quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Mesmo com incentivo, tanques ficarão vazios no curto prazo


As medidas governamentais que visam incentivar o setor produtivo de álcool podem sinalizar um pequeno alívio no caixa das usinas e indicar possíveis investimentos para aumentar a produção. Não significam, no entanto, mais combustível no tanque dos carros brasileiros no curto prazo.
Esta e a próxima safras já estão com as produções comprometidas, e os consumidores podem se acostumar a preços mais elevados.
Parte dessa situação não depende da atuação do governo, mas de efeitos climáticos que reduziram a oferta de cana neste ano e comprometeram, em parte, também a do próximo ano.
Para inibir a alta de preços e reduzir as pressões sobre a inflação, o governo decidiu diminuir, de 25% para 20%, a mistura de álcool anidro à gasolina a partir de 1º de outubro. Isso deverá elevar a oferta de álcool hidratado.
O governo tem poder de decisão sobre a gasolina -e joga os custos para a Petrobras-, o que não ocorre com o álcool hidratado. Gasolina "congelada" e hidratado subindo menos significam menos peso inflacionário.
O cenário atual tem a ver, no entanto, com o governo, que já deveria ter feito ajustes no setor desde o segundo semestre de 2010, quando tudo indicava para essa situação de escassez no mercado.
Estabilidade nos preços da gasolina há muito tempo e a ausência de compensações tributárias no álcool fizeram com que o derivado da cana perdesse valor na cadeia produtiva.
As exportações continuam e os preços internos não são remuneradores.
As usinas lucram 41% mais com o açúcar do que com o anidro. A relação de ganho com o hidratado é maior: 54%. Os dados são do Cepea, que mostram, ainda, que o anidro rende 8% mais do que o hidratado para as usinas.

As medidas do governo são boas para criar um melhor ambiente de produção no futuro e trazer investimentos.
Entre o momento em que as empresas decidem por novos investimentos até o da oferta de álcool no mercado são vários anos, no entanto. Ou seja, o país vai continuar com dificuldade de abastecimento no mercado interno nos próximos anos e longe do mercado externo.
Mesmo assim, a indústria automobilística diz que a produção de carros flex vai manter o curso, sem freio na produção. O problema será ter álcool suficiente para encher esses tanques.

Governo dá incentivo para salvar etanol


Pouco investimento e produção em crise forçam redução de PIS/Cofins na venda de cana e créditos do BNDES

Ministério calcula queda de 5,6% da produção de cana nesta safra; ociosidade nas usinas é de 25%

ANA CAROLINA OLIVEIRA
SOFIA FERNANDES

DE BRASÍLIA

Com o objetivo de estimular a produção de etanol e evitar a falta do combustível, o governo deverá anunciar nos próximos dias a redução de tributos para as indústrias produtoras de álcool.
Segundo o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone, haverá a redução de PIS/Cofins na venda de cana destinada somente para a produção de etanol.
Essa medida já vale para as empresas de cana produtoras de açúcar, disse ele.
O governo também vai abrir linha de financiamento para renovação e para novas áreas de cultivo de cana.
Segundo Bertone, esse financiamento terá taxas de juros mais baixas. Para financiar a estocagem, a taxa de juros será de 7% ao ano e os recursos serão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Banco do Brasil.
A Folha apurou que, para liberar o crédito, o governo exigirá das empresas contrapartidas no sentido de reduzir custos e modernizar a produção da cana.
A tendência é que os produtores assinem um termo de compromisso assegurando que irão investir mais em modernização das lavouras, otimizando o processo de plantio, fertilização e colheita.
O diagnóstico do governo é de que as lavouras brasileiras estão tecnologicamente defasadas, precisam reduzir custos e melhorar a qualidade da cana plantada.
"Queremos aumentar o volume de financiamento, a taxas de juros mais adequadas, de modo que os canaviais possam ser renovados na sua plenitude", afirmou Bertone.


SAFRA
O governo divulgou ontem uma redução de 5,6% da produção de cana-de-açúcar para a safra 2011/2012 em relação à safra anterior.
Devem ser moídos 588,9 milhões de toneladas do produto, contra 623,9 milhões de toneladas na safra passada.
Do total, 51% serão usados para a produção de etanol, sendo que 14,5 bilhões de litros são do tipo hidratado e 9,1 bilhões do anidro.
Segundo Bertone, há uma capacidade ociosa nas usinas de 25%. Há capacidade de processar a cana, o que falta no país é cana plantada.
Fenômenos climáticos como a escassez de chuvas em maio e geadas em São Paulo, Mato Grosso e Paraná prejudicaram os resultados, afirmou o diretor de política agrícola da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Silvio Porto.
O presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes, Paulo Miranda, estima um cenário ainda pior.
Miranda acredita em redução de 18% da safra deste ano em relação à safra passada.
Para ele, as medidas do governo só terão efeito no preço dos combustíveis no longo prazo. "Essa crise no etanol vai demorar entre três e quatro anos para ser contornada", disse.

Etanol: setor critica decisão de reduzir mistura na gasolina


Para Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria, a redução é desnecessária porque o setor está importando etanol para equilibrar o abastecimento
29 de agosto de 2011 | 20h 49

A redução da mistura de anidro na gasolina de 25% para 20% a partir de primeiro de outubro, anunciada hoje pelo ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, deve criar novas incertezas no setor de combustíveis, de acordo com especialistas do setor sucroalcooleiro. De acordo com Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria, a redução é desnecessária porque o setor está importando etanol para equilibrar o abastecimento. "Esta importação de etanol não traz ônus fiscal para o país porque o etanol internacional está mais barato que o do mercado interno, o que não acontece com a gasolina que a Petrobras vai ter que importa a mais", disse o executivo.

Para uma fonte do setor que não quis se identificar, a redução do anidro trará incertezas para o setor quanto ao abastecimento e preço. Para esta fonte, um novo patamar de equilíbrio terá que ser buscado, o que provocará incertezas em relação a preço e também à oferta de gasolina, que terá que ser maior por parte da Petrobras.

Para o presidente da Renuka do Brasil, Humberto Farias, de alguma forma a redução já era esperada pelo setor em função da forte quebra de cana registrada este ano, com a safra devendo ficar abaixo das 500 milhões de toneladas no Centro-Sul. Farias disse que a oferta e demanda do etanol estão sendo monitorados e uma decisão de redução pode ter vindo deste monitoramento. Ele acredita, contudo, que assim que um volume maior de cana estiver disponível, a mistura volta a subir.

Segundo o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), Alísio Vaz, o setor de distribuição está avaliando as consequências da medida. "Acredito que a maior preocupação neste momento é como a Petrobras irá conseguir esta gasolina extra", disse. 

