi Robson Marinho, ex-coordenador de campanha de Mario Covas e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
Nas investigações internacionais, a Siemens admitiu-se culpada e concordou em pagar multas milionárias. Sabia-se que a companhia remunerava agentes públicos. O que não estava no script é que parte da propina pudesse ser desviada para os bolsos de executivos da própria multinacional alemã.
Caso a Polícia Federal e o Ministério Público Federal decidam rastrear os recursos da conta do ex-presidente da Siemens, talvez consigam chegar às licitações fraudulentas. Paulo Ricardo Stark foi nomeado para o lugar de Adilson Primo.

MP sobre financiamento para estocagem de álcool sai amanhã

DE BRASÍLIA - O governo deve publicar amanhã a medida provisória que prevê financiamento federal para estocagem de etanol. O texto da MP já está pronto e deve ser assinado pela presidente Dilma Rousseff. A regulamentação das regras será feita pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Produtores afirmam que a medida chegou tarde para evitar escalada do preço do álcool e tende a gerar impacto somente na próxima entressafra da cana-de-açúcar, de janeiro a abril. 

O objetivo da medida é suprir a demanda interna e, ao mesmo tempo, garantir um preço razoável do etanol na fase da entressafra. Preocupado em garantir o abastecimento de etanol, o governo já reduziu a mistura de álcool à gasolina de 25% para 20% e colocou sob responsabilidade da ANP (Agência Nacional de Petróleo) a fiscalização e a regulação do setor.

O preço do etanol está 5% mais alto nas usinas neste ano do que em 2010, quando a falta de cana já começava a afetar a produção. Nos postos de combustível de São Paulo, a alta é de 18,5% no mesmo período. Pesquisa feita pela Folha na semana passada detectou preço médio de R$ 1,92 do litro do álcool hidratado na cidade de São Paulo. 

Custos da produção de cana sobem 15% em área tradicional

"É preciso lembrar que o rendimento agrícola nesta safra está muito abaixo da média histórica", diz Pádua, da Unica


A atual safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil será encerrada em pouco mais de um mês com um saldo de custos altos. Em um ciclo de forte quebra agrícola, o custo da terra e as diferenças de ganho de escala ampliam a distância entre a realidade dos fornecedores de cana das regiões tradicionais, como São Paulo, e a dos que produzem nas novas fronteiras canavieiras, como Goiás.
Projeção feita por pesquisadores da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), com apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mostra que os produtores das áreas tradicionais terão custo econômico de R$ 68,24 por tonelada de cana neste ciclo, 35% maior do que o custo de um fornecedor das novas áreas canavieiras, estimado em R$ 50,30. Na temporada anterior (2010/11), produzir cana em regiões tradicionais era 25% mais dispendioso do que nas de expansão.
A despesa com a terra ainda exerce grande impacto nessa comparação, diz o pesquisador Carlos Xavier, do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (Pecege), grupo responsável pelo estudo.
O valor do arrendamento nas regiões de expansão, como Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, está em torno de 12 toneladas de cana por hectare, enquanto que nas áreas tradicionais esse valor é 50% maior, atingindo 18 toneladas de cana.

