segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Caixa das empresas e juros baixos incentivam fusões

Alex Ribeiro | De Washington
21/10/2010
A combinação de forte caixa das empresas multinacionais e dinheiro barato criado pelo Fed, o banco central americano, está levando ao reaquecimento das fusões e aquisições entre empresas. Em termos globais, ainda há um longo e incerto caminho para retornar aos níveis pré-crise, mas bancos de investimentos de Wall Street dizem que os emergentes, o Brasil em especial, lideram a retomada.
A previsão do Credit Suisse é que o volume de transações cresça entre 15% e 20% neste ano, em relação a 2009, chegando a US$ 2,5 trilhões no mundo todo. Não deixa de ser uma recuperação, mas o desempenho ainda está muito abaixo dos US$ 4,2 trilhões de 2007. Para a América Latina, porém, a sensação é de uma enxurrada de fusões e aquisições, com um recorde de US$ 190 bilhões nos nove primeiros meses do ano, dos quais pouco mais da metade para o Brasil.
"Todas as empresas que têm ambições globais devem estar avaliando o Brasil", afirma o presidente para a América Latina do J.P. Morgan, Nicolas Aguzin. Só nesta semana, por exemplo, o Banco Santander anunciou a venda de 5% de suas operações brasileiras por US$ 2,7 bilhões para o Quatar Holdings, o fundo soberano do Quatar. Outra operação que ganhou destaque é a disputa entre CPFL e a Cemig para comprar a Elektra.
Um dos principais motores da retomada é o caixa, calculado em US$ 3 trilhões, acumulado pelas maiores multinacionais do mundo, depois de uma série de medidas de corte de custos e de aumento de liquidez colocadas em prática para enfrentar a crise.
"O dinheiro acumulado pelas empresas nos seus balanços está em níveis recordes", afirma o presidente do Citibank para a América Latina, Eduardo Cruz. "Começamos a ver essas grandes companhias mais dispostas a apostar em fusões e aquisições para crescer".
A política monetária expansionista patrocinada pelo Fed, que amplia o volume de dinheiro em circulação para reanimar a economia, reduz custos de quem quer tomar recursos emprestados para financiar fusões e aquisições.
O dinheiro barato também favorece o renascimento das operações feitas por fundos de "private equity", que compram empresas, geralmente com financiamento, para revendê-las mais adiante. "Vimos novos personagens entrando no mercado brasileiro, como Carlyle e a Apax", afirma Aguzin, do J.P. Morgan. "Esse é apenas o começo e provavelmente vamos ver mais".
Fonte: Valor On Line

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