Para entidade, medida do governo não altera oferta de etanol este ano


BRASÍLIAA decisão do governo de reduzir o percentual de 25% para 20% de álcool anidro que é misturado à gasolina pode dar mais segurança ao setor, na avaliação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom). Mas a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) informou que a decisão não vai alterar, na safra atual, a oferta de etanol no mercado doméstico porque o setor já vinha programando importações para garantir o abastecimento.
O presidente do Sindicom, Alísio Vaz, disse que a medida do governo é prudente, pois está prevista queda de produção de etanol na próxima safra. “Reduzir a demanda desta forma dá um pouco mais de segurança ao abastecimento, já que existe a previsão de quebra de safra.”
O presidente do Sindicom acredita que haverá redução nos preços da gasolina e do álcool hidratado, que é o etanol vendido diretamente na bomba, mas ele não quis arriscar de quanto será essa queda e nem quando irá acontecer. “Se há uma demanda menor, é possível que haja uma pequena redução de preços, mas é importante esperar para ver qual será a reação do mercado”.
A partir do dia 1º de outubro, o percentual de álcool anidro misturado à gasolina cairá de 25% para 20%. Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a medida é uma precaução por causa da incerteza sobre a próxima safra de cana-de-açúcar. Segundo previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de cana-de-açúcar 2011/2012 deve ser 5,6% menor que a atual.
Já o presidente da Unica, Marcos Jank, disse que o setor já contratou a importação de mais de 500 milhões de litros de álcool anidro, que devem chegar ao país a partir do próximo mês. Segundo ele, com a redução do percentual de etanol que é misturado à gasolina é possível que parte dessa importação seja desnecessária. Segundo a Unica, a redução da quantidade de álcool anidro na gasolina vai provocar a queda da demanda mensal pelo biocombustível no mercado doméstico em cerca de 150 milhões de litros.
A entidade cobra do governo ações de curto prazo, como financiamento da lavoura de cana e dos estoques, que ajudariam na recuperação da produtividade agrícola e na ampliação da área cultivada.

Usina São João amarga prejuízo


O grupo sucroalcooleiro USJ (Usina São João) registrou prejuízo líquido de R$ 18,369 milhões no ano fiscal 2011, encerrado em 31 de março, em comparação a um lucro de R$ 29,347 milhões apurado no ano fiscal anterior. O grupo reúne as usinas São João, em Araras (SP) e São Francisco, em Quirinópolis (GO), e ainda possui uma terceira unidade em construção, em Cachoeira Dourada (GO).
A receita líquida cresceu 20,4% no período, para R$ 765,573 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou em R$ 213 milhões, com margem de 27,9%, acima dos R$ 152 milhões e margem de 23,7% do ano anterior.
O USJ moeu 7,840 milhões de toneladas de cana na safra 2010/11, 6,4% a mais do que na temporada anterior. A produção de álcool cresceu 6,5%, para 264,890 milhões de litros, enquanto a produção de açúcar aumentou 20%, para 617,0 mil toneladas. A dívida líquida do grupo permaneceu praticamente estável, somando R$ 1,166 bilhão.
Em junho, o USJ firmou uma joint venture com a multinacional americana Cargill. Pelo acordo, o grupo paulista entrou com as usinas de Goiás e a Cargill com um aporte de R$ 350 milhões. Além disso, foi transferido para a nova empresa R$ 1 bilhão em dívidas da USJ, que ficou com 50% da nova empresa.

Juntas, PwC e Datagro miram açúcar e etanol


Nastari, da Datagro, e Ana, da PwC: foco é ter projetos de redução de custos

A PricewaterhouseCoopers (PwC) anunciou ontem uma parceria global com a brasileira Datagro, a maior consultoria de açúcar e etanol do país. As duas vão atuar juntas em projetos de redução de custos nas usinas sucroalcooleiras dentro e fora do Brasil. O movimento da PwC reflete o peso que o agronegócio vem tomando na carteira de clientes das consultorias no país. A Ernst & Young Terco também estuda abrir um segundo escritório no interior de São Paulo para atender esse segmento.
A parceria com a Datagro vai ajudar a PwC a atingir a meta de triplicar o tamanho da área de agronegócio nos seus negócios no país até 2016, diz Ana Malvestio, sócia da PwC. Atualmente, esse setor responde por 7% a 8% dos negócios da empresa no Brasil. O acordo com a Datagro, até o momento está restrito a projetos de redução de custos nas usinas, pode ser ampliado com outros serviços. Mas a decisão ainda não foi tomada.
A escolha de focar em custos, diz Plínio Nastari, presidente da Datagro, deveu-se ao fato de que essa é a principal questão do segmento na atualidade. Desde 2002, diz ele, os gastos para se produzir açúcar e etanol subiram quase quatro vezes. "Enquanto isso, a gasolina, que compete com o etanol nos postos de combustíveis, não tem aumento nominal de preços desde setembro de 2005 e não há indicativos de que isso vá ocorrer no curto prazo", justifica o executivo.
Atualmente, os projetos de redução de custos representam de 25% a 30% dos negócios da consultoria brasileira. Nastari prevê que nos próximos oito anos, essa área deve crescer de três a quatro vezes dentro da empresa, acima dos níveis de expansão esperados para toda a indústria sucroalcooleira, que é de dobrar em oito anos, diz o executivo.
A PWC, que tem entre seus clientes em cana grandes grupos como o francês LDC Bioenergia e ETH Bioenergia, da Odebrecht, vai agregar na parceria sua expertise em consultoria tributária e societária e em gestão de riscos. A Datagro agregará seu know how nas áreas agrícola e industrial do negócio de cana-de-açúcar, no qual atua há 33 anos com escritórios no Brasil e em Nova York e com clientes em 41 países.
Globalmente, as duas empresas enxergam oportunidades para prestar serviço juntas em empresas na América do Sul e na América Central. "Há um universo de produtores de açúcar que ainda não diversificaram para o etanol", diz Nastari. Nesse contexto, as duas empresas também vislumbram mercado potencial na Índia, o segundo maior produtor mundial de açúcar.
Fora do Brasil, a PwC tem entre seus clientes a petroleira British Petroleum, que investe em bioenergia em todo mundo e que opera no Brasil com 83% de duas usinas sucroalcooleiras em Minas Gerais, adquiridas neste ano por US$ 680 milhões. Em sua carteira de agronegócios, a empresa ainda tem as americanas Cargill e Bunge, diz Ana Malvestio.
A estrutura de agronegócio da PwC existe pelo menos há 34 anos no Brasil com o estabelecimento de um escritório em Ribeirão Preto. Além de cana-de-açúcar, carro-chefe da área, a consultoria também atua nos segmento de soja, algodão e café - esse último tem como maior cliente a Coxupé, maior cooperativa de café do Brasil. "Hoje, a operação de agronegócio no Brasil é referência para outros escritórios da PwC no mundo", diz a sócia da consultoria.
Com escritório em Campinas (SP), a Ernst & Young Terco estuda implantar outra unidade no interior de São Paulo com foco nos clientes de cana-de-açúcar, segmento que já é carro-chefe da empresa dentro de sua carteira de agronegócios, diz Renato Gennaro, sócio da consultoria para essa área. Ele conta que hoje 20% da equipe brasileira tem experiência em agronegócio. "Atendemos esse segmento em todos os serviços que prestamos, inclusive em auditoria. Somente em consultoria, prevemos que cresceremos 30% em agronegócio nos próximos anos", diz Gennaro.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Energia solar passa a ter incentivo e deve seguir o rastro da eólica