Além disso, há o peso do ganho de escala, mais presente nas regiões canavieiras mais novas do que nas tradicionais, onde predominam produtores de pequeno porte, observa Xavier.
O resultado é que nessa temporada (2011/12), enquanto o custo da cana de fornecedores subiu 6,99% nas novas fronteiras (de R$ 47,01 para R$ 50,30 por tonelada), nas áreas mais antigas, essa alta deve alcançar 15% (de R$ 59,33 para R$ 68,24).
O estudo do Pecege - realizado desde a safra 2007/08 por um grupo de 15 pesquisadores e com participação de 101 usinas e 19 associações de fornecedores de cana - engloba também custo da indústria e abrange o Nordeste. Esse universo ainda não está contemplado nas projeções da safra 2011/12.
Os pesquisadores calcularam, ainda, a margem econômica da atividade, que considera custo operacional, depreciação e custo de oportunidade. No caso do fornecedor das áreas tradicionais, essa margem foi negativa em 6,9% na safra passada e tende a melhorar nesse ciclo para 0,5%, ainda em terreno negativo. "Isso não significa prejuízo, mas menor remuneração em comparação a outros investimentos", diz. Já para os fornecedores na área de expansão, essa margem, que foi de 10,1% em 2010/11, deve subir para 26,4% no atual.
Mas é preciso lembrar que os custos da safra em curso são "ponto fora da curva", pondera o diretor-técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antônio de Pádua Rodrigues. Isso porque os níveis de rendimento dos canaviais estão muito abaixo da média histórica.
"Estamos encontrando 70 toneladas de cana por hectare, quando a média do setor é de 85 toneladas", diz Rodrigues. Ele lembra que se esse rendimento voltasse aos níveis de um canavial mais equilibrado, a região poderia produzir 110 milhões de toneladas de cana a mais na mesma área.
A entidade deve revisar nas próximas semanas os números da safra no Centro-Sul, que responde por 90% da produção brasileira. A estimativa preliminar, diz Pádua, é de que a quebra agrícola e de ATR (açúcar contido na cana) será de 15% no Centro-Sul e de 18,5% em São Paulo, Estado que lidera a produção nacional da matéria-prima. "Há regiões paulistas, como Araçatuba, Ribeirão Preto e Catanduva, que terão quebra acima da média estadual", avisa.
A última estimativa da entidade foi feita em agosto, na qual se previu moagem de 510 milhões de toneladas da matéria-prima, 8,39% menor do que na safra 2010/11. O executivo acredita que a realidade dos custos de produção no ano que vem vai depender das condições climáticas, que podem ser mais favoráveis ao desenvolvimento da cana. "Na atual temporada, os canaviais sofreram de todos os fatores negativos possíveis: excesso de chuva, excesso de seca, geadas etc", afirma Rodrigues.
Por conta dessa escassez de cana, muitas usinas estão concluindo a moagem antes da média dos últimos anos. Neste momento, segundo Rodrigues, há 20 usinas que já concluíram a safra, a maior parte deve terminar em novembro e poucas vão estender a moagem até dezembro.
Por conta disso, desde o começo da safra até 1º de outubro a fabricação de etanol total (anidro e hidratado) está 16,37% menor em 16,991 bilhões de litros. No caso do hidratado, que abastece diretamente os veículos, essa queda é mais acentuada e chega a 29%.
O consumo também recuou. Segundo o Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis), entre maio e setembro, as vendas das associadas, que representam 60% do mercado de hidratado no país, foram de 2,3 bilhões de litros, 42% menor do que os 4 bilhões de litros registrados em igual intervalo do ano passado. "Essa queda está compatível com os níveis de preço do etanol", disse Alísio Mendes Vaz, presidente-executivo do Sindicom.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Alexandre Grendene negocia Usina da Mata com a Shree Renuka

A associação entre Alexandre Grendene e Jonas Barcelos no setor sucroalcooleiro está se evaporando no ar. Um dos maiores nomes da indústria calçadista no Brasil, Grendene quer pular fora do negócio. Inicialmente, tentou resolver a questão dentro de casa. Ofereceu sua participação de 50% na Usina da Mata, em Valparaíso (SP), ao próprio Barcelos, dono do restante das ações.

No entanto, o controlador da Brasif negou-se a ficar sozinho no negócio. Grendene, agora, busca no mercado um comprador para as suas ações. Recentemente, manteve conversações com a francesa Tereos, dona da Açúcar Guarani. No entanto, o candidato mais forte ao negócio vem da Ásia. 

Trata-se da indiana Shree Renuka, que já investiu no país mais de US$ 1 bilhão, a maior parte na compra das usinas do Grupo Equipav. Ressalte-se que a venda das ações de Grendene na Usina da Mata para a Shree Renuka depende de uma complexa operação triangular.
O futuro das negociações está nas mãos do fundo Olam International, com sede em Cingapura. O private equity, que mantém uma parceria com o grupo indiano, terá de financiar boa
parte, se não a totalidade do negócio. Caso contrário, no que depender exclusivamente do ímpeto dos indianos, dificilmente a operação será consumada.
Embora tenha captado cerca de US$ 800 milhões para novas aquisições no Brasil, a Shree Renuka está sofrendo uma crise de inapetência. No momento, suas atenções estão voltadas para o desafio de equacionar o elevado endividamento e a queda da
rentabilidade de suas usinas no Brasil.
 

Não por acaso, a Olam International quer aproveitar o momento de fragilidade do parceiro para avançar algumas casas. Aceita entrar com os recursos necessários para o desembarque do grupo indiano na Usina da Mata. No entanto, vincula o auxílio à aquisição de uma
participação de até 20% no capital da Shree Renuka no
Brasil.
 

Grendene assiste a tudo com inquietação. Neste momento, sua saída da Usina da Mata está condicionada a conversas sinuosas que se desenrolam no eixo Índia-Cingapura. A decisão de Alexandre Grendene de dar um ponto final à associação com Jonas
Barcelos não está necessariamente ligada ao desempenho
da Usina da Mata. 

Na verdade, o empresário decidiu dar meia-volta, volver no processo de diversificação de seus investimentos. Nos últimos
anos, entre outras operações a léguas de distância da indústria calçadista, Grendene firmou uma parceria com os Ermírio de Moraes na área siderúrgica. Agora decidiu que é melhor calçar os velhos e confortáveis sapatos