Com o objetivo de baixar o custo, governo do Ceará vai garantir a compra e criar demanda 

Governo cearense estuda ainda conceder incentivos fiscais a quem adquirir a energia alternativa

CIRILO JUNIOR
DO RIO

Mais cara entre as principais fontes alternativas, a energia solar começa a receber incentivos no país para que seu potencial finalmente possa ser tirado do papel.
A ideia é que o custo de geração a partir da luz do Sol siga o mesmo caminho da energia eólica. A geração com a força dos ventos parecia, a exemplo da energia solar, a velha promessa que nunca vingava. O governo passou, então, a fazer leilões, criando demanda e baixando o custo.
O primeiro movimento para tentar baixar o custo da energia solar vem do Ceará, que detém o maior parque de geração eólica do país. O governo local criou um fundo de incentivo à energia solar. Ele consiste em garantir a compra da energia e criar demanda para que produtores de equipamentos se instalem na região.
O governo garantirá, por meio do mercado livre, a compra da energia solar pelo período de um a dois anos.
A energia comprada será direcionada para prédios públicos. As indústrias serão incentivadas, com entrega de selos de sustentabilidade a quem adquirir energia gerada a partir da luz do Sol.
O governo cearense estuda ainda conceder incentivos fiscais a quem adquirir essa energia alternativa. Atualmente, o custo de 1 MWh (megawatt-hora) de energia solar é estimado entre R$ 400 e R$ 600.
Gerar a partir dos ventos tinha custo parecido, mas, atualmente, só perde para as usinas hidrelétricas. O custo médio do MWh no leilão realizado na semana passada ficou em torno dos R$ 99.

"A energia eólica parecia inconcebível. Hoje é realidade", diz Zuza de Oliveira, diretor da Adece (Agência de Desenvolvimento do Ceará).
Apenas neste mês, o Brasil passou a ter sua primeira usina a produzir em escala comercial. Com 1 MW de capacidade instalada, a usina solar de Tauá, instalada na cidade cearense homônima, foi construída pela MPX, do grupo EBX, de Eike Batista.
A companhia já tem autorização para quintuplicar a produção da usina. "Acreditamos no potencial da energia solar e achamos que ela pode ter grande aproveitamento, à medida que os custos caírem", diz Eduardo Karrer, presidente da MPX. 

Guarani vai inaugurar destilaria de etanol em Colina-SP


RIBEIRÃO PRETO, SP - A Guarani S.A. vai inaugurar, na manhã de sexta-feira, a destilaria de etanol da unidade São José, em Colina (SP). Foram investidos R$ 29,6 milhões na construção da destilaria anexa à fábrica de açúcar já existente na planta industrial. Na cerimônia de inauguração estão previstas as presenças do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, e do governador paulista Geraldo Alckmin.

A unidade faz parte de um pacote de investimentos de R$ 764,4 milhões, anunciado este ano pela Guarani, que inclui o aumento da produção de cana-de-açúcar e de energia elétrica. Além do investimento, com suporte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a companhia recebeu um aporte de R$ 195,4 milhões da Petrobras Biocombustível, que ampliou de 26,5% para 31,4% a participação na empresa.

BNDES e Finep selecionam 39 sucroalcooleiras para programa


Programa conta com R$ 1 bilhão para ser aplicado até 2014 em projetos que visem ao desenvolvimento, à produção e à comercialização de novas tecnologias para o setor

22 de agosto de 2011 | 16h 54

Mônica Ciarelli, da Agência Estado
RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) informaram nesta segunda-feira, 22, ter selecionado 39 empresas do setor sucroalcooleiro para participar da segunda etapa do Plano Conjunto de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico (PAISS).
O programa conta com R$ 1 bilhão para ser aplicado entre 2011 e 2014 no fomento de projetos que visem ao desenvolvimento, à produção e à comercialização de novas tecnologias industriais destinadas ao processamento da biomassa proveniente da cana-de-açúcar.
Segundo o banco, 57 empresas manifestaram interesse em participar das linhas temáticas contempladas pelo PAISS. Nesta segunda etapa, as companhias deverão enviar planos de negócio para análise conjunta das duas instituições. O prazo para encaminhar os planos de negócios termina no dia 14 de outubro para as empresas selecionadas nas linhas temáticas referentes aos novos produtos de cana-de-açúcar e gaseficação de biomassa de cana e dia 18 de novembro para as companhias selecionadas na linha temática referente a bioetanol de 2ª geração. 

Geração de energia eólica deve crescer sete vezes até 2014 no Brasil


SÃO PAULO - A geração de energia elétrica por usinas eólicas deve aumentar sete vezes no país até 2014, disse hoje o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim.

De acordo com ele, nos próximos três anos, a capacidade de geração de energia eólica passará dos atuais 1 gigawatt (GW) para 7 GW.
Tolmasquim participou hoje, em São Paulo, de um debate sobre o setor elétrico e as hidrelétricas brasileiras. Ele destacou a importância dos investimentos em usinas elétricas movidas a vento, principalmente no Nordeste.
Segundo o presidente da EPE, a crise econômica na Europa acabou incentivando que empresas estrangeiras se instalassem no país para aproveitar o seu crescimento.
“A crise na Europa paralisou o projetos por lá”, assinalou Tolmasquim. “Na China, só entram empresas que produzem equipamentos na China. As empresas estrangeiras se focaram no Brasil.”
Segundo Tolmasquim, quatro companhias fabricam usinas eólicas no Brasil atualmente. Ele disse também que outras quatro empresas já anunciaram que vão se instalar no país.

ANP aumenta exigências para usina de álcool


A Agência Nacional de Petróleo (ANP) divulgou ontem o texto da minuta da resolução que estabelece a regulamentação da produção de etanol no país. Resultado da consulta pública realizada nos últimos meses, a minuta estabelece que para construir, ampliar capacidade, modificar e operar planta de etanol, as empresas devem solicitar autorização prévia da agência. A ANP terá até 60 dias, contados a partir da data do protocolo de toda documentação na ANP, para analisar o pedido de autorização para construção.
Após a conclusão das obras, a empresa deve solicitar à agência nova autorização, mas para operar a usina. Uma vistoria será feita pelo órgão que tem até 20 dias úteis para emitir um lado de vistoria e, se todas as exigências cumpridas, a autorização. Antes de a ANP assumir a regulamentação pela produção de etanol no país, conforme determinação do governo federal feita neste ano, as usinas precisavam apenas se cadastrarem no Ministério da Agricultura para começar a operar.
A minuta divulgada ontem pela agência também delega ao produtor de etanol a obrigatoriedade de ter espaço para armazenar um volume do biocombustível de, no mínimo, 120 dias de produção. Procurada, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) não comentou o assunto.
Outras resoluções regulamentando o segmento devem ser objetos de minuta da ANP. Entre os principais pontos está a resolução sobre os contratos de etanol anidro (que é misturado à gasolina) entre distribuidoras e usinas. O objetivo da agência é que as duas partes estabeleçam contratos de longo prazo. (FB)

Em alta em plena safra, etanol pode subir ainda mais

Mendes Vaz, do Sindicom: situação pede avaliação sobre mistura na gasolina


Diante dos sinais de que a safra de cana-de-açúcar do Centro-Sul do país poderá cair abaixo de 500 milhões de toneladas, o mercado começou a corrigir para cima suas projeções para os preços domésticos do etanol, que nas usinas de São Paulo já estão 44% mais altos do que em igual período de 2010.
Somente na semana passada, tanto as cotações do etanol anidro (misturado à gasolina) quanto as do hidratado (usado diretamente nos tanques) subiram 4,9% nas usinas paulistas, conforme os respectivos indicadores do Cepea/Esalq.
Segundo Alísio Mendes Vaz, presidente executivo do Sindicato Nacional dos Distribuidores de Combustíveis (Sindicom), a situação obriga a uma nova avaliação sobre uma eventual mudança no percentual de mistura do anidro na gasolina, atualmente em 25%. Ele afirma que o grupo de monitoramento dos estoques de etanol integrado por representantes dos segmento de distribuição e produção de etanol, além do governo, vai discutir o assunto agora em setembro.
Na média do Estado de São Paulo, maior centro consumidor de combustíveis do país, o litro do etanol nos postos ainda está vantajoso em relação à gasolina. Equivale, em média, a 67,5% do preço do combustível fóssil, quando o "limite" é 70% A viabilidade se estende aos Estados de Goiás e Mato Grosso, com uma relação de 64,4% e 61,9%, respectivamente, segundo levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP) referente à semana encerrada na última sexta-feira.
http://www.valor.com.br/sites/default/files/crop/imagecache/media_library_small_horizontal/0/14/556/364/sites/default/files/gn/11/08/arte23agr-202-etanol-b14.jpg
No entanto, diz Vaz, é provável que nos próximos dias distribuidoras e postos de combustíveis comecem a repassar essa alta recente dos preços do etanol ocorrida nas usinas nas últimas semanas. Ontem, o indicador Cepea/Esalq para o hidratado posto em Paulínia (SP) registrou alta de 0,75%, com o metro cúbico a R$ 1.284,50. Em agosto, o indicador acumula valorização de 8,67%.
Esse repasse é necessário para frear o consumo, que reagiu para cima em agosto. Ainda sem estatísticas oficiais, o Sindicom estima que as vendas semanais de etanol neste mês superaram em 10% a comercialização semanal registrada em julho. "Houve um aquecimento da demanda que deve ser estancada com o repasse de preços da usina para o consumidor", diz Vaz.
Assim, a tendência é que o etanol perca vantagem em relação à gasolina também no Estado de São Paulo. O presidente da maior comercializadora de etanol do país, a SCA Trading, Martinho Seiiti Ono, acredita que haja espaço para aumento nos preços nas bombas de até R$ 0,10 por litro. Se isso ocorrer, diz Seiiti Ono, há grandes chances de haver queda abrupta do consumo, sobretudo no Estado de São Paulo. A situação pode redundar até em nova queda dos preços do etanol na usina. As recentes altas, segundo ele, foram "precipitadas", uma vez que neste momento as usinas do Centro-Sul encontram-se na entressafra da cana.
Miriam Bacchi, a pesquisadora do Cepea e professora da Esalq, nota que, apesar de o preço do etanol hidratado no Estado de São Paulo estar próximo do limite competitivo de 70% do preço da gasolina, há várias razões que fazem com que o consumidor não adote de forma linear essa referência e não deixe o etanol de lado. "Alguns não fazem conta. Outros, têm veículos cujo rendimento do etanol é superior a 70% do rendimento da gasolina e chega a 75% ou 78%. Há aqueles, ainda, que estão conscientizados dos benefícios do etanol ao meio ambiente", resume a pesquisadora.
Para Tarcilo Rodrigues, diretor da comercializadora Bioagência, há poucas chances de os preços do etanol voltarem a recuar. "O movimento daqui em diante é de estabilização ou alta. É muito improvável que haja queda", diz.
Por enquanto, Rodrigues não identificou alteração na demanda por importação de etanol dos Estados Unidos. Desde abril até agora, segundo levantamento da Bioagência, 190 milhões de litros do biocombustível foram importados e entraram no país. Até março do ano que vem já estão contratados mais 600 milhões de litros do mercado externo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Petrobras e São Martinho investem em joint venture


A unidade deverá produzir 8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar a partir da safra de 2014/2015
Nova Fronteira, joint venture entre o Grupo São Martinho e a Petrobras Biocombustível, anuncia investimentos de R$ 520,7 milhões na ampliação da capacidade de moagem da Usina Boa Vista.
A unidade deverá produzir 8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar a partir da safra de 2014/2015.
O principal objetivo é atender a demanda de etanol já presente e não suficientemente atendida no momento. A demanda nacional hoje é de 32 bilhões de litros por ano.
"Queremos ajudar na troca de agenda", afirmou Miguel Rossetto, presidente da Petrobras Biocombustível. "Queremos colaborar na troca da agenda de crise da oferta pela agenda de fornecimento dela."
Desse total, R$ 430,5 milhões serão direcionados para aquisição de equipamentos industriais e outros R$ 90,2 milhões em aparelhagem agrícola. Com a expansão, 70% do total da produção da unidade terá origem na cana-de-açúcar nacional.
O maior montante deverá vir na safra de 2013/2014, quando serão investidos R$ 326,1 milhões para um salto de 100% na capacidade de moagem.
A safra 2010/2011 de cana-de-açúcar, classificada como muito ruim pelo executivo da Petrobras, deverá resultar em uma importação de 1,5 bilhão de litros de etanol.
"Uma questão estrutural como a desse ano não faz parte dos nossos cenários", avalia Fábio Venturelli, presidente da Nova Fronteira Bioenergia. Para ele, não é possível definir quando a oferta acompanhará a demanda.
Venturelli não espera nova alta no preço do açúcar. "O preço chegou onde podia chegar."
A produção da Nova Fronteira pode chegar a 700 mil litros de etanol por ano, no entanto, o presidente da empresa não pretende ampliar a exportação de combustível. "Nossa exportação é desprezível. Se formos exportar será o etanol fino, para bebida."
Segundo Venturelli, o açúcar foi a commodity menos impactada pela crise recente em termos de preço.

Petrobrás e MPX vencem leilão de energia


As duas companhias foram as únicas a terem seus projetos de usinas termoelétricas a gás natural contratadas na íntegra

Marcado por polêmicas desde que foi anunciado, o leilão A-3 (que prevê a contratação de energia a ser ofertada daqui a três anos) terminou ontem com a Petrobrás e a MPX como grandes vencedoras. Por serem produtoras de gás natural, as duas companhias conseguiram ser as únicas a terem seus projetos de usinas térmicas a gás natural contratados na íntegra. O leilão movimentou R$ 29 bilhões. Do total, R$ 6,5 bilhões são a parte da MPX.
A Petrobrás ainda levou vantagem por ter obtido o maior preço do leilão, a R$ 104,75 o MWh. O preço da MPX ficou em 101,90, ante o valor teto inicial de R$ 139 por MWh. Os 50 projetos leiloados preveem investimentos de R$ 8 bilhões, sendo R$ 1,1 bilhão da MPX. A Petrobrás não divulgou a parte dela em investimentos e o valor total do contrato.
Para o presidente da MPX, Eduardo Karrer, o leilão A-3 deixou claro que "no futuro só terá espaço na disputa para ofertar energia térmica a gás quem tiver acesso ao próprio combustível".
"Foi um leilão extremamente competitivo, e só ficou mesmo até o fim quem tinha projetos diferenciados e acesso direto a matéria-prima", disse Karrer. Para ele, o preço final da energia ofertada pela MPX, de R$ 101,90, foi "adequado para manter a rentabilidade do projeto".
No total, o leilão negociou 2,7 mil MW, dos quais 1,068 mil em projetos de geração eólica, 1,029 mil nas usinas a gás e 198 MW em usinas de biomassa. O deságio médio para a energia dessas fontes foi de 26%. No mesmo leilão também foi contratada sem deságio a expansão de 450 MW da usina hidrelétrica de Jirau, no Complexo do Rio Madeira.
Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, o "leilão foi muito equilibrado". "Existia uma dúvida se haveria uma fonte que dominaria tudo. E não houve isso. Houve uma distribuição entre a fontes. Gás e eólica repartiram mercado, uma com 39% e outra com 38% da capacidade instalada, houve empate entre as duas fontes."
Tolmasquim minimizou a polêmica envolvendo a participação de autoprodutoras de gás (MPX e Petrobrás), que teriam afastado outros investidores. "O que importa para o consumidor é que a energia gerada seja a mais barata. Onde está sendo comprado o gás, do ponto de vista do consumidor, não interessa."
Já o Ministério de Minas e Energia estuda a possibilidade de tomar medidas em relação às exigências de inflexibilidade em um próximo leilão de térmicas a gás natural para evitar novas polêmicas. Inflexibilidade se refere a quanto uma térmica se propõe a gerar ao longo do ano, fator que determina qual será o gasto com a compra de gás.
Como fornecedora, a Petrobrás exigiu que as usinas que compraram seu gás se comprometessem a gerar 30% ao ano no mínimo, pagando o correspondente ao volume, independentemente de serem acionadas pelo Operador Nacional do Sistema.
Na competição, no entanto, entrou com sua térmica Paracambi, no Rio, propondo inflexibilidade zero. A Secretaria de Defesa Econômica (SDE) decide nos próximos dias se vai ou não instaurar processo administrativo para avaliar a falta de isonomia na concorrência. 

Arauco prevê aumentar produção de celulose em 30% em 2011


SANTIAGO - A chilena Arauco, uma das maiores produtoras mundiais de celulose, disse nesta quarta-feira que espera que a sua produção cresça cerca de 30 por cento em 2011 em relação ao ano passado e que está olhando a possibilidade de expandir sua capacidade de produção no futuro.

A Arauco, unidade de celulose do conglomerado industrial chileno Copec, prevê que irá produzir 3 milhões de toneladas de celulose neste ano, contra 2,3 milhões de toneladas produzidas no ano passado.
"Estamos em processo de estudos... um projeto para modernizar e expandir a Arauco", disse o diretor corporativo da Arauco, Franco Bozzalla, aos repórteres nesta quarta-feira.
"Nós ainda estamos na fase preliminar", afirmou ele, acrescentando que detalhes adicionais podem estar disponíveis em abril.
A produtora de celulose, cujas unidades incluem cinco fábricas no Chile e uma na Argentina, também possui operações no Brasil e no Uruguai.
A Arauco e a sueco-finlandesa Stora Enso planejam investir 1,9 bilhão de dólares na criação de uma unidade produtora de 1,3 milhão de toneladas de celulose por ano no Uruguai, no maior investimento da história daquele país.
A fábrica já está em fase de construção e deve iniciar as operações no primeiro trimestre de 2013.
(Texto de Simon Gardner e Alexandra Ulmer) 

EUA querem parceria com Brasil para criar mercado global de etanol



Daniel Poneman: "Podemos encontrar mais mercados no mundo para o etanol e expandir a demanda"
Os Estados Unidos querem acelerar projetos de cooperação com o Brasil na área de biocombustíveis para explorar terceiros mercados e criar um mercado global de etanol. Apesar da recente crise de oferta no Brasil e das incertezas que ainda cercam a manutenção dos subsídios nos EUA, o governo americano buscará a transformação do etanol em commodity, assegura Daniel Poneman, número 2 do Departamento de Energia.
"É nosso objetivo ver a sua 'commoditização'. Podemos encontrar mais mercados no mundo e expandir a demanda", disse o secretário-adjunto de Energia, após reuniões com autoridades brasileiras, que encerraram visita de três dias ao país.
Poneman e o secretário-executivo de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, lançaram um Diálogo Estratégico de Energia que engloba quatro áreas: biocombustíveis e energias renováveis; petróleo e gás natural; eficiência energética; e energia nuclear. Esse mecanismo aprofunda o memorando de entendimentos na área de etanol, assinado em 2007, que previa cooperação em pesquisa, padronização do produto e desenvolvimento de produção em terceiros mercados. Os presidentes Barack Obama e Dilma Rousseff, no encontro que tiveram em março, prometeram dar novo impulso ao acordo.
Poneman diz que os dois países devem expandir, para outros países, a cooperação que já têm para desenvolver a produção de etanol na América Central e no Caribe. Também pediu ênfase na definição de padrões e normas técnicas. Sem isso, acredita, será difícil colocar biocombustíveis no mercado internacional. "Uma das questões importantes que devemos levar em conta é estabelecer normas e padrões para que, por exemplo, veículos flex fuel possam aceitar diferentes biocombustíveis", diz.
Para ele, dificuldades momentâneas em suprir a demanda - como a recente crise de oferta na entressafra brasileira - não devem ser vistas como impedimento para transformar o etanol em commodity negociada internacionalmente. Poneman destaca a importância de desenvolver formas mais competitivas de produção, especialmente com a nova geração de etanol, e estimular novas demandas, como a aplicação de biocombustíveis na aviação, alvo de parceria entre Embraer e Boeing.
De acordo com ele, os EUA acabaram de entrar na segunda rodada de aumento dos padrões de eficiência exigidos da indústria de veículos, que elevarão o gasto de combustível para cerca de 23 quilômetros por litro até 2025. Isso também pode gerar demanda adicional para biocombustíveis que possam ser misturados à gasolina.
Nesta semana, Obama anunciou a distribuição de subsídios no valor de US$ 510 milhões para estimular a produção de biocombustíveis que não sejam processados a partir do milho. Os recursos cobrirão os custos de construção e readequação de refinarias para os chamados biocombustíveis avançados, produzidos a partir de resíduos de animais, algas e outros materiais. O produto resultante poderá ser usado em aeronaves, navios e outros equipamentos.
Para Poneman, o Brasil será um "grande fornecedor" de petróleo dos EUA, com o desenvolvimento do pré-sal. Ele garante que as regras do setor agradam às petrolíferas americanas. "As empresas estão muito entusiasmadas com as oportunidades que veem aqui."

Petrobras e São Martinho abrem novo ciclo do etanol


Agroenergia: Empresas constroem maior planta de etanol do mundo


Estímulos à vista: Venturelli (esq.) e Rossetto apresentam projeto que vem com a promessa de ser o primeiro de um novo ciclo de novas usinas de etanol
Em linha com a estratégia do governo de ampliar a oferta de etanol no país, a Petrobras Biocombustíveis (PBio) anunciou ontem com o grupo paulista São Martinho, seu parceiro em projetos de bioenergia no Centro-Oeste, que investirá R$ 520,7 milhões para transformar uma usina de Goiás na maior produtora de etanol de cana-de-açúcar do mundo. Além da dimensão inédita, o projeto também tem a ambição de ser o primeiro de um novo ciclo de investimentos em usinas alcooleiras no país. Com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros estímulos oficiais ainda em fase de definição, a expectativa é que esse novo ciclo de fato ganhe força no curto prazo.
Pertencente à Nova Fronteira Bioenergia, joint venture criada em 2010 pelas duas companhias, a usina que será ampliada é a Boa Vista, localizada no município de Quirinópolis. A atual capacidade de moagem de cana da unidade é de 3 milhões de toneladas por safra - no ciclo atual (2011/12) serão processadas 2,3 milhões -, mas a partir dos aportes previstos deverá atingir 8 milhões de toneladas em 2014/15, destinadas exclusivamente à produção de etanol.
A pedra fundamental será lançada em setembro. A expectativa é que a Boa Vista seja a primeira indústria de etanol a receber do BNDES condições de financiamento ainda não disponíveis pelo segmento no país. "Vamos iniciar uma agenda específica com o banco para definir recursos e modelo do financiamento", afirma Fábio Venturelli, presidente da Nova Fronteira. O executivo reitera que a empresa não tem nada acertado com o BNDES até o momento.

O presidente da PBio, Miguel Rossetto, evita entrar na seara política quando é questionado sobre quais estímulos governamentais estão à caminho. Mas afirma que o anúncio da Boa Vista deixa evidente a confiança de que o etanol está na agenda definitiva do governo. "Nossa expectativa é de que a política pública que virá trará estímulo para que a oferta do biocombustível cresça substancialmente". A Boa Vista conta com incentivo fiscal de ICMS do governo de Goiás no valor total de R$ 3 bilhões.
Do previsto investimento de R$ 520 milhões (indústria e mecanização), R$ 400 milhões (76,9%) deverão ser financiados, basicamente pelo BNDES. Segundo Venturelli, que também é CEO da São Martinho, o restante (cerca de R$ 120 milhões) virá de capital próprio
"Esse dinheiro já está em caixa", afirma Rossetto. Até agora, a PBio já investiu na Nova Fronteira cerca de R$ 250 milhões. Até o fim do ano, aportará mais R$ 170 milhões para completar os R$ 420,8 milhões acordados no acordo que prevê que a estatal assuma 49% da joint venture.
Na última semana, a estatal divulgou que investirá entre 2011 e 2015 US$ 1,9 bilhão para crescer na produção do biocombustível, dos quais 70% em novas usinas. Rossetto deixa claro que "a maior parte" da expansão esperada - dos atuais 1,5 bilhão de litros de etanol para 5,6 bilhões de litros em quatro anos - virá da região Centro-Oeste, via Nova Fronteira.
Somente na Boa Vista, a produção de etanol crescerá de 210 milhões de litros neste ciclo para 700 milhões de litros em 2014, distribuídos igualmente entre anidro e hidratado. A cogeração de energia, atualmente em 220 mil Megawatt-hora (MWh), avançará para 600 mil MWh.
Além da Boa Vista, já em operação, a joint venture tem planos de construir outra indústria de etanol, mas em Bom Jesus de Goiás, vizinha à Quirinópolis, região que já está no trajeto do etanolduto e da infraestrutura multimodal (ferrovia e hidrovia) desenhada pela Logum, empresa de logística para biocombustíveis da qual a Petrobras tem 20% de participação. Segundo Rossetto, o projeto de Bom Jesus de Goiás pode, sim, participar do cronograma de investimentos 2011-2015 da estatal.
O projeto da Boa Vista, explica Venturelli, vem sendo classificado como "usina nova", pois o crescimento de 3 milhões para 8 milhões de toneladas não pode ser caracterizado como simples aumento de capacidade já existente. Mas, ainda assim, os investimentos, garante o executivo, serão bem menores do que o de uma usina nova e devem ficar próximos de US$ 70 por tonelada de capacidade de moagem instalada.
O aporte divulgado ontem não inclui a produção da cana-de-açúcar adicional que será moída na Boa Vista. O montante da parte agrícola ainda não foi dimensionado, porque se buscará parceria no fornecimento de cana com produtores de Goiás, diz o executivo.
Até agora, 100% dos 2,350 milhões de toneladas da matéria-prima processada em Quirinópolis são de cana própria da Nova Fronteira, que ontem também lançou sua nova marca. "Nosso plano agora é atingir 8 milhões de toneladas com equação final de 30% a 40% da cana sendo fornecida por produtores parceiros", afirma Venturelli.

A maior usina de etanol do mundo em GO


No que a Petrobras Biocombustíveis espera que seja o primeiro projeto de um novo ciclo de investimentos na produção de etanol no país, a empresa e o grupo São Martinho anunciaram que estão aplicando R$ 520 milhões para transformar a usina Boa Vista, em Quirinópolis (GO), na maior fábrica de álcool de cana-de-açúcar do mundo. A unidade pertence à Nova Fronteira Bioenergia, joint venture entre as duas empresas.

O investimento segue a estratégia da Petrobras de dar prioridade a projetos que se traduzam em novas linhas de produção de etanol e não só à compra de empresas. A estatal divulgou que investirá US$ 1,9 bilhão em etanol até 2015, dos quais 70% em novas usinas. Espera-se que a Boa Vista seja a primeira usina a receber crédito do BNDES em condições inéditas.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Turbinada por efeito da Raízen, Cosan lucra R$ 2,29 bi


Além dos melhores preços de açúcar e etanol, ênfase para a alta de 80% nas vendas de etanol, atingindo R$ 643 milhões


A Cosan divulgou nesta terça-feira (16/8) um lucro líquido de R$ 2,29 bilhões no primeiro trimestre fiscal de 2012 – abril, maio e junho –, em reflexo da formação da Raízen.
O reconhecimento no balanço dos ativos e passivos, mais investimentos, contribuídos pela Cosan na Raízen permitiu à empresa apurar como receita o ágio na formação da joint venture. Isso contribuiu com R$ 2,2 bilhões para o lucro do trimestre.
Sem o ganho não recorrente, o lucro líquido teria sido R$ 167,5 milhões, ainda acima do resultado no anterior (R$ 400 mil).
Com a Raízen, fruto da fusão dos principais negócios do grupo sucroalcooleiro Cosan e da Shell no Brasil, a receita líquida da empresa passou de R$ 3,99 bilhões no ano anterior para R$ 5,188 bilhões.
Somente o segmento de açúcar e álcool, que passa a se chamar Raízen Energia, apurou receita líquida de R$ 1,63 bilhão, um avanço de 28,6% em relação ao mesmo período no ano passado.
Além dos melhores preços de açúcar e etanol, ênfase para a alta de 80% nas vendas de etanol, atingindo R$ 643 milhões.
No primeiro trimestre fiscal da Cosan, a geração operacional de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 3,75 bilhões, ante R$ 475 milhões em igual intervalo em 2010.
Sem o efeito da Raízen, o Ebtida no trimestre alcançou R$ 27 milhões - redução de 44%.
Com a operação unificada Raízen, a dívida líquida da empresa diminuiu em 47%, terminando o trimestre em R$ 2,74 bilhões.

Gabrielli: meta de ampliar participação em etanol é real


SÃO PAULO - O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, mandou hoje um recado aos fabricantes de etanol no Brasil. Questionado sobre o segmento, Gabrielli destacou que a estatal vai construir usinas e que a meta de ampliar a participação no mercado de etanol dos atuais 5,3% para 12% nos próximos cinco anos é real. "Quando a Petrobras decide fazer alguma coisa, ela faz", afirmou. O executivo destacou ainda que o setor de etanol "deve ser" muito atrativo, já que os usineiros o dominam há quatro séculos.

Perguntado sobre o preço da gasolina, Gabrielli voltou a dizer que o valor cobrado pela Petrobras é de R$ 1,05 por litro. A diferença para o valor pago pelos consumidores nos postos de combustíveis é resultado da incidência de impostos e das margens cobradas ao longo da cadeia, justificou ele durante o seminário Os novos desafios do pré-sal, realizado hoje pelo Grupo Estado.

Para EPE, preferência por fonte de energia prejudica competitividade



Maurício Tolmasquim: "Quando não há preferência por fonte, o mais razoável para o consumidor é que seja a fonte mais barata"
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, disse ontem que não vê razão para garantir cotas para o financiamento de certas fontes de produção para os leilões de compra de energia elétrica de novos empreendimentos (A-3) e de contratação de energia de reserva (leilão de reserva), que serão realizados nos dias 17 e 18. Ele rebateu críticas de alguns empresários, que reclamam da permissão para que todas as fontes (hídrica, eólica, biomassa e gás natural) participem do leilão A-3.
"Todo mundo está reclamando porque ninguém quer competição", disse no painel "Matriz Energética e Competitividade", no 12º Encontro Internacional de Energia, em São Paulo. A EPE habilitou 321 empreendimentos para os leilões. Juntos, somam capacidade instalada de 14.083 megawatts.
"Quando você não tem nenhuma preferência por fonte, o mais razoável para o consumidor é que seja a fonte mais barata. Sem nenhuma razão específica, acho melhor que haja competição entre todas as fontes e deixo o preço revelar quem é mais competitivo", disse Tolmasquim, em resposta a uma pergunta da plateia. Segundo ele, o fato de todas as fontes estarem participando do leilão de curto prazo não significa que nos próximos não possa haver a criação de cotas. "É lógico que quando isso acontecer a reclamação vai ser de que a cota de uma fonte foi maior que a da outra. Ai vai mudar a discussão: por que diacho o governo não deixa todas as fontes competirem entre si livremente? Por que o governo vai intervir no mercado?"
Durante sua apresentação, na qual apontou as perspectivas da EPE para a matriz energética brasileira até 2020, Tolmasquim citou que havia 582 projetos cadastrados para participar do A-3, e que, após análise da estatal, coincidentemente, foram mantidas as mesmas proporções de tipos de fontes inicialmente interessadas. "Foram eliminadas proporcionalmente empreendimentos de cada fonte, não houve fonte mais habilitada."
As usinas eólicas puxam a fila das habilitações, com 240 parques autorizados a participar dos leilões, totalizando 6.052 MW. A seguir estão as termelétricas à biomassa, com 43 empreendimentos e 2.750 MW de potência, as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), com 27 projetos e 443 MW, as termelétricas a gás natural, com dez unidades habilitadas e 4.388 MW, e as hidrelétricas, com um projeto, para ampliar Jirau, com 450 MW.
Sobre a polêmica em torno da participação da Petrobras no leilão, tendo em vista que a estatal é detentora do gás natural - concorrentes alegam que ela poderia ter vantagem em relação a outros participantes -, Tomalsquim disse que não vê problemas, nos termos das regras do leilão.
Segundo o presidente da EPE, se o Brasil crescer a uma taxa de 5% ao ano será preciso instalar mais 61 mil megawatts na matriz energética brasileira, que atualmente conta com 115 mil MW. "Olhando assim, parece um baita desafio, mas não é tanto, porque desses 61 mil, 42 mil foram contratados e já estão em construção ou em vias de se iniciar", explicou. "O que não está equacionado são esses outros 19 mil megawatts, para os quais apontamos como prioridade fontes hidráulicas e alternativas", disse Tomalsquim, para quem o Brasil já é e continuará sendo exemplo mundial de matriz energética. "Se no mundo menos de 13% das fontes de energia são renováveis, no Brasil esse percentual é de 45% e deve se manter estável até 2020."
Tomalsquim disse que é preciso cuidado em se comparar o custo da energia industrial de outros países com o do Brasil em um cenário de câmbio valorizado. "Tenho visto se multiplicarem estudos por aí que convertem tudo para dólar e comparam: 'Olha, o Brasil é muito mais caro do que o outro. Quando há um real sobrevalorizado em 30%, no mínimo é preciso ter escrúpulo na conversão."

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Sem cana, usineiros podem antecipar o fim da safra


Sem cana, usineiros podem antecipar o fim da safra 

Canaviais velhos e fatores climáticos reduzem produtividade e fazem os preços subirem.


As usinas de etanol e açúcar instaladas na região Centro-Sul do país poderão antecipar para o mês de outubro o fim da safra de cana-de-açúcar. Normalmente, em um ano de períodos estáveis, isso aconteceria no mês de dezembro. Após três anos colecionando problemas (nas safras 2009/2010 e 2010/11 foram a seca e as chuvas intensas que atrapalharam, e na atual safra (2011/2012) é a falta de investimentos em novas áreas e canaviais velhos que atrapalharam a produção, além da ocorrência de geadas.

Agora, quase sem cana, é possível que os usineiros antecipem o fim da temporada, o que naturalmente elevará ainda mais os preços do etanol e do açúcar ao consumidor.

A União das Indústrias da Cana-de-açúcar (Unica) ameniza o fato, mas admite que as usinas terão que reavaliar individualmente as suas produções e cronogramas anuais."Pode ser que uma ou outra usina antecipe o final da safra devido à menor oferta de cana por área plantada neste ano", explica Sérgio Prado, da Unica. As usinas mais afetadas estão localizadas no estado de São Paulo, Minas Gerais e norte do Paraná.

Até o momento, apenas o grupo Batatais, com usinas em Batatais e Lins, na região de Araçatuba, ambas no interior de São Paulo, anunciou oficialmente a atencipação do fim da moagem em uma das unidades. Segundo Bernardo Biagi, diretor-presidente do grupo, em Lins a safra será paralisada em outubro. "Na região, tivemos uma seca severa e a geada atingiu muitos canaviais no final do mês de junho", explicou. A unidade Batatais, porém, continuará a safra até dezembro.

Na região de Piracicaba, os canaviais não devem render mais que 36 milhões de toneladas, segundo estimativas da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo, Coplacana. José Coral, presidente da entidade, trabalhava com a expectativa de colher 37 milhões de toneladas na região e, segundo ele, se este volume menor for confirmado, as usinas da região não terão cana-de-açúcar para moer a partir de outubro.

Em Minas Gerais, a usina Paraíso, do grupo Infinity Bioenergia, suspendeu suas atividades por falta de cana. A unidade mantinha canaviais plantados em cerca de 400 mil hectares. A cana ainda disponível nestes canaviais e aptas a serem colhidas, estão sendi vendidas para outras unidades instaladas na região. Nas outras unidades industrias do grupo, porém, as atividades continuam normalmente.

Os canaviais da região oeste paulista, onde está a Usina Lins, foram os mais afetados pelas fortes geadas do fim de junho. A União dos Produtores de Bioenergia (Udop) estima que pelo menos 70 usinas na região tiveram seus canaviais atingidos pelas geadas. O presidente da entidade, Celso Torquato Junqueira Franco, explica que a geada contribui ainda mais para a redução da produtividade da planta. Ele diz que muitas usinas da região estão revendo seus cronogramas para evitar prejuízos ainda maiores e é possível que a safra deste ano termine antes do previsto.

Sem ATR, a cana não vale


Na região Centro-Sul, que produz a maior parte da cana no Brasil, os canaviais já vinham perdendo produtividade porque estão velhos (a renovação dos canaviais deve ser feita a cada seis ou sete anos) e as intensas frentes frias que atingiram a área este ano também provocaram um grave problema: o florescimento da cana. O processo faz a planta brotar na parte superior e crescer acima do nível médio, roubando os nutrientes da parte que está embaixo e que é usada para fazer etanol e açúcar.

Para tentar evitar o problema, as usinas precisam colher a planta antes do período planejado, normalmente de 12 meses. Na usina, porém, esta cana não apresenta quantidades suficientes de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por hectare, perde preço (que é calculado a partir da quantidade de ATR/tonelada) e tem baixo rendimento.

Sem ajuda, o preço sobe

O governo federal anunciou, em junho, linhas de crédito especiais para o setor sucroenergético. O produtor de cana-de-açúcar, através do Plano Safra, poderá obter financiamentos de até R$ 1 milhão por ano para investir em novas áreas plantadas com cana. O resultado disso, porém, só surgirá no final de 2012, já que o canavial leva, em média, de oito a nove meses para começar produzir. "Já sinaliza ajuda, mas o governo ainda tem que definir melhor quais os planos que tem para o etanol", avalia Jacyr Costa, diretor-presidente da Usina Guarani, de Olímpia, interior de São Paulo.

Segundo Costa, a falta de políticas agrícolas bem direcionadas para o setor provocam a instabilidade, principalmente nos preços do etanol. "Não há apoio", reclama. "O Brasil é o único país do mundo que permite ao seu consumidor escolher qual combustível quer comprar. Isto, porém, é um mérito da iniciativa privada, dos usineiros. Está na hora de o governo apoiar o setor".

A maré de preços altos para o etanol ainda deve permanecer em todo o país durante três ou quatro anos, se houver investimentos e, como defendem os usineiros, apoio governamental (Globo Rural, 14/8/